terça-feira, 4 de maio de 2010

E eis que chega Madrid…


O Clube Taurino Vilafranquense, um dos últimos redutos da afición nacional, levou a cabo, há um par de dias, uma conferência subordinada ao tema “Las ventas – Capital do Toureio”, o qual contou com a presença de intervenientes de relevo, cujo labor está ou esteve relacionado com a primeira Praça de Espanha.

Madrid é por muitos considerada como a cidade mais importante do mundo taurino, devendo a sua Praça de toiros de Las Ventas ser tida como aquela que tudo pode dar e tudo pode tirar aos artistas que aí lidam. Com efeito, a época tauromáquica madrilena, desenvolvida sobretudo ao abrigo da conhecida Feria de San Isidro, desenvolve-se este ano entre os dias 06 de Maio próximo, até ao 06 de Julho, contando com 32 (trinta e duas!!) corridas ininterruptas, as quais tem lugar pelas 18h:30, hora local. Consiste assim, durante todo um mês, na maior Feira Taurina, realizada anualmente em todo o mundo.

Ao assumir toda esta importância na Festa, é lógico que o nível de exigência exigido aos artistas, seja enorme, razão pela qual obter o triunfo nesta Praça seja algo não apenas raro, como também deveras difícil e complicado de atingir. De facto, é lícito dizer que ser aplaudido em Madrid, possa equivaler a mais que sendas saídas a ombros, em coliseus taurinos de menor relevância. Por outro lado, este culto de exigência não é apenas propalado pelos presidentes dos festejos (a quem cabe fazer cumprir um já de si exigente regulamento) mas pelo próprio público madrileno, o qual tende a ser muito mais rigoroso que audiências de outras Praças. Existe também em las Ventas uma característica peculiar, o chamado Tendido 7, onde os abonados isidris que lá se sentam, vão para além do exigente, sendo por muitos tidos como a afición mais exigente do mundo, onde a ortodoxia relativa ao cumprimento dos cânones da lide impera e refutam o afastamento de um milímetro que seja da sua perfeita realização.

Madrid não é um local fácil para o público pouco conhecedor da arte tauromáquica e que prefere o brilho das palmas e as orelhas fáceis, porquanto, ao contrário do sucedido em Praças menores, o cômputo final das corridas se salda muito mais por silêncios ensurdecedores, ou pitos fatais, para os intervenientes.

Esta exigência é tida não apenas com matadores, mas também, ou muito mais se assim se preferir, com as ganaderias que em praça apresentam os seus exemplares. De facto, o toiro de Madrid é um animal de maior peso e volume, de grande imponência de hastes, ao qual pouco se permite para além da competência que deve demonstrar para a lide em cada um dos seus tercios, razão pela qual tantos e tantos toiros são devolvidos aos currais ao serem dados como inválidos e/ou indignos de serem lidados.

Madrid, tal como todas as praças, tem artistas favoritos, que aí obtêm resultados mais satisfatórios ou a quem se permitem maiores benesses que a outros, caso paradigmático de José Tomás, mas sempre contou com inúmeras figuras que nessa cidade nasceram e conseguiram ascender ao estrelato do toureio.

E se Madrid tem toureiros favoritos, idêntico ocorre com ganaderias (destaque para a de Victorino Martin, presença sempre exigida em cada abono isidril), as quais, após contratadas, se apresentam ano após ano com ilusión renovada de triunfo, até porque estes e aqueles têm noção que triunfar em Las Ventas significa poder vir a fechar um maior número de contratos.

Para o público aficionado, Madrid serve para duas situações maiores. Por um lado permite aceder a um respeitoso e por vezes exagerado cumprimento das normas regulamentais levado extremo e por outro observar o maior grau de profissionalismo que esta arte pode assumir, sempre tendo a devida noção acerca da importância (e alguma raridade) que obter um êxito nesta Feria decerto significa.

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