segunda-feira, 12 de abril de 2010

Faltaram os toiros na VI Corrida do Tomate em Salvaterra







- Praça de Toiros: Salvaterra de Magos
- Data: 11 de Abril de 2010, pelas 17h00
- Empresa: Toiros & Tauromaquia, Lda.
- Ganadaria: Ganadaria Espanhola Toros de la Plata
- Cavaleiros: António Ribeiro Telles e Ana Batista
- Cavaleiro Praticante: Tomás Pinto
- Grupo de Forcado: Forcados Amadores da Azambuja e de Salvaterra, capitaneados por Fernando Coração e Pedro Silva, respectivamente.
- Assistência: ¾ fortes de casa
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico sr. António Barrocal, assessorado pelo médico veterinário Dr. José Luís Cruz.


Corrida inaugural na praça de Salvaterra de Magos, apoiada pelas empresas agrícolas ligadas ao sector do tomate (o que acontece já pelo sexto ano consecutivo) e com apoio do Clube Taurino Salvaterrense. O cartel era apelativo e tinha como principal figura um maestro da arte do toureio a cavalo à portuguesa, que acabava de triunfar na primeira praça do país. Completavam a terna de cavaleiros Ana Batista (a comemorar 10 anos de alternativa e a “jogar em casa”) e o jovem cavaleiro praticante Tomás Pinto. Para as pegas, dois grupos em competição, sendo um o da terra. Estavam, pois, reunidas condições para uma boa entrada na praça ribatejana.

Os toiros – como vem sendo hábito neste início de temporada – vieram da ganadaria espanhola Toros de la Plata, todos marcados com o 5 na espádua e acusando na balança pesos que oscilaram entre os 530 e os 605 kg. Bem apresentados e com trapio, em termos de comportamento mostraram sentido próprio da idade e, no geral, foram mansos, sem excepção, distraídos e desinteressados, com muito pouca mobilidade, dificultando o labor de todos os intervenientes.

Abriu praça o maestro António Ribeiro Telles, que vinha de duas boas actuações (em Évora e no Campo Pequeno), e que iniciou a sua primeira lide com a colocação de dois compridos regulares. Sempre com muita ligação ao toiro (talvez o menos mau da corrida), fixando-o e tentando interessá-lo pela montada, escolhendo sempre os terrenos para cravar, deixou cinco ferros curtos de nota alta, antecedidos sempre de sábia brega e com remates a condizer. O seu segundo, quarto da ordem, saiu a acusar defeitos físicos que impediram a sua lide, sendo substituído pelo sobrero, um toiro da ganadaria de José Luís Pereda, que, embora mais colaborante e com mais mobilidade, denotou mansidão. O cavaleiro da Torrinha efectuou uma lide de menos a mais, terminando em grande, com um curto de antologia. Nos ferros compridos andou regular (falhando mesmo o toiro na tentativa de cravar o segundo) para, na ferragem curta, a lide ir subindo de tom à medida que foi entendendo o toiro e acertando as distâncias. Colocou cinco ferros, com grande destaque para o último, um ferro de raça, toreria e valor, depois de o director de corrida não querer autorizar a colocação de mais um ferro após o tempo de lide se ter esgotado.

Ana Batista não teve sorte no lote que lhe calhou em sorte e quase nada pôde fazer perante dois mansos perdidos, que se negavam a investir e aos quais pouco mais havia a fazer do que, a muito custo e em lides esforçadas, deixar a ferragem da ordem. Se no seu primeiro toiro as soluções passaram quase sempre por deixar ferros pelo corredor, para onde conseguia alguma acometida do manso, no seu segundo, encrençado nos médios de onde não saía, a solução foi deixar ferros a muito custo e com toques na montada.

Tomás Pinto esteve correcto e esforçado nas suas duas lides. No terceiro da ordem, o seu primeiro, optou por cravar com cites de praça a praça e partindo de encontro ao toiro que se encontrava em tábuas, para, nesses terrenos de compromisso, deixar alguns ferros de belo efeito. Dos cinco ferros curtos que colocou destacou-se o primeiro, deixado de alto a baixo e em reunião apertada. No que encerrou praça, o cavaleiro não conseguiu sobrepor-se ao manso que tinha pela frente e, depois de dois bons ferros compridos, com destaque para o segundo, não conseguiu, nos curtos cravar com correcção. Pecou pela colocação defeituosa no primeiro e sofreu um forte toque no terceiro, que podia ter outras consequências, não fosse a falta de investida do toiro.

Para os forcados a tarde também não foi nada fácil. Abriu praça o Grupo de Forcados Amadores da Azambuja por intermédio de David Mouchão, que, perante a arrancada pronta do toiro, embora a trote, reuniu bem e conseguiu uma pega sem grandes dificuldades, com o toiro a não se empregar e bem fechada pelo grupo. Para a cara do terceiro foi Ivan Batista, que, com o toiro a vir para ele a passo, a medir o forcado, não se conseguiu fechar no primeiro intento. À segunda tentativa, com o primeiro ajuda em cima, conseguiu reunir, mas saiu já no seio do grupo, que não esteve bem a ajudar. Consumou à terceira com o grupo a carregar e com ajudas extras. Para pegar o quinto da ordem, o pior toiro da corrida, foi escolhido André Miranda, que esteve correcto no cite mas que, perante a arrancada a passo por parte do toiro, não se fechou bem, sendo despedido por um violento derrote que o deixou lesionado. Foi substituído por Eurico Lourenço que efectuou mais três tentativas sem êxito. Sairam os cabrestos para a tentativa de cernelha que, após longos minutos (com a permissão da direcção de corrida), foi consumada de forma algo ortodoxa e no que não podemos considerar uma pega de cernelha.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Salvaterra saiu para pegar o segundo da ordem e primeiro do seu lote o forcado Joaquim Consolado que, perante uma arrancada com pata do toiro, após aviso de tábuas, conseguiu uma boa pega, com o grupo a ajudar bem e a mostrar coesão nas ajudas. Marco Guilherme citou com calma, para a pega do quarto da ordem, fixando-o, mandou vir e recebeu e reuniu muito bem, consumando uma muito boa pega, bem ajudado pelo grupo, que, mais uma vez, mostrou coesão. Para encerrar a corrida foi escolhido Manuel Oliveira, que, após duas tentativas em que não aguentou os derrotes do toiro e em que o grupo não esteve lesto a ajudar, consumou à terceira com ajudas carregadas e sem brilho.


O Mais e o Menos
+ O terceiro ferro curto da 2ª lide de António Ribeiro Telles
- A duração do espectáculo (mais de 3 horas)
- A condescendência do Director de corrida na realização da pega ao 5º toiro da ordem, a contrastar com a exigência e rigor a mais na 2ª lide de António Telles
- O comportamento dos toiros

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