domingo, 23 de maio de 2010

Campo Pequeno: nocturna com “sabor” a Verão…


- Praça de Toiros: Campo Pequeno, em Lisboa
- Data: 20 de Maio de 2010, às 22h15
- Empresa: Sociedade do Campo Pequeno, S.A.
- Ganadarias: 3 Toiros de Ortigão Costa (para as lides a cavalo) e 4 Toiros de Herdeiros de Varela Crujo (para as lides apeadas)
- Cavaleiros: Luís Rouxinol e Rui Fernandes
- Grupos de Forcados: Forcados Amadores da Chamusca, capitaneado por Nuno Marques
- Assistência: 3/4
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. António dos Santos , assessorado pelo médico veterinário Dr. Pedro Salter Cid
- Banda: Samouco

A terceira corrida integrada no Abono 2010 da Praça de Toiros do Campo Pequeno – 3ª Grande Corrida Vidas/Correio da Manhã – tinha como chamariz principal a presença do Matador de Toiros espanhol Miguel Ángel Perera, depois de no ano passado ter conquistado o “Galardão Campo Pequeno 2009” para o melhor Matador de Toiros, prémio esse que lhe foi entregue no início do espectáculo.

A corrida foi mista, saindo à praça sete toiros de duas ganadarias. Para o toureio equestre, três toiros de Ortigão Costa de boa apresentação, com pesos a oscilar entre os 518 Kg e os 550 Kg, que cumpriram na generalidade, sem complicar (muito embora o primeiro toiro se tenha apresentado coxo e mais reservado). Para a parte apeada saíram quatro toiros de Herdeiros de Varela Crujo, de boa apresentação mas desiguais, destacando-se o segundo e o terceiro toiro da corrida. Os pesos variaram entre os 502 Kg e os 524 Kg.

O primeiro toiro da corrida foi lidado a duo pelos cavaleiros Luís Rouxinol e Rui Fernandes. Com um toiro que se apresentou coxo logo à saída dos curros, mostrando-se também complicado e reservado, os dois cavaleiros deixaram a ferragem comprida da ordem de forma regular. Nos curtos, os dois ginetes foram procurando as investidas do toiro, sem que este tenha respondido, obrigando assim os cavaleiros a ir para os terrenos do toiro para deixar a ferragem curta. Destaca-se o trabalho de Luís Rouxinol em puxar pela lide, mostrando mais desembaraço que o seu companheiro de cartel.

Na lide a solo, Luís Rouxinol apresentou-se alegre e bem ao seu estilo. Numa lide que se pautou pela regularidade, Rouxinol deixou dois ferros compridos de boa nota. Na passagem para os curtos, o cavaleiro de Pegões esteve correcto a bregar e procurou sempre as investidas do toiro. Perante um ortigão que não complicou, Rouxinol conseguiu deixar quatro ferros curtos regulares, notando-se o cuidado em rematar as sortes depois da cravagem. Deixou ainda um ferro de palmo bem colocado, o seu já tradicional par de bandarilhas e finalizou a lide com uma rosa, que não acrescentou nada à sua actuação.

Rui Fernandes lidou o quinto toiro da noite. Depois de deixar a ferragem comprida da ordem, Rui Fernandes passou para os curtos praticando uma lide algo irregular. Com um estilo muito próprio e recorrendo por vezes aos adornos com os cavalos, Fernandes passou algumas vezes em falso em frente ao toiro. Ainda assim deixou quatro ferros curtos, destacando-se positivamente o segundo rematado com pirueta (que levou emoção às bancadas) e, pela negativa, a cravagem do terceiro onde levou um forte toque na montada.

Quanto ao capítulo dos forcados apresentou-se em praça para pegar os ortigões, o Grupo de Forcados Amadores da Chamusca. À cara do primeiro toiro foi o forcado Rui Pedro. Depois de uma primeira tentativa menos conseguida, onde esteve mal a reunir e, seguido de mais duas tentativas onde o toiro derrotou logo após a reunião, o forcado chamusquense consumou a pega à quarta tentativa, com ajudas mais carregadas, mas reunindo bem e com o grupo mais coeso a fechar. Para a pega do quarto toiro da noite foi cara o forcado Emanuel Imjai que conseguiu a pega da noite. Citando alegre, reuniu com muita decisão no momento em que o toiro baixou a cara. O forcado teve muita vontade de ficar na cara do oponente e aguentou sozinho a toda a viagem, até às ajudas fecharem em tábuas e assim consumarem uma rija pega. Diogo Cruz fechou a actuação dos Amadores da Chamusca. Depois de uma primeira tentativa em que mandou vir o toiro mas não se aguentou na cara deste, consumou a pega à segunda tentativa citando com calma, encurtando terrenos e conseguindo uma reunião correcta, com o grupo a fechar com segurança.

Ao matador de toiros português Luís Vital “Procuna”, calhou-se em sorte lidar o segundo toiro da noite. O diestro da Moita lanceou bem à Verónica, procurando levar o toiro para o centro da arena. Matador/bandarilheiro, “Procuna” deixou três pares de bandarilhas cravados com poder, o que levou emoção às bancadas do Campo Pequeno. Com a muleta, iniciou a faena com uma série de mulatazzos com a mão direita, rematados com passe de peito. Com a mão esquerda a série foi menos conseguida, mas é de novo com a mão direita que “Procuna” consegue tirar maior partido do “Varela Crujo”, que não complicou. No centro da arena, foi procurando ligar o seu toureio, aproveitando as investidas mais francas do toiro e assim executar mais alguns passes de boa nota. No sexto toiro da noite, “Procuna” recebeu o seu oponente com uma afarolada de joelhos. Com as bandarilhas volta a levantar as bancadas da arena lisboeta, deixando três pares com emoção. Com a muleta, iniciou a faena nas tábuas e foi “puxando” o toiro para o centro da arena. Desenhou uma boa série de muletazzos com a mão esquerda. Com a mão direita traçou mais alguns passes, faltando um pouco de ligação e profundidade ao seu toureio.

Depois do triunfo da noite de 3 de Setembro de 2009 (e que lhe valeu o prémio para o melhor Matador de Toiros 2009 em Lisboa), Miguel Angel Perera voltou ao Campo Pequeno com vontade de triunfar. No primeiro do seu lote, Perera recebeu o toiro com bonitos lances de capote e com os pés juntos na arena. Já com a muleta, o matador espanhol apresentou-se nos médios para aí desenhar uma boa série de muletazzos com a mão direita. Com a mão esquerda também conseguiu alcançar passes bem ligados. Mas é com a mão direita e toureando ao natural, que Perera mostra o seu toureio ligado, executado com profundidade e muito temple. Desenhou bonitos passes suaves, numa faena onde esteve a gosto. No último toiro da corrida, o espanhol procurou sentir o toiro com o capote. Na muleta voltou a desenhar um toureio templado, quer nas séries com a mão direita, quer com a mão esquerda. Com os pés bem assentes na arena foi tirando partido do toiro, que entretanto veio a menos. Já com pouco toiro, Perera acabou por prolongar em demasia a faena, mas ainda assim mostrou nesta noite todo o seu estatuto de figura do toureio.

O Mais e o Menos
+ O bom ambiente da corrida, com o público a entregar-se aos intervenientes do espectáculo;
- A manutenção dos burladeros na arena durante toda a corrida. Para além de ser um factor de perigo para cavaleiros e forcados, não mostrou qualquer ganho de tempo em relação ao ritmo da corrida (que por sinal foi bastante longa);
- Cavaleiros “pendurados” nos forcados: a saga continua! Embora com uma boa actuação, Luís Rouxinol pendurou-se totalmente na segunda volta do forcado Emanuel Imjai.

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