terça-feira, 1 de setembro de 2009
A notícia apanhou todos desprevenidos: Faleceu o cavaleiro tauromáquico D. José João Zoio
José João Zoio deixou-nos precocemente. Esta grande figura da tauromaquia portuguesa, nomeadamente, do toureio a cavalo partiu deixando na nossa Festa uma enorme saudade e uma profunda tristeza.
Dono de uma personalidade notável e de forte presença dentro e fora das arenas, José João Zoio faz parte do conjunto de grandes figuras do toureio equestre português que escreveu com o seu cunho pessoal algumas das mais bonitas páginas da História da Tauromaquia lusa.
Estreou-se em público na Nazaré a 25 de Agosto de 1968, tendo sido o primeiro cavaleiro tauromáquico a tirar prova de praticante a 10 de Junho de 1972.
A data de 27 de Maio de 1973 no Campo Pequeno ficará para sempre como uma das maiores referências da sua brilhante carreira. Nesse dia recebeu das mãos de João Branco Núncio a tão desejada alternativa (na corrida em se comemoravam os 50 anos de alternativa de Mestre João Núncio). Como o próprio José João Zoio gostava de referir, receber a Alternativa da maior figura de sempre do toureio equestre português era uma marca que ficaria para sempre na sua carreira, afirmando mesmo que tinha sido “a maior honra que tinha tido em toda sua vida.”
Na sua intensa carreira de cavaleiro tauromáquico toureou sempre ao lado das maiores figuras e em saudável competição, nutrindo por cada um dos seus colegas uma sincera amizade que partilhava também fora das arenas. Destacam-se os nomes de João Núncio (seu Padrinho de Alternativa), José Núncio, Luís Miguel da Veiga, João Moura, Joé Lupi, José Mestre Batista, David Ribeiro Telles, Paulo Caetano… Com estes e muitos outros toureiros encheu de glória as arenas por onde passou, ficando na memória dos aficionados as celebres corridas realizadas em Espanha em que partilhou cartaz com Rafael Peralta, Manuel Jorge de Oliveira, Ángel Peralta.
José João Zoio era também um excelente equitador e isso traduzia-se na sua forma de tourear, com os cavalos bem trabalhados, com invejáveis noções de lide, cravando de frente e sabendo esperar pelos toiros no momento exacto de cravar…
Recordar José João Zoio é também enaltecer a sua atitude em praça, a sua humildade como grande figura do toureio que era. Sabia viver os triunfos com emoção e sabor. Mas quando as coisas não lhe corriam bem era também um senhor: parava o cavalo, baixava a cabeça em sinal de respeito e depois entregava-se de novo por completo na sua profissão, procurando de novo o triunfo e a desejada glória.
Um acidente na Praça de Toiros de Alcochete provocou-lhe uma grave lesão na coluna vertebral que o afastou cedo das arenas, ainda com muito para dar à Festa. Depois de retirado das arenas voltou-se a vestir de toureiro na corrida de despedida de António Badajoz no Campo Pequeno, o seu apoderado de sempre. Fica ainda na memória recente, a noite de 23 de Julho de 2009 no Campo Pequeno, tendo sido testemunha de honra do cavaleiro Duarte Pinto (filho do seu amigo Emídio Pinto).
Não podemos acabar este texto sem enaltecer a sua grande humildade e senhorio também fora das arenas. Amigo do seu amigo, senhor de muitas e boas histórias, homem de grande cultura, famoso era também o seu sorriso aberto e as suas gargalhadas únicas.
Figura popular e de uma enorme abertura gostava de falar com todos os que a ele se dirigiam. Facilmente conversava com os seus amigos, admiradores ou simples desconhecidos e para todos tinha uma palavra de simpatia, uma atitude de respeito. Respeito também que nutria pelo seu País, sendo conhecida sua admiração pela História de Portugal.
Partiu um senhor, uma figura, um toureiro e um grande Homem. Ficam as saudades, as recordações, o seu exemplo. Que Deus abençoe José João Zoio e que o receba junto de Si de braços abertos e pela Porta Grande.
Texto de : Miguel Soares
O seu corpo será velado na igreja de Colares, no dia da amanha, e o seu funeral será na quinta-feira, dia 3 de Setembro, com missa de corpo presente, pelas 12H00.
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