segunda-feira, 26 de abril de 2010

Festival Taurino em Santo António das Areias


- Praça de Toiros: Santo António das Areias (Marvão)
- Data: 24 de Abril de 2010, pelas 17.00 horas
- Empresa: Vasco Pombeiro
- Ganadaria: Herdeiros de Cunhal Patrício
- Cavaleiros: António Ribeiro Telles, João Paulo, Sónia Matias, Ribeiro Telles Bastos e Duarte Pinto
- Cavaleiro Amador: Rui Guerra, que prestava provas para cavaleiro praticante
- Grupo de Forcados: Forcados Amadores de Portalegre, de Monforte e de Bencatel, capitaneados, por Fernando Coelho, Paulo Jorge Freire e Paulo Serra, respectivamente.
- Assistência: ¾ de casa forte.
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Ricardo Pereira, assessorado pelo médico veterinário Dr. José Tenório Guerra.


Festival taurino já tradicional a 24 de Abril, por ocasião das festas de S. Marcos, que tinha como aliciante principal a prova de praticante do cavaleiro alentejano Rui Guerra, num cartel de seis cavaleiros, em que se misturou a veterania com alguma juventude, em saudável competição. Completavam o cartel três grupos de forcados alentejanos, em disputa pelo troféu “Casa do Povo” para a melhor pega.

No início foi guardado um minuto de silêncio em memória de Ricardo Mota, jovem forcado do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, tragicamente falecido no passado fim-de-semana.

Os toiros da ganadaria anunciada – a espanhola de Juan Albarran – foram substituídos por um curro de novilhos/toiros de Cunhal Patrício dispares em idade, apresentação, trapio e comportamento, sendo os primeiro e segundo da ordem os de mais fraca qualidade, e indignos de entrar em praça, mesmo que num festival de uma praça de 3ª categoria. Os restantes tiveram bastante mobilidade e mostraram-se voluntariosos e colaboradores.

Deu início à tarde de lides a cavalo António Ribeiro Telles, que começou por cravar três ferros compridos de execução correcta, em sortes à tira bem desenhadas, com destaque pela positiva para o ferro cravado em segundo lugar. Nos curtos sobressaiu na brega e, dos quatro ferros que deixou no toiro merece nota alta o terceiro, pela primorosa preparação e execução do momento crucial.

Para lidar o segundo da ordem saiu João Paulo, um cavaleiro já com bastantes anos de alternativa, mas que acusou a falta de corridas. Conduzindo as montadas sempre com as duas mãos nas rédeas e usando de velocidade a mais, sentiu algumas dificuldades em deixar os ferros, vendo-se obrigado a utilizar quatro montadas, sendo que, com uma delas não conseguiu cravar qualquer ferro. No final e num gesto de grande pundonor e verguenza torera, recusou dar volta, apesar da insistência do público.

Sónia Matias foi a grande “conquistadora” do público. Saiu a deixar dois grandes ferros compridos, duas tiras de grande valor, em reuniões emotivas e de colocação excelente. Nos curtos baixou um pouco a fasquia, mas, mesmo assim, agradou ao público que de pé aplaudiu o seu labor, apesar de alguns toques e de alguns erros na colocação dos ferros. Terminou com violinos e ferros de palmo muito aclamados pelos presentes.

Ribeiro Telles Bastos primou essencialmente pela elegância em montar a cavalo e pela brega que ministrou ao quarto da ordem, sempre com bom critério na escolha dos terrenos para cravar. Na execução das sortes andou algo irregular. Começou muito bem, deixando três compridos de nota alta, mas nos curtos oscilou entre bons ferros (o 1º foi mesmo o melhor da tarde) e outros em que, inclusivamente falhou o toiro (o 4º). Terminou em bom plano, com a colocação de um ferro de palmo de alto nível.

Depois da boa lide que teve em Santarém, Duarte Pinto mostrou novamente o bom momento que atravessa. Apresentou uma lide bastante criteriosa na escolha dos terrenos e esteve muito bem a cravar e a rematar as sortes. Nos ferros compridos o destaque grande vai para o segundo ferro e nos curtos destacou-se na execução do que cravou em quarto lugar com o qual deveria ter terminado, pois que o último foi o de menor quilate, pela colocação menos correcta.

Rui Guerra, cavaleiro amador que, nesta tarde, prestou provas para cavaleiro praticante, mostrou já bastante desembaraço, embora a denotar claramente as influências das corridas que leva toureadas no país vizinho. Na execução das sortes, esqueceu-se quase sempre de um dos momentos fundamentais: o cite. Cravou todos os compridos sem citar e, nos curtos, citou sempre com alguma rapidez, não se mostrando ao toiro como devia. Com mais corridas à portuguesa e com o passar de mais algum tempo, tem condições para triunfar nesta difícil profissão em que agora subiu mais um degrau. Dos dois ferros compridos e quatro curtos que cravou, destacou-se o último ferro curto pela correcta execução em todos os seus momentos. Terminou com um violino e um ferro de palmo que nada vieram acrescentar à sua lide.

No capítulo das pegas, os grupos optaram por rodar os seus elementos mais jovens. Abriu a tarde o Grupo de Forcados Amadores de Portalegre por intermédio de Carlos Martins, que citou de largo, a fixar bem o toiro, a mandar vir para uma boa reunião, consumando um pega tecnicamente muito boa. Para pegar o quarto da ordem foi escolhido António Cary que conseguiu também uma boa pega, bem ajudado pelo grupo, depois de um bom cite e de uma reunião correcta.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Monforte saiu para pegar o segundo da ordem o forcado Pedro Nunes. Iniciou o cite no centro da praça e, com o toiro a arrancar com prontidão, conseguiu fechar-se numa boa pega, bem ajudado pelo grupo, que mostrou coesão. Gonçalo Costa citou de largo e a dar vantagens, o novilho arrancou de pronto e com alguma pata e o forcado não conseguiu recebê-lo de forma correcta, não conseguindo reunir. À segunda tentativa o forcado também não esteve bem no momento de receber (pareceu-nos ter adiantado as mãos) e foi desfeiteado pelo novilho. Consumou ao terceiro intento com correcção e com boa ajuda do grupo. Apesar de tudo, no final saiu com prontidão para a volta à arena.

O Grupo de Forcados Amadores de Bencatel iniciou a sua tarde de pegas por meio do forcado Carlos Polme que citou e meia praça, a tentar fixar o novilho, mas este a arrancar de pronto e com pata, o forcado a reunir com algum impacto, mas a sair já no seio do grupo que não aguentou os derrotes. À segunda tentativa, com as ajudas bem carregadas e algumas ajudas extras, conseguiu consumar a pega. Para encerrar a tarde de pegas saiu mais um jovem, Joaquim Ramalho, que, na primeira tentativa, esteve algo precipitado, a querer fazer as coisas depressa demais e não conseguiu reunir. À segunda, apesar de não estar bem a receber o novilho, conseguiu consumar a pega, bem ajudado pelo grupo.

No final o prémio para a melhor pega foi atribuído a Carlos Martins do Grupo de Forcados Amadores de Portalegre.

O Mais e o Menos
+ Nada a registar
- Os dois primeiros toiros.
- O ambiente “festivaleiro”das bancadas, com movimentações constantes do público durante as lides e sem respeito pelos forcados no momento das pegas.

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