sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A importância, ou não, dos Prémios da Temporada

Portugal é um País que tem dificuldade em valorizar o mérito.

Nestes dias em que a crise entra nas nossas casas, seja porque a sentimos na pele ou porque simplesmente ligamos a televisão, percebemos quantos de nós andamos a clamar "direitos adquiridos" e nos revemos naqueles que com a mais pura demagogia se dizem defensores de um Estado que a todos acorre sem nos dizerem como é que isso se paga.

São poucos, são quase sempre malvistos e não conquistam adeptos aqueles que, dizendo a verdade, nos dizem que só aqueles que trabalharem muito, só aqueles que estudarem muito, só aqueles que forem muito competentes, só aqueles que desempenharem as suas funções de forma eficiente e produtiva, só aqueles que sendo fortemente avaliados conseguirem alcançar bons resultados terão hipótese de sobreviver com qualidade e que todos os outros terão necessariamente de passar um mau bocado.

Veja-se como reage o nosso País e grande parte do nosso Povo quando se fala em avaliação rigorosa: os Professores ofendem-se, os Funcionários Publicos reclamam, os Alunos pedem exames mais fáceis, etc., etc. O que todos achavam bem era manter as coisas como estavam quando 95% dos Professores tinham Muito Bom na sua avaliação e asseguravam a sua progressão, quando subir na carreira na Função Pública apenas dependia do número de anos de Serviço, ou quando se encontram soluções para, sem precisar de estudar, se obtêm graus de ensino como sucede nas Novas Oportunidades.

Estranho seria que na Festa dos Toiros tivessemos uma postura diferente. Por isso encontrámos uma formula bastante socialista de resolver o problema: todos dão volta no final da sua actuação, independentemente dos méritos da mesma, até porque se não se esteve melhor foi certamente por culpa do Toiro que não colaborou e por isso a Volta é na mesma um direito.

Claro que esta realidade é excelente para os Medíocres mas é absolutamente castradora para os Bons. E o que acontece, como aconteceu em todos os Estados que viveram o Socialismo como forma de organização, é que os Bons acabam por se tornar preguiçosos e mediocres pois não há nenhum incentivo para continuarem a serem bons. Se no final todos dão Volta para quê o esforço de estar realmente bem? É que estar realmente Bem, tal como sucede em qualquer profissão, custa muito mais do que estar simplesmente Mediocre.

Os Espanhóis não têm este problema pelo menos no que diz respeito à Festa. O facto de cada actuação ser avaliada no final da mesma com a atribuição, ou não, de troféus, e de existirem vários tipos de troféus numa escala de mérito, faz com que os Melhores se destaquem dos outros. Além disso o facto dessa avaliação ser normalmente justa, porque embora democrática passa ainda pelo crivo de um júri, faz com que aqueles que dela têm conhecimento, mesmo que não tenham visto a actuação, saibam se a mesma teve ou não méritos. Eu não preciso de ir a Madrid para saber que se houve um toureiro que cortou duas orelhas a um toiro é porque esteve francamente bem e finalizou com uma boa e efectiva estocada. Infelizmente já não posso dizer o mesmo em Portugal. Saber que um cavaleiro deu volta em cada toiro não quer dizer simplesmente nada sobre a sua actuação.

Neste contexto os Prémios de Final da Temporada deviam ter, em Portugal, uma importância transcendente, pois seriam uma das únicas oportunidades para realmente distinguir os Melhores e é do interesse de todos, em especial desses que são ou foram Melhores, mas também do público e das próprias Empresas, que os Melhores sejam valorizados.

Mas infelizmente a maioria dos Prémios que se atribuem em Portugal não se regem pela Justiça da Valorização do Mérito mas sim pelas Amizades e Simpatias. É comum hoje em dia que uma mesma Entidade atribua 4 Prémios na mesma categoria o que simplesmente retira toda a importância a esses mesmos Prémios. E é igualmente comum, sobretudo entre orgãos da comunicação social taurina, que se premeiem uns aos outros. Ninguém se distingue se todos são distinguidos.

Na minha forma de ver as coisas aqueles que são distinguidos com este tipo de Prémios davam uma enorme categoria a si próprios se, com respeito e simpatia, agradecessem mas se recussassem a receber tais pseudo-honrarias.

A TAUROMANIA também vai entregar os seus Prémios aos Triunfadores da Temporada 2010. Há apenas um vencedor em cada categoria (Melhor Cavaleiro, Melhor Cavaleiro Praticante, Melhor Ganadaria, Melhor Grupo de Forcados, Melhor Bandarilheiro e Melhor Empresa). Queremos que estes Prémios signifiquem alguma coisa e por isso modificámos a forma de eleição. Antes todos os nossos visitantes podiam votar e valiam todos os votos vindos de e-mails distintos. Verificámos que desta forma poderiam ganhar sempre aqueles que têm mais amigos a votar e que outros, se calhar com menos amigos mas porventura com mais méritos, nunca iriam ser reconhecidos. Agora entregámos a eleição aos Sócios do CLUBE TAUROMANIA. São cerca de 160 pessoas, certamente aficionadas, e a quem caberá escolher, tendo em conta os méritos das suas actuações em 2010, quem foram os Triunfadores da Temporada.

Os nossos Prémios, tal como todos os Prémios, só terão algum valor se reconhecerem o Mérito de quem realmente o teve. Se assim acontecer tornar-se-ão seguramente Prémios de Prestigio, tal como são por exemplo os Prémios da Sociedade Moitense de Tauromaquia que ainda há poucos anos deixou quase todos os seus Prémios desertos num ano em que quase ninguém esteve bem na Feira da Moita. Certamente ao proceder assim a SMT perdeu a oportunidade de ser simpática para alguns mas o que fez foi dar importância e prestigio àqueles que vencem aquele troféu pois nós aficionados ficámos a saber que só há vencedores quando há triunfos. Este é um bom exemplo a seguir!

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