segunda-feira, 3 de maio de 2010

Corrida da Festa do Vinho no Cartaxo (Crónica)


- Praça de Toiros: Cartaxo
- Data:
01 de Maio de 2010, pelas 17h00
- Empresa: Paulo Pessoa de Carvalho, Sociedade Unipessoal, Lda.
- Ganadaria: Ganadaria Prudêncio
- Cavaleiros:
João Salgueiro, Vítor Ribeiro e Ana Batista
- Grupo de Forcado: Forcados Amadores de Santarém e de Coruche, capitaneados por Diogo Sepúlveda e Amorim Ribeiro Lopes, respectivamente.
- Assistência: ½ casa
- Delegados da IGAC:
Delegado técnico tauromáquico sr. Alberto Bartissol, assessorado pelo médico veterinário Dr. João Maria Nobre.


Corrida integrada na Festa do Vinho, com um cartel composto por três cavaleiros já figuras do toureio a cavalo nacional e com dois dos melhores grupos de forcados em competição para pegarem um curro de toiros de uma das mais antigas ganadarias portuguesas, cuja antiguidade se reporta a 1925 (Santarém). Apesar destes aliciantes, o público não respondeu à chamada e apenas preencheu cerca de metade da lotação da praça.

A Ganadaria Prudêncio enviou para esta corrida um curro de toiros bem no tipo da ganadaria, de excelente apresentação, todos eles ferrados com o 6 na espádua direita e com pesos que oscilaram entre os 480 e os 580 Kg. No geral, saíram a pedir que os toureassem, demonstrando mobilidade e voluntariedade. Pela negativa destacaram-se os 3º e 6º da ordem e, com comportamento muito positivo, os que saíram em 1º e 4º lugar. Os restantes cumpriram.

João Salgueiro teve, nesta tarde, a sorte do seu lado, tocando-lhe o melhor lote de toiros. No primeiro baseou a sua lide em remates vistosos com piruetas que muito agradam à maioria do público que actualmente frequenta as nossas praças. Cravou três compridos, dois deles (o 1º e o 3º) de execução correcta e um segundo a sofrer violento toque na montada. Prosseguindo a sua lide, sempre com as duas mãos nas rédeas para condução do cavalo, deixou cinco ferros curtos de bom nível, dos quais se destacou o 2º, pela execução da sorte e pela brega que o antecedeu. No seu segundo, com cites bem em curto e a sair das sortes numa nesga de terreno, deixou ferros emocionantes, pela justeza da reunião, sendo que, algumas vezes, cravou bem para lá do estribo. Dois compridos, o primeiro em sorte à tira bem desenhada e o segundo menos conseguido, com a montada a atravessar-se ligeiramente no momento da reunião, compuseram a primeira parte desta sua lide. Nos curtos, o destaque vai para o quarto e último ferro, o melhor da tarde deste cavaleiro.

Vítor Ribeiro teve, nesta tarde uma excelente actuação, com duas lides de encher o olho aos aficionados. Sempre ligado ao toiro, não o deixando fugir dos terrenos onde podia executar as sortes, teve uma primeira lide iniciada com dois compridos de correcta execução e que foi consolidada por cinco ferros curtos de boa nota, com destaque, pela positiva, para o que colocou em primeiro lugar. Na sua segunda lide viu-se mais ainda o seu bom conceito de toureio, baseado em sortes frontais e com verdade na execução. Começou com dois ferros compridos colocados de frente, a levantar bem o braço e acravar com o toiro bem por baixo, ao estribo. Mudou de montada para os curtos, numa série de cinco ferros, iniciada e acabada em alto nível. Sempre a cuidar do toiro, deixando-o nos terrenos que ele escolhia para cravar, conseguiu a melhor actuação da tarde.

Ana Batista foi a mais prejudicada pelo sorteio, pois teve pela frente dois exemplares muito difíceis de lidar e só com muito esforço da sua parte e depois de muito porfiar conseguiu os seus intentos. Ao primeiro conseguiu deixar a ferragem quase sempre em sortes a sesgo ou pelo corredor, a única maneira de o fazer investir. Destaque para o 2º ferro curto, um bom sesgo, com o toiro a adiantar-se uma enormidade e com a cavaleira a conseguir sair da sorte sem ser tocada, deixando o ferro ao estribo. O segundo toiro do seu lote, embora com mais mobilidade, foi mais perigoso, pois apenas investia para colher. Teve que se esforçar muito para conseguir deixar a ferragem da ordem, mas, ainda assim, conseguiu estar bem por cima do manso.

Os forcados não tiveram tarefa fácil nesta tarde. Pelo Grupo de Forcados Amadores de Santarém iniciou a tarde de pegas o jovem António Imaginário, que, depois de uma primeira tentativa em que não recebeu o toiro da melhor forma, consumou uma muito boa pega ao segundo intento, com marcação dos tempos como mandam as regras. Manuel Roque Lopes foi o escolhido para ir à cara do terceiro da ordem, um manso de eleição. Pegou à quarta tentativa, depois de ter perdido a cara ao toiro e a ela ter regressado. No final, em gesto toureiro, recusou dar a volta à arena. Para a pega do quinto, saiu um forcado já consagrado, António Grave de Jesus, que na primeira tentativa esteve enorme. Citou com calma e muita correcção, reuniu muito bem, fechou-se à córnea, aguentou fortes derrotes, mas não conseguiu aguentar-se sozinho na cara do toiro que havia fugido da trajectória do grupo. Consumou ao terceiro intento, bem ajudado pelo grupo.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Coruche foi à cara do primeiro do seu lote, segundo da tarde, o jovem Pedro Galamba, que na primeira tentativa se fechou apenas de braços, tendo ficado fora da cara do toiro. Embora dada como consumada pelo director de corrida, o grupo decidiu repeti-la. Nas três tentativas seguintes o toiro tirava a cara e o forcado nunca conseguiu consumar a pega. Pegou ao quinto intento, a sesgo e com o grupo em cima. No final recusou dar volta à arena. No quarto toiro da tarde, Ricardo Dias iniciou o cite a meia praça, fixou bem o toiro, carregou a sorte, fechou-se bem à córnea, mas não aguentou um primeiro forte derrote antes de chegar às ajudas. Na segunda tentativa o toiro saiu com alguma violência e o forcado não conseguiu reunir. Consumou à terceira tentativa com as ajudas carregadas, o que não foi impeditivo de que desse a volta à arena. Para o último da ordem foi escolhido José Tomás, que, com o toiro a arrancar de pronto e com muita pata, conseguiu uma reunião com grande impacto, aguentou fortes derrotes e conseguiu uma grande pega, bem ajudado pelo grupo.

O Mais e o Menos

+ A actuação de Vítor Ribeiro no conjunto das duas lides.

- A constante circulação de vendedores pelas bancadas no decorrer das lides.
- O aviso, aos microfones da praça, para que o público se abstivesse de circular pelas bancadas durante as lides quando era permitida a entrada de público nas portas de acesso à praça.

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