quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Entrevista a José Luís Gomes, Cabo do GFA de Lisboa


Na semana em que foi anunciado como o homenageado da Tertúlia alfacinha "A Mexicana" e no inicio da Temporada da sua despedida, a Tauromania entrevistou José Luís Gomes, Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa.

José Luís Gomes, filho de Augusto Gomes Jr (o primeiro novilheiro português a apresentar-se em Espanha), fardou-se pela primeira vez em 1970, no Grupo de Forcados Amadores do Montijo. Dois anos depois, em 1972, envergou pela primeira vez a jaqueta dos Forcados de Lisboa, onde se mantêm no activo até este ano. Cabo do Grupo desde 1992, anunciou a sua despedida no ano em que completa 56 anos de idade e 18 anos á frente do Grupo de Lisboa, passando o cargo para o seu filho Pedro Maria Gomes. Um dos seus filhos, Manuel Dias Gomes, é novilheiro e encontra-se, este ano radicado em Salamanca, onde se dedica exclusivamente ao toureio.

Segue-se a Entrevista com José Luis Gomes.


Tauromania (T) - Qual o balanço geral que faz da época passada do Grupo de Lisboa?

José Luís Gomes (JLG) - Foi uma temporada positiva, apesar de termos feito menos corridas do que é normal no Grupo de Lisboa, com o aparecimento de novos forcados.


T - Quais foram os momentos que destacaria?

JLG - A corrida da inauguração da época no Campo Pequeno e a última da época do Campo Pequeno.


T - Em termos estatísticos já tem alguns dados que nos possa dar?

JLG - Nunca foi apanágio do Grupo de Lisboa dar relevo e valorizar os dados estatísticos.


T - Como analisa o momento geral da tauromaquia?

JLG - O momento não é o mais desejado, pois embora existindo novos intervenientes a procurar o seu espaço, o ambiente da Festa carece de respeito e humildade, valores essenciais para dignificar e promover a Festa.


T - Existem actualmente mais de 40 Grupos de Forcados. O que acha desta realidade, é positivo ou negativo?

JLG - Penso que é negativo. Todos os grupos têm o direito de sonhar em formar um grupo de Forcados, foi assim com o Grupo de Lisboa e certamente terá sido com muitos outros, mas só isso não chega, esses grupos têm obrigação de respeitar o público, respeitarem-se a si próprios e respeitarem a Figura do Forcado.


T - Como vê o papel da ANGF na Defesa dos Forcados e da Festa? O seu Grupo tem tido um papel activo na associação?

JLG - Como sabem, estive na formação e fundação da ANGF, pelo que a mesma veio pôr um pouco de ordem numa selva em que “pseudo-empresários” menos escrupulosos aproveitavam-se de grupos pequenos. Quanto ao meu Grupo sempre honrou os compromissos e contribuiu para o incremento dos princípios inerentes à fundação da ANGF. Uma palavra de apreço para o meu presidente pelo trabalho desenvolvido.

T – Sobre a questão das bandarilhas de segurança, qual a sua opinião sobre os 3 protótipos apresentados em Évora?

JLG - Os 3 protótipos são aprovados pela grande maioria dos Grupos e iremos fazer outro teste para minimizar os riscos das bandarilhas.


T - A internet é hoje uma realidade na vida das pessoas. Mas na Festa ainda parece um pouco afastada. Como vê o papel da Net no futuro da Festa? E como é que o seu Grupo a utiliza actualmente?

JLG - A Net é muito importante na festa, pois a informação passa ao segundo e todo o universo está informado da nossa cultura, o meu Grupo utiliza no dia a dia com informações pessoais do seu seio.


T – Sobre o fim da sua actividade como Cabo, quais as corridas, em Portugal e lá fora, que o marcaram ao longo de todos estes anos de Cabo do GFA Lisboa?

JLG - Como Forcado todas me marcaram, pois tinha como Cabo um grande Mestre que se chamava Nuno Salvação Barreto, que só estar fardado com ele era para mim uma honra e também com os mais velhos. Pessoalmente tenho em memória uma celebre corrida em 1983 - Corrida das Vindimas em Almeirim com toiros da Casa Prudêncio, na qual dei 2 voltas à arena na cara de um toiro, em Santarém numa corrida da RTP em que peguei o primeiro toiro e os meus filhos os restantes, era um concurso de Ganadarias e também na corrida de reinauguração do Campo Pequeno em 2006 a um toiro Vinhas na qual ganhei o troféu da melhor desse ano.
Como Cabo, tive um amargo muito grande dum forcado que ia perdendo a vida em 2003,assim como todos os outros que se lesionaram pela sua jaqueta isto falando na tragédia, mas na glória vivi com a grande responsabilidade de poder comandar um punhado de jovens que depositaram em mim toda a sua confiança, posso evidenciar para além das corridas no nosso país ,as digressões que fizemos por Espanha, Macau, França, Estados Unidos, Açores e Madeira.


T - Quais os forcados que mais o marcaram, dentro do seu Grupo, qual o seu “8” de eleição, de todos os forcados que passaram pelo GFA de Lisboa?

JLG - Quando comecei no Grupo de Lisboa em 1972 houve um Forcado que me marcou muito chama-se José Augusto Baptista (Zé da Burra ),era o meu companheiro de quarto , nas digressões, dava-me conselhos e tinha o mesmo estilo de pegar toiros que era toureando, mas pegava á córnea enquanto que eu sempre peguei á barbela. Havia o Domingos Barroca, o Hipólito Cabaço, o Horácio Lopes, o Eurico Lampreia,o João Arnoso, o Xinha ,o Zé Pedro Faro , o Zé Maldonado, o António Patrício infelizmente já desaparecido, e outros tantos, como Cabo não vou enunciar nenhum pois todos são de eleição para mim.


T - O José Luís Gomes lidou com muitos cavaleiros, toureiros, forcados, ganaderos… Consegue idealizar-me “A” corrida?

JLG - Como deve calcular todos me merecem respeito, tenho medo de me esquecer de algum, mas guardo para mim, é a minha forma de estar.

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