segunda-feira, 17 de maio de 2010
Ponte do Rol, ponte da saudade
Passando pela cidade de Torres Vedras, havia bandeiras a assinalar o Bicentenário da Batalha das Linhas de Torres, facto histórico sem dúvida, como histórico ficou a atitude do Maestro José Júlio com 75 anos em cima, ter o “atrevimento” de se pôr diante de um bruto com cornos de investida violenta, e não bastante isso a ventania que se fazia sentir na região oeste.
Mas quem nasce toureiro morrerá certamente toureiro, este maestro José Júlio é feito de carta antiga, daquela fibra com que se fizeram homens com feitos notáveis. A faena em si não foi repleta de brilhantismo, muito por culpa da falta de qualidade do oponente, e também por causa do vento que não deram descanso ao percal e à muleta que bailavam não consoante a orientação do maestro mas por força do inimigo vento.
Ficou o gosto, o sabor e algumas “pinceladelas” de um toureiro que marcou uma época, rivalizou com portugueses, espanhóis e mexicanos, tragou vezes sem conta os Miura em Sevilha, e hoje de idade avançada ainda tem alento para aturar esta Festa que não é certamente a dele, nem aquela que os da sua geração prepararam.
Mas agora que estamos “na geração moderna” onde até os telemóveis tocam o Espanha Cani, ficou-me a gosto, a anteceder o festival, de estar no Grupo Desportivo Recreativo e Cultural Ponterrolense, neste dia 15 de Maio e a simpática senhora sugeriu-me o pastel de feijão e de grão da Fábrica da Coroa de Torres Vedras, especialidade da região (dizia a senhora), e o facto é que lá fui com a boca doce para o amargo do pó branco que cobria a arena, e que no final do festival mais parecia eu que vinha de uma panificação do que de um tauródromo.
Festas em honra do Sr. Jesus dos Aflitos, penso que com a crise todos se sentem assim, levou a que entre outras actividades se desenrolasse o festival taurino que dirigido pelo Sr. António Garçôa e assistido pelo Dr. José Manuel Lourenço, que estiveram diligentes na condução do espectáculo, teve nas lides de Sónia Matias, Marcos Tenório e Marcelo Mendes, os melhores momentos da tarde.
Bastinhas (pai) abriu função, e homem educado como é brindou ao homenageado maestro José Júlio, mas depois com um manso da ganadaria de Dias Coutinho, pouco pôde fazer cumprindo em função do hastado e nada facilitou a vida ao cavaleiro Elvense que se teve de arrimar para deixar quatro curtos.
Sónia Matias, com a sua raça e alegria em praça teve uma actuação agradável dentro do seu estilo. Se com o Zebedeu recebeu o toiro, com o Monforte e o Atrevido, “montou” a sua lide com pormenores deveras interessantes, mostrando-se ao oponente (Rio Frio) que com os seus 5 anos não facilitou a vida à cavaleira. Ficam na retina um ferro “à antiga” dando vantagem ao oponente de larga distância.
Marcos Tenório, igual a si próprio e com a regularidade que lhe reconheço. Com muito trabalho feito em casa, este jovem valor tem em cada actuação a seriedade e entrega que a juventude ainda lhe permite exprimir, o de Santa Maria também foi voluntarioso e Bastinhas (filho) atingiu nos quatro curtos, em que partida recto com ligeira batida ao pinton contrário e remate da sorte (coisa hoje já esquecida porque a sede de palmar é muita), momentos de verdadeira classe.
Marcelo Mendes, o cavaleiro Torrejano aguentou o ímpeto das investidas do bruto da ganadaria de Felecidade Dias, e com o cavalo Único atingiu momentos de pôr o público nas bancadas em estado de felecidade pela força da colocação da ferragem curta. Mais um jovem cavaleiro a merecer a atenção do público pela entrega que coloca nas suas actuações.
Daniel Nunes, a um passo de se poder apresentar em Madrid (Las Ventas) o jovem voltou a demonstrar estar em boa forma e moralizado. Se o Ortigão de cara séria não lhe facilitou a vida, Daniel teve de pôr o que o novilho não tinha. Aproveitou o lado direito e ficaram registos positivos, entre eles a série de moletinas. O vento não permitiu o luzimento do jovem toureiro.
Júlio Antunes, teve de se enfrentar com um novilho do Engº Jorge de Carvalho, agressivo na investida, o jovem teve de se aplicar para sacar alguns passes e assim ter cumprindo ao efectuar uma faena também muito prejudicada pelo vento.
Forcados alentejanos e estremenhos em praça, que não tiveram dificuldades de maior em pegar. Pelo Grupo dos Académicos de Elvas, Roberto Ameixa (1ª), Bernardo Dias (2ª).
Pelo Grupo de Alenquer, Carlos Miguel (2ª), Diogo Oliveira (1ª).
Destacaram-se na brega Belmonte e Ricardo Pedro e nas bandarilhas Duarte Alegrete e Fábio Machado.
Quanto aos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, não entendi a sua atitude de não socorrerem o jovem forcado Luís Machado quando ficou inanimado na arena, afinal qual o seu papel na praça de touros???
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