Já vamos a meio de Janeiro de 2010; das Américas chegam-nos ecos de triunfos que nos alimentam e saciam a sede de “toiros”, por cá Atarfe já iniciou à uma semana com presenças Portuguesas: Quase pleno da forcadagem (não fosse a falta de ajudas na terceira pega) e uma orelha de Rui Guerra. Quanto a mim este deveria ter sido o vencedor; era o mais jovem de todos, leva a “coisa” a sério, mostrou maneiras, acertado na colocação da ferragem, mas teve azar com o primeiro toiro, matou de forma espectacular o último ao qual cortou uma orelha. Estou convencido que para a final iria mais confiante e menos nervoso, tinha condições e ambição para seguir em frente, mas o júri; constituído na totalidade por pessoas ligadas ao mundo do cavalo decerto levaram em conta os excessivos toques que Rui consentiu nas montadas.
Os cartéis de Mourão já estão por ai, anunciam-se os primeiros festivais, Olivença já se sabe que vai ser em grande com José Tomás mais todo um catálogo de figuras.
Novas corridas estão a surgir cada vez mais cedo, com a comodidade das praças cobertas, pese embora todas as outras condicionantes, por exemplo os seis graus negativos em Atarfe.
Colóquios, entregas de prémios, confraternizações e jantares de forcados e de aficionados, anúncio de projectos futuros, trocas de apoderados, tudo serve para manter a chama da aficcion acesa.
De uma forma geral a apreciação que faço de forma bastante optimista é que a festa brava está bem e recomenda-se.
No entanto vislumbro algo que me atormenta; a investida na Catalunha contra a festa dos toiros. Já conseguiram que vá a discussão no parlamento, logo podem conseguir a sua proibição; pessoalmente não acredito, mas na realidade é algo absolutamente possível e concretizável (os políticos tudo conseguem principalmente se for a seu belo favor); agora parece que já se está a estender á Galiza e qualquer dia, como vírus não tem fronteiras está neste deficientemente imunizado Portugal.
Preocupa-me; e quem está atento ás noticias que saiem em Espanha sobre o caso facilmente percebe que estas investidas dos anti vêm de organizações habilmente estruturadas, tanto humana mas sobretudo economicamente, pois a economia é pura e simplesmente o seu fim último, e não a defesa dos animais como tanto apregoam.
Na Catalunha são lidados por ano cerca de cem toiros, ao passo que são abandonados todos os anos cerca de setenta mil animais, e atropelados cerca de quinze mil; que fazem essas instituições para inverter estes degradantes números?, estes sim verdadeiramente preocupantes e não o numero insignificante de toiros lidado.
Nós aficionados não temos estas estruturas, nem queremos ter, sobretudo por uma razão muito simples: O toureio no geral e o aficionado em particular deve partir sempre de duas palavras chave para iniciar qualquer relacionamento e razão pelo Toureio, são elas: Paixão e Arte. Se meditarem bem, estas duas palavras englobam todas as definições e justificações que nos levam a ser aficionados, e ao mesmo tempo todos os argumentos e razões válidas que impedem alguém de nos proibir de o ser; pois pergunto se alguém tem o direito de proibir outro de se apaixonar ou de desfrutar de qualquer expressão artística seja ela qual for?
O ensaísta Espanhol Gonzalo Santonja “esmiuçou” a hstória e concluiu que ao contrário do que é vulgar dizer que a tauromaquia esteve proibida por uma Bula Papal, a coisa não é bem assim: Afinal “ Pio V na Bula De Salute Gregis, apenas proibia que se corressem toiros e não que se toureassem”, e acrescenta mais, “o Papa escreveu esta encíclica pressionado por uma série de Cardeais e por setenta Teólogos Espanhóis”, o que naquela altura era uma cifra irrisória. “Quando o Papa enviou a encíclica a Filipe II e ás Dioceses, ninguém a promulga. O Rei, muito inteligentemente, foi deixando ficar para traz, com a desculpa que tinha que fazer algumas alegações, mas demorou tanto que o Papa morreu.”
È caso para dizer que, nem o Papa conseguiu proibir a tauromaquia, será que estes movimentos urbanodecadentes e tristemente globalizadores vão conseguir? Eu tenho a certeza que não;
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