Já a madrugada tinha entrado, quando o speaker de serviço (após a entrega do Troféu em disputa) deu por terminada, a corrida de toiros na praça” Joel Felizardo Rosado” no Alandroal;
efectivamente convenhamos salientar que cerca de três horas e meio de espectáculo é demais, também é verdade que a instalação eléctrica da praça esteve apagada cerca de quinze a vinte minutos, mas há que rever certos aspectos que se repetem e que alongam em demasia o tempo do espectáculo. A empresa “Aplaudir” montou uma corrida com seis cavaleiros, e teve sucesso, pois a praça registou uma enchente, demonstrando que há muita gente aficionada na localidade e zonas limítrofes; a meteorologia também ajudou, pois a temperatura estava amena, apenas refrescou na parte final do evento.
TITO SEMEDO, abriu o espectáculo, e pode-se dizer que a sua lide teve altos e baixos baixos. Começou por receber bem o seu oponente, dobrando-se com ele e mostrando-se, após o que lhe cravou dois ferros compridos regulares.Com a ferragem curta as coisas complicaram-se, a montada abria muito o quarteio e depois não tinha toiro debaixo da mão, pois este começou a esperar e a revelar alguma fraqueza.Com nova montada, e a pisar terrenos de compromisso, o bom toureio apareceu, e a ferragem foi de boa nota o que fez com saísse da praça com fortes aplausos vindos das bancadas.
SÓNIA MATIAS continua a ser muito reconhecida e acarinhada pelas praças onde actua, isso foi visível na noite do Alandroal, logo que saiu para as cortesias. A sua actuação foi séria e conseguida, frente a um hastado que de inicio lhe levantou problemas, pois tinha fortes arrancadas, as quais a cavaleira soube aguentar muito bem; depois de um primeiro ferro comprido falhado, redimiu-se e o segundo foi correcto, citando de largo e partindo de encontro ao seu oponente. Para a ferragem curta foi buscar o Sultão e voltou a citar de largo, dando vantagem ao toiro e a quarteio deixou quatro ferros curtos muito do agrado do público. Voltou a trocar de montada, e trouxe o Atrevido, um bonito e muito expressivo cavalo, que chega facilmente aos tendidos, cravando com ele um ferro de violino, um de palmo em sorte também de violino e finalmente um de palmo, deixado bem no alto do morilho, saindo debaixos de vibrantes aplausos.
PAULO JORGE SANTOS, cavaleiro que tem actuado pouco entre nós, foi um dos triunfadores da noite, apesar de ter sido prejudicado na sua lide, pois foi exactamente a meio dela, que ocorreu a falha de energia eléctrica. Começou bem, aguentando as arrancadas codiciosas do seu oponente, um bonito exemplar castanho e com hechuras, que teve nota alta quanto ao comportamento.Com ele trouxe-o colado à garupa do cavalo, largo tempo em volta do redondel, criando logo frisson nos espectadores. Depois já com outra á prestação dos bandarilheiros, que quanto a mim mexeram demais com o toiro, pois para além do desgastarem, o mesmo começou a criar crença junto das tábuas. Resolvida a avaria, recomeçou a lide, e bom toureio a cavalo assistiram todos os presentes; o ginete citou de frente, entrou recto à cara do toiro e com bom quarteio os ferros curtos sucederam-se, salientando-se a excelente prestação do cavalo. Mesmo com o toiro descaído em tábuas, Paulo Jorge resolveu bem o problema, citou em curto e calmamente partiu para cima do cornúpeto e deixou a ferragem da ordem, sempre bem rematado. No final da lide, foi visível o seu contentamento, pois ao chegar perto da porta de cavalos desmontou-se e juntou aos aplausos do público, os seus, em reconhecimento à excelente prestação do cavalo.
Para lidar o quarto da noite saiu à arena DUARTE PINTO, cavaleiro de dinastia e que nesta temporada parece vir a ser a da sua afirmação; esteve muito bem de princípio a fim, demonstrando muito bom toureio, aliado a excelente equitação. Lidou um bem apresentado toiro que também colaborou com o ginete, revelando alguma codicia e alguma bravura. Com os ferros compridos, citou de largo e depois quarteando-se cravou duas boas tiras. Trocou a montada e com um cavalo preto ferro Ortigão Costa, a lide foi sempre em crescendo. Esteve a gosto, muito toureiro, bregando bem , deixando-se ver e escolhendo os terrenos adequados para entrar a cravar. Voltou a citar de largo, encurtando terrenos e depois de frente, e levantando bem o braço, cravou em su sitio dos melhores ferros da noite, sempre rematados a condizer, nada mais nada menos do que mandam as regras do nosso toureio clássico à portuguesa.
Dizem os aficionados espanhóis que “ no hay quinto malo”, puro engano, o quinto toiro da noite foi o pior da corrida , um manso que desenrolou sentido e que queria colher tudo o que lhe aparecia pela frente, e coube à jovem cavaleira JOANA ANDRADE lidá-lo. Com os compridos ainda as coisas foram correndo bem, cravando três ferros, aguentando as fortes mangadas do toiro e dobrando-se bem com o mesmo. Depois o toiro parou-se nos médios, esperava pela aproximação do cavalo e recusava a pelea, e Joana sentiu muitas dificuldades para cravar os ferros, pois a montada também não pissava terrenos do toiro, e assim nada podia fazer, saindo debaixo de aplausos e assobios.
Encerrou a longa corrida o cavaleiro praticante RUI GUERRA, que actuava entre os seus conterrâneos, e que a avaliar pelos aplausos que lhe foram tributados agradou bastante. Coube-lhe no sorteio, o maior e mais pesado toiro da corrida, que diga desde já, cumpriu a sua função, colaborando com o jovem ginete. Rui começou bem a sua actuação, cravando dois bons ferros compridos. Trocou a montada e a lide continuou muito movimentada, mexendo bem com o seu oponente, através de brega com bastantes passagens pela cara do toiro e depois ferros curtos de boa nota. Voltou a trocar de cavalo, surgindo no “Paganini”, um veterano cavalo que deu grandes triunfos a Joaquim Bastinhas, também ele a assistir à corrida na trincheira da praça, e com o qual Guerra deixou um ferro de violino e outro de palmo, saindo debaixo de grande ovação.
Para as pegas estiveram em praça os grupos de forcados de Bencatel, Aposento do Alandroal e Cuba, que não tiveram noite fácil, não pegando qualquer toiro ao primeiro intento, algumas vezes por deficientes ajudas. Por Bencatel pegou o cabo Paulo Serra (à 2ª ) depois de na 1ª ter empranchado o corpo e o grupo não ter fechado e Carlos Polme podia ter feito a pega da noite, caso as ajudas tivessem sido eficientes, pois aguentou uma enormidade bem fechado na cara do toiro com este a entrar pelo grupo adentro, saindo muito mal tratado e sendo dobrado por Bruno Carvalho que só na sua 2ª tentativa consumou a sorte.
Pelo grupo da casa pegou Alexandre Lopes (à 2ª) à córnea, depois de na 1ª tentativa ter estado mal a receber. João Espinheiro apenas à 3ª tentativa e a sesgo pegou o 2º toiro que tocou ao grupo.
O grupo da Cuba mandou para a cara dos seus toiros, João Fitas que também a sesgo e
apenas à 3ª tentativa resolveu o problema que o toiro lhe criou. Finalmente Nuno Rocha fechou-se à 2ª tentativa, na pega que encerrou a corrida.
Da “Lezíria do Parcel”- Vila Franca de Xira, vieram seis novilhos/toiros (algarismo 7) da ganadaria da “Casa Agrícola da Avó”, que substituíram os anunciados nos cartazes de F.L. Caldeira. Estavam bem apresentados e proporcionados de peso, tendo na generalidade cumprido, excepção feita ao 5ª, e nota alta o 3º e 4º.
Dirigiu a corrida o delegado tauromáquico Sr. Francisco Farinha, assessorado pelo médico-veterinário Dr. José Guerra.
A parte musical foi da responsabilidade da Banda da Escola de Música do Centro Cultural de Alandroal, e o cornetim de serviço foi o Sr. Nuno Narciso.
Como notas finas, referir que estava em disputa o “ Troféu Sousa “ para a melhor pega, o qual o júri decidiu atribuir a Paulo Serra do grupo de Bencatel, e mesmo para terminar deixar um alerta para a fraca luz que a praça possui, que afecta o desenrolar das lides (criando-se muitas sombras) e também dificultando a qualidade das reportagens fotográficas.
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