terça-feira, 1 de junho de 2010

Touros, pó e comentários


Ali no café bebendo uma água fresca, e escutando os comentários em Castelhano, Portunhol e Português, fui sabendo que o Paco Serra estava doente, e por isso era substituído por um “espanhol”.

Fiquei contente quando por duas ou três vezes fui questionado porque é que o “meu Juanito” não vinha ali tourear. Tive o cuidado de explicar que o Juanito ainda só tinha 11 anos, por isso não lhe permitia entrar neste tipo de espectáculo por força da legislação, quanto ao “meu” tive o cuidado de dizer que a pertença do Juanito é da Ana e Hugo Silva, “meu” só amigo.

Nos cafés tudo se sabe, lá fui ouvindo os preços que praticam na Festa no que a touros diz respeito, conjecturas na montagem dos cartéis, etc. etc.

Durante o espectáculo.

(I parte na bancada)

Após insistência por quatro vezes do director de corrida (Sr. Alberto Bartisol) lá começou o espectáculo (17.25mn). O Comba era a grande atracção, logo gritos de gente de meia idade atrás de mim irromperam pela praça gritando: “Força Comba, força Comba”.

A meu lado, uma senhora devorando pipas, lá me ia “ofertando” as cascas para cima das calças e camisa, e fazia adeus ao filho, como este não reparava, recorreu-se das tecnologias (telemóvel) e vá de dizer onde estava.

Do outro lado, um fulano simpático oferecia-me uma cervejinha, a que amavelmente agradeci dizendo que preferia consumir a minha água (ao terceiro novilho contei-lhe oito cervejas). O pó vindo da arena entranhava-se nas narinas, qual cocaína da mais refinada, e o homem que não se calava dizendo: “Quando vem o Comba, esse é que alegra tudo”.

Mais junto de mim uma “entendida de Lisboa” explicava tudo o que se passava e até dizia que “se o touro tivesse os cornos para cima, então é que o cavalo as levava”.

Terceiro novilho, lá entrou o Manuel Comba, e o velho homem gritava “Dá-lhe Comba, dá-lhe”, e eu por momentos questionava o que é que o Comba poderia dar a um bruto com cornos de arranque violento.

(II parte na trincheira)

Nervos e mais nervos no grupo feminino, entretanto o grupo de Arronches já tinha experimentado a dureza dos brutos, um rapaz tentava acalmar as jovens valorosas.

Prova de bandarilheiros praticantes, sinónimo de espectáculo mais tipo charlotada, até que o “velhinho Praxedes” teve de mostrar aos moços como se coloca um par de bandarilhas.

Lide por parte dos novilheiros, interessante a do Jerez de los Cabaleros, e os novos bandarilheiros que prestavam prova para praticantes mostravam ansiedade sem saber se tinham ou não passado na prova.

Ainda faltava um novilho, e lá ouvi o homem já de voz rouca perguntar se o Comba ainda actuava, isto é que é uma adoração pelo cavaleiro.

Quase no fim do espectáculo exaltaram-se os ânimos, o grupo feminino (misto) pegou com garra (Olé grande Suzana Frieza, a fazer inveja aos homens), pega consumada recolha a trincheira. Divisão de opiniões, um homem da bancada dizia que a Suzana não tinha ficado na cara do novilho, e por conseguinte, no entender dele deveria repetir-se a pega, de imediato um coro de feministas se levantou e se insurgiu contra o homem, chamando-lhe “palavras doces”.

Muitos, mas muito mais comentários, este vosso escriba poderia enumerar, mas certamente interessar-vos-á aquilo que se passou na arena de Santo Amaro (Sousel) no dia 30 de Maio.

Filipe Vinhais, dos hastados que saíram foi o que teve o menos colaborante e o jovem muito se teve de empregar para ter uma lide positiva, com destaque no terceiro curto.

Gonçalo Fernandes, a um passo da alternativa, mostrou ser o mais rodado. Aproveitou bem o novilho que foi colaborante e cresceu ao longo da lide, como certeiro esteve e recto nas sortes, tendo o cuidado de as rematar, terminou com um ferro de palmo muito aplaudido.

Manuel Comba, caso de popularidade e sucesso. Cavaleiro de fácil ligação ao público e que conta com uma Penha Taurina (estavam só dois elementos), mas é uma Penha Taurina. Tocou-lhe um novilho de investida forte e só a mão de Deus evitou por várias vezes o pior. Cada actuação sua é no limiar do risco, e só a enorme aficion que ele tem é já motivo para receber as palmas do público.

Hugo Carvalho, primeira actuação em público, demonstrou algum nervosismo inicial (perfeitamente aceitável) mas com trabalho, dedicação e afinco pode melhorar as suas prestações. Terminou a sua actuação com um vistoso violino, e soube terminar no momento exacto, mesmo com o público a pedir “mais um ferro”.

Sofia Almeida, o 2º, 3º e 5º curto foram os que mais se distinguiram na sua actuação, aproveitando a “entrada pelo corredor” e consequente investida do novilho, levantou o braço bem de cima a baixo para deixar su sitio.

Jaime Martinez, suave com o percal e desembaraço com a munheca. Melhor nos derechazos do que nos naturais. A rever este jovem novilheiro.

Vicente Forero, com 3 espectáculos já marcados para Portugal, apresentou maneiras, mas muito dependente das orientações de Paco Duarte. Apontou pormenores que me farão deslocar a uma sua próxima actuação.

Forcados Amadores de Arronches, Luís Ventura 2ª, Manuel Cardoso 2ª a dobrar Diogo Henrique, Ricardo Martins à 2ª, Fábio Mileu à 3ª a dobrar Manuel barradas.

Grupo de forcados feminisnos de Benavente: (4 rapazes + 4 raparigas), destaque para a gana de Suzana Frieza.

Novilhos: cumpriu o de Rodolfo André e os 6 restantes da ganadaria do Conde de Arriaga (Herdade da Camoeira) e pertença do Dr. Caetano Oliveira Soares, apresentaram bom comportamento alguns mostrando elevada nobreza. Quanto ao trapio, imquestionável para a idade, só lamentando serem alguns extremamente cabanos.

Dirigiu Sr. Alberto Bartisol assessorado pelo Dr. Carlos Santos.

No que respeita aos peões de brega coadjuvaram as lides dos cavaleiros e novilheiros, cumprindo a sua função, embora algumas vezes com trapadas a mais, e tentando desempenhar funções de cabo de grupo de forcados!

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