Tauromania (T) – Manuel, já começaram os compromissos da temporada 2011. Como é que te sentes de cara à nova temporada?
Manuel Ribeiro Telles Bastos (MB): Sinto-me bem, com boas expectativas e já com datas de responsabilidade alinhavadas com alguns empresários.
T – Sentes-te preparado e montado para que a temporada 2011 seja a temporada na qual o Manuel Bastos se confirma como cavaleiro de alternativa e alternativa para fazer parte de todos os cartéis?
MB - Acho que tenho base para encarar o futuro com optimismo e pôr em prática no toureio mais um ano de vida que tráz muita coisa positiva!
T – Fala-nos um pouco da tua quadra. Há novidades nas quais apostas?
MB - As novidades que todos os cavaleiros têm normalmente duram só de Inverno porque assim que aparece o “caramelo” a pedir contas, só os cavalos com experiencia e às vezes nem esses são capazes de dar a resposta completa! Tenho os cavalos do ano passado tirando o Sábio (RT) que está a recuperar de uma lesão e capaz de começar a trabalhar, tenho a Rosa (RT), o Gracioso (OC) e o Xelim (Paim) para os curtos e o Romano (OC), o Xirico (Oliveira Martins) e o Poeta (MV) para sair. Novidade tenho o rebaptizado Vitorino (Cunhal Patrício) que é filho do insuperável Gabarito e neto do grande Atinado!
T – Conhecemos os primeiros carteis da temporada e vimos companheiros teus colocados de melhor forma que tu, por exemplo em relação ao Campo Pequeno. Achas que o teu estilo de toureio é “difícil” de entender pelo público actual? E achas que essa é a razão para que contem menos contigo do que com outros?
MB - Acho que não, o estilo de cada um é desenvolvido pela personalidade e principalmente em função do toiro que se tem pela frente com mais frequência, por conseguinte tem de se desenvolver o toureio mais adequado para esse determinado toiro, que pode resultar menos floreado porque não o permite de todo, e pouco fácil por ser encastado e astuto! Razões há muitas outras, de outros fouros que não o tauromáquico. Cada vez que lá vou sinto-me acarinhado e compreendido pelo o publico, até tenho tido sorte porque todas as vezes que lá tenho ido a função tem corrido bem e as criticas muito favoráveis!
T – Entre aficionados havia uma enorme esperança, há 5 ou 6 anos atrás, de que a tua geração viesse revolucionar a Festa e dar-lhe um novo ânimo. Que alguns de vocês viessem a ser grandes figuras. Mas na temporada passada, passados os tais 5 ou 6 anos os melhores foram o António Telles e o João Salgueiro, nenhum de vocês se afirmou e a verdade é que há algum desânimo na afición…
Sentes-te picado se eu te disser que vocês (da tua geração) já deviam ser muito melhores do que são? E não achas que há uma verdadeira oportunidade em aberto para que um ou dois de vocês “acabem” com os outros todos se se prepararem melhor e estiverem dispostos a arriscar, a tourear com emoção e a competir em todas as tardes, tanto com os companheiros como com os toiros?
MB - É natural que o meu Tio António e o João Salgueiro sejam bons por mais alguns anos sabe porquê? Porque marcaram uma época! São dois Monstros do toureio! Sabem muito disto e com a idade têm tendência a melhorar! Para si não sei mas para mim é um gosto e uma aula ver os veteranos! Outro bom exemplo é o Mestre meu Avô que teve actuações monumentais já no “fim” da carreira dele, nomeadamente nas datas onde fez anos de alternativa e onde as concedeu! Vi e revi vídeos e olhe que os novos não poderão com ele! Deu lições que ainda hoje eles próprios relatam com um respeito e uma admiração profissional e artística fora do normal!
Hoje em dia usam-se as palavras “triunfo” e “figura” abusivamente, ao ponto de serem banalizadas! Tem de se ter respeito porque uma figura tarda 20 anos a consagrar-se e o triunfo a sério não se tem muitas vezes numa época!
Se eu me sinto picado? Posso sentir, mas se eu lhe disser que só com cavalos craques e com a sorte de encontrar 2 ou 3 na vida é que se marca uma época, caso materializado pela dupla António Ribeiro Telles/Gabarito e João Salgueiro/Herói que afición bem conheceu já me vai dar margem de erro para continuar a tourear o melhor que sei e posso, com todas as ganas, sem atropelar a razão e com a cabeça a funcionar! Acho que tudo tem de ser calculado porque o arriscar tem de estar colado ao toureio limpo! Creio que está a falar da competição da minha geração, é preciso que os carteis a proporcionem. E a crítica pode ter parte activa nisso.
Não vejo essa oportunidade assim tão clara porque há outros interesses e outras negociações em paralelo às contratações. Acho que a minha geração tem valor, e a bem da festa a renovação dos cartéis vai sendo feita aos poucos como a história da tauromaquia o comprova! Nada foi feito de um dia para o outro!
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