
Sem ter sido uma corrida para a história, foi a mais interessante do que levamos de época na Catedral do toureio equestre. Vários pontos para recordar e interessante jogo das reses saídas pela porta dos sustos, nesta Corrida Vidas C.M.. Onde ver duas das seis orelhas cortadas, os seus donos é claro, no presente S. Isidro até então, era o maior atractivo.
Entrega no inicio do espectáculo do galardão de melhor matador de toiros em 2009 na Monumental de Lisboa a Miguel Angel Perera. O Dr . João Borges e Rui Bento encarregaram-se de tal acto.
Abriu com a lide a duo (está na hora da abolição definitiva desta modalidade de toureio, pelo vazio em que consiste) a um inválido de Ortigão Costa, cheio de sentido, que deixou de investir na reunião sempre que via o ferro na mão do cavaleiro. Com sabedoria e matreirice Rouxinol e Fernandes lá deixaram a ferragem da ordem.
Nas lides a sós, tivemos oportunidade de presenciar talvez uma das melhores actuações de Rouxinol no C. Pequeno, no melhor dos Ortigões. Senhor de todas as situações soube conduzir uma actuação sem mácula, com muito critério e noção do que o publico queria e o toiro precisava, sem beliscar as regras elementares, levou o delírio às bancadas com as sortes frontais e cravagem correcta, destaque maior para o segundo curto de elevadíssima nota. Terminou em plano de triunfo com uma rosa a pedido do publico com força e depois do tradicional par a duas mãos. E temos Mustang mais uma época!
Rui Fernandes pareceu ter aprendido com o seu companheiro de noite e teve na lide a sós momentos de toureio como há muito não lhe víamos, pela forma como se ligou ao toiro, como o contrariou até onde pode, cravou como mandam os livros e sem exacerbados alardes populistas. As “coisas” complicaram-se no final, quando o toiro se rachou e deixou de querer jogar, começando a defender-se. Aí vieram as infidáveis passagens em falso, a alta velocidade e o perder de papéis, numa lide de muito interesse que merecia ter acabado de outra forma.
Os Amadores da Chamusca completaram a parte “à Portuguesa”, numa noite de altos e baixos perante toiros que não eram fáceis e exigiam sobretudo grupo nas ajudas, e foi aí que surgiram as falhas em toda anoite. Rui Pedro á quarta depois de mudar terrenos, após três tentativas em que saia na viagem, ora por falta de ajudas ora porque o toiro tirava a cara por baixo. Emanuel Injay, portentoso em tudo o que fez desde que saltou para a pega, até que regressou das voltas á arena que o publico lhe exigiu. Com toda a justiça inscreveu o seu nome na lista de candidatos a melhor pega na temporada lisboeta. Fechou Diogo Cruz à segunda, em rija pega, depois de corrigir uma reunião precipitada que teve na primeira tentiva. Sem nenhuma actuação redonda de Grupo até agora, o Campo Pequeno, tem todas as corridas registados pegas de compendio em todas as corridas.
No toureio apeado os Varelas derramaram nobreza na arena de Lisboa, um pouco mais de transmissão e teriam dado outra alegria à noite, ainda assim pareceu-nos que o penúltimo foi de excelencia. De qualquer forma a praça vibrou com diferentes incidências da parte apeada e isso é muito importante, tendo em conta o esforço que a empresa continua a fazer para trazer figuras a Portugal, mais nenhuma o faz é preciso que se note.
O habitual profetismo da desgraça facilmente atira para baixo a noite. Esquece que não é fácil tourear toiros com quatro anos e 500 kilos, sem varas, em particular para quem toureia todos os dias ou quase, como é o caso das figuras que acedem cá vir.
Procuna foi interprete de dois tércios de bandarilhas sublimes e duas faenas meritórias que chegaram à bancada, no entanto, um pouco mais de desafogo e maior profundidade nos passes em series mais espaçadas, poderiam ter ajudado a vir mais para cima os oponentes em transmissão e a faena em brilho. Positiva e de nível bom sem duvida.
Miguel A. Perera vinha de cortar uma orelha em S. Isidro na véspera e espreitar pela fechadura da porta grande, tão próxima esteve a segunda. Encontrou um primeiro flavo de nobreza infinita, telecomandado e cómodo. Justo de forças, soube mimá-lo e assim ter matéria para assinar uma enorme faena de arte, profundidade e variedade de salão, para gáudio geral. No seu segundo, o pior, um “menino” que não humilhava, sempre por cima e perigoso. Porfiou o matador, “declarou-lhe guerra” e por momentos parecia ter vencido dadas as poucas series que ainda conseguiu tirar. Manteve Cartel Perera e merece, sem favor, voltar Procuna.
A direcção só não foi perfeita porque o Sr. Antonio dos Santos foi mal coadjuvado pelo Dr. Salter Cid, pois o primeiro da ordem devia ter sido devolvido antes do primeiro comprido sem margem para dúvidas, ao invés de continuar na arena sem qualquer tipo de condição. Abrilhantou como sempre a Banda S.P.L. Samouquense com embolação e ferragem de Carlos Simões e José Alcachão.
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