quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Domingo de Páscoa taurino na Chamusca


O Domingo de Páscoa taurino na Chamusca serviu, acima de tudo, para uma primeira análise, da nóvel Empresa Arena Chamusquense, à resposta dos aficionados. Não sendo positiva, não se poderá considerar, tampouco, negativa.
Vamos por partes.
Um cartel, formado em Festival, pouco visto em outras praças, com nomes de pouca relevância, à excepção de Manuel Telles Bastos e Marcos Tenório, ambos com alternativas na primeira praça do País, televisionadas. As presenças de Francisco Cortes e de Filipe Gonçalves decerto não seriam motivos fortes para a presença de tão bom numero de aficionados. As pretensas evoluções dos praticantes Duarte Pinto e, do local e repetido, Tiago Lucas poderiam ser, eventualmente, motivos para que alguns espectadores pudessem estar presentes, na expectativa, nas bancadas da vetusta praça de toiros, no ano da comemoração dos seus noventa anos. De novo o confronto entre os dois grupos de forcados da terra, a comemorarem 35 e 25 anos de fundação, assim como a simpática integração no cartel dos forcados Académicos de Elvas, estes factores, sim, vincaram a decisão do maior numero de presenças de público e aficionados.
Bem.... mas, acima de tudo, digo eu como aficionado, para ver o comportamento dos novilhos dos Herdeiros de Cunhal Patricio.
Não chegou a meia casa. Menos de 1500 pessoas. Tarde soalheira, algo ventosa. Ambiente totalmente festivaleiro já que o público tudo aplaudiu, o de pouco bom e de muito mau, e até assobiou, e vaiou, o director de corrida por não conceder música durante a lide do praticante Tiago Lucas. Quanto a mim, esteve acertado na sua decisão.
O espectáculo, artisticamente foi pobre. Muito pobre ao que toureio a cavalo, propriamente dito, concerne.
Usou-se e abusou-se dos quiebros, de alguns momentos circenses como um cavalo deitado na arena, efectuando levadas, ferros colocados com as montadas atravessadas nas reuniões, ora pescados, ora dianteiros ou para além de metade dos novilhos (até ao rabo é toiro, ouvia-se dizer em tom jocoso), equívocos nos terrenos a lidar, mudanças constantes de montadas, quebras de ritmo nas actuações... enfim, um sem numero de situações que, embora em inicio de época e sendo um festival, não me pareceram atitudes correctas de quem quer singrar em tão dificil mundo dos toiros, particularmente, neste Portugal das toiradas. Neste deserto de mau toureio, houve um oásis. Manuel Telles Bastos, no seu estilo peculiar, clássico, montando de eleição, mesmo sem ter dado o melhor de si (já o vimos fazer bem melhor, tendo abusado da utilização das duas mãos nas rédeas) também não necessitou de apertar para marcar a diferença. Toureou, na verdadeira acepção da palavra. Bregou e preparou a contento, com conhecimentos dos terrenos, citou de frente e colocou os melhores ferros da tarde. Marcos Tenório destacou-se principalmente nos ferros compridos. Duarte Pinto acometido de uma gastoentrite viral não pôde dar o seu contributo, pelo que o novilho, que lhe coube em sorte, foi lidado a duo por Francisco Cortes e Filipe Gonçalves.
Os forcados Amadores da Chamusca concretizaram as duas pegas ao primeiro intento por João Neves e Mário Duarte. Pelo Grupo dos Amadores do Aposento da Chamusca foram caras João Vinagre à segunda tentativa e Tiago Laranjinha. Pelos Académicos de Elvas foram protagonistas Jorge Dias e Joaquim Guerra que apenas ás terceira e segunda reuniões alcançaram sucesso.
Os novilhos dde Herdeiros de Cunhal Patricio, cumpriram na generalidade, alguns desaproveitados, casos dos primeiro e segundo, e de boa presença para um festival.
Uma palavra de apreço pela apresentação do pessoal da praça (porteiros, moços de curros, areneiros, etc.) com imagem personificada da empresa. Por vezes basta um pequeno pormenor para mostar uma grande diferença.

Raul Caldeira

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