segunda-feira, 13 de abril de 2009

O forcado


Começo por dizer que fui, sou e serei forcado.

Ser forcado é mesmo uma atitude de vida, que tem naturalmente a sua expressão máxima na pega de toiros, mas que não se limita a esse acto. Só o pode compreender à plenitude, quem é forcado, os outros, melhor ou pior têm uma noção disso, mas sabê-lo de verdade, não o sabem.

Este fim-de-semana o que se passou em Évora foi uma vitória para a forcadagem, por várias razões:

1 - Mostrou-se a força dos forcados, que encheram por completo a praça de toiros de Évora, para uma iniciativa por si promovida e que tanto têm feito e contribuído, para o manter e renovar da aficcion em Portugal!

2 - Claramente a popularidade do forcado e os seus valores, valentia, frontalidade, coragem, amizade, etc., são reconhecidos e admirados pelo público e pelo aficionado em geral.

3 - Por saber que a nossa cultura ultrapassou fronteiras e que há noutros continentes sementes do que é a nossa arte, e que sementes! Quem viu a corrida que fechou com chave de ouro tão importante dia para o forcado, só pode orgulhar-se do aluno saber tanto como o mestre.

4 - Depois porquê dizer a forcadagem lusa? Para mim não há nacionalidade para o forcado, há grupos tudo bem, mas a nacionalidade é totalmente superada pelo espírito tão próprio e único desta ENORME classe da qual eu me sinto um privilegiado em fazer parte.

5 - Depois um forcado só pode e deve ter vergonha, quanto sabe e sente que não fez tudo o que podia, o que devia e o que sabia na cara de um toiro, aí tem que ter vergonha, de resto tem que dar garças a Deus de lhe ter permitido e dado faculdades de se por à frente de um toiro, tem que saber mesmo que às vezes custe, reconhecer o mérito dos outros, mas tem sempre que se congratular com o seu desempenho, quando esse desempenho for sério, tem que ser humilde o suficiente para reconhecer o mérito do outro.

6 - Gostava também de fazer aqui uma referência à corrida e dizer que a atitude do grupo de Alter do Chão, para mim foi louvável por duas razões específicas. Primeiro por terem aceite pegar a corrida não tendo sido os vencedores primeiros do torneio (situação previamente acordada caso o vencedor fosse o grupo açoreano), segundo por terem em praça mostrado o descontentamento por uma sua prestação e terem sido rigorosos em não ter querido aplausos (apesar do público o pedir) e dar volta à praça.

7 - Para o grupo de Mazátlan, quero aqui deixar um grande abraço e dar os meus públicos parabéns pela ALMA que em toda a sua presença, brilhou e fez brilhar a Arena de Évora.

8 - À organização os parabéns e que cada ano sirva para aprender, que 2009 faça um melhor 2010

O Forcado,
Paulo Pessoa de Carvalho

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