- Praça de Toiros Daniel do Nascimento na Moita
- Data: 23 de Maio de 2010
- Empresa: Toiros e Tauromaquia
- Ganadaria: Conde de La Corte
- Cavaleiros: Rui Salvador, Luís Rouxinol, João Salgueiro, Vitor Ribeiro, João Telles Jr. e Tiago Carreiras
- Grupos de Forcados Amadores: do Aposento da Moita, capitaneados por Tiago Ribeiro
- Assistência: 2/3 de casa
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Manuel Jacinto, assessorado pelo médico veterinário Dr. Carlos Santos.
- Cornetim: José Henriques.
Quis a Empresa Toiros & Tauromaquia presentear os aficionados com um curro de toiros de uma ganadaria que, no dizer do site da praça de Toiros de Las Ventas é: “la madre de todas las ganaderías” , “procede ésta de la formada en 1912 por la Marquesa Viuda de Tamarón con reses de don Fernando Parladé, originarias de don Eduardo Ibarra, de pura casta Vistahermosa”, uno puede estar seguro de que ese enunciado no es baladí, ni cantinela de fieles incondicionales y amigos” (sic). Deste modo, estava criada a expectativa necessária a uma grande tarde de toiros. E pode dizer-se que as expectativas não saíram defraudadas.
O curro tinha cinco anos e com pesos entre os 640 e os 550 Kg, todos muito bem apresentados, acusando o sentido próprio da idade e alguns com pouca mobilidade, mas os artistas souberam dar-lhes as lides adequadas.
Durante as cortesias, para as quais se fardaram umas largas dezenas de forcados, antigos e actuais, entre os quais Pires da Costa e João Simões, a banda tocou, os parabéns a você, cantados por toda a gente, numa bonita homenagem ao Grupo da terra.
Abriu praça Rui Salvador, (o cavaleiro dos ferros impossíveis já não existe), mas existe um toureiro com T grande. Começou com dois compridos correctos, e após dois curtos muito porfiados, percebeu que o toiro tinha acabado e cravou um violino, que agradou ao conclave.
Luís Rouxinol toureou o segundo da ordem e inventou um toiro!
Era preciso saber e querer para fazer o toiro dar mais que três passos, e com uma brega eficaz e esforçada e uma boa escolha de terrenos, deixou dois compridos à tira. Depois de mudar de montada, cravou quatro curtos, fruto de muito trabalho e de muito arriscar, cravando ainda mais um violino, um palmito e a imagem de marca: um par de bandarilhas.
Para João Salgueiro saíu o brinde desta corrida, um toiro que se arrancava de qualquer lado, e sempre com vontade de brigar.
João, com uma lide sempre em crescendo, abusando, às vezes, dos remates com piruetas, cravou a ferragem da ordem sempre com verdade e com sentido de lide e de espectáculo.
O melhor que se pode dizer desta lide é que, quando terminou, se ouvia no ar o broá dos triunfos, tendo sido premiada como a melhor lide da tarde. Prémio atribuído pelo grupo de Forcados.
Durante o intervalo, foram homenageados os aniversariantes: Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, pelos seus 35 anos, a ganadaria Conde de La Corte pelos seus 90 anos e Vitor Ribeiro pelos seus 10 anos de alternativa, tirada nesta mesma praça.
Na segunda parte, coube a Vitor Ribeiro abrir a função. Saiu-lhe um toiro sem som, arrancava andarilho, a passo, e não se empregava nas reuniões, contudo o cavaleiro de Almada, cravou dois compridos a apalpar terreno, e depois de mudar de montada e passar para os curtos, descobre o filão! Provoca a investida, a passo do toiro, recua aguentando uma enormidade, e crava três curtos de boa nota. Pena que a vontade de receber palmas o faça, por vezes, esquecer-se de rematar as sortes.
João Telles Jr. recebe o seu oponente à porta gaiola. Este era o toiro mais pesado da corrida, anunciava-se com 640 Kg.
Embora encrençado na zona dos curros, o toiro deixou-se lidar mas, pedindo muito esforço ao artista.
Assim, deixou dois compridos sem história e depois de mudar de montada crava cinco curtos e um palmito, sempre com verdade e muito trabalho. Com o sentido de lide e de espectáculo que se lhe conhece, sabendo que não ia acrescentar nada à função, sai sem aceder aos pedidos do público para que cravasse mais um ferro.
Para cerrar praça, estava um novel cavaleiro de Alternativa: Tiago Carreiras.
Calhou-lhe o único castanho, olho-de-perdiz. Todos os outros eram negros.
Tiago crava dois compridos, o primeiro descaído e o segundo algo apressado não define a sorte.
Muda de montada e para os curtos vem com vontade de dar a volta ao problema que tinha pela frente. Como o toiro se foi acabando, o trabalho ia-se complicando, mas o cavaleiro conseguiu cravar quatro curtos de bom nível, com o respeitável a vibrar. No quinto, a pedido do público, não acrescentou nada ao que já havia feito.
Para as pegas, o grupo aniversariante e a quem foram brindadas quase todas as lides, tinha pela frente uma tarefa singular, mas resolveu a papeleta a contento!
Para dar o exemplo, o cabo, Tiago Ribeiro, iniciou a função, brindando às dezenas de forcados que se fardaram, alguns ainda sem jaqueta.
O cite foi bonito, sereno e calmo, mandou na investida do toiro, recuou e definiu o tempo da reunião. O toiro com a cara alta, proporcionou uma viagem vistosa, consumada numa pega de belo efeito, com o grupo a mostrar coesão e decisão nas ajudas. Muito aplaudida, a primeira intervenção do Grupo.
Para o segundo foi escalado Diogo Gomes que brindou ao Presidente da Câmara da Moita. O toiro arrancou mal viu o forcado proporcionando uma bonita pega, entrando pelo grupo a empurrar sem derrotar.
Para pegar o terceiro da tarde, o escolhido foi Ricardo Cabral. Mais uma vez o toiro arrancou pronto, mal viu o forcado. Na altura da reunião, ensarilhou um pouco, mas o forcado teve a calma suficiente para escolher o momento da entrada, reuniu e fechou-se como mandam as regras. O toiro continuou com pata e o grupo, coeso, consumou uma pega com espectáculo, culminando a condizer com uma grande lide.
José Broega saltou para pegar o quarto da ordem, que brindou a Vitor Ribeiro. O toiro não estava para fazer mal, arrancou pronto e só empurrou, sem derrotar e embora saindo do grupo este fechou sem problemas.
Netino Wen voltou a vestir-se de forcado para mais uma das suas pegas. Alegre no cite, o toiro arrancou franco, sem maldade, só empurrou e a pega consumou-se até parecendo fácil.
Para fechar a tarde, Nuno Carvalho. Tal como os outros, o toiro arrancou de cabeça no ar, ao ver o forcado, contudo, ao senti-lo na cabeça, parou e deu dois derrotes fortes para baixo que, nem os braços de Nuno Carvalho aguentaram. À segunda, sem esse comportamento, a pega consumou-se com espectacularidade, dada a força e a entrega do toiro, bem como o comportamento coeso do grupo.
+ O curro de toiros enviado pela ganadaria Conde de La Corte de apresentação irrepreensível e comportamento bastante aceitável.
A acficion das gentes da Moita, que encheram meia praça para assistir ao desenjaulamento dos toiros, às 23 horas de sábado
O comportamento de todos os artistas, dando o máximo para resolver os problemas que tinham pela frente.
- A falta de informação, pela aparelhagem sonora, do nome dos forcados que saltavam à arena.
Situação já instituída na antiga gerência, contribuía para nos facilitar o trabalho e dava a conhecer os artistas quase anónimos que são os Amadores da festa.
A fraca adesão popular a uma corrida cheia de interesse.
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