sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Grande entrevista com o líder do escalafon 2009
Na semana que antecede o início da Temporada, a Tauromania foi até Pegões conhecer as novas montadas e entrevistar aquele que tem sido o líder do escalafon em Portugal, Luís Ferreira Vicente, conhecido pelos Aficionados por Luís Rouxinol. Cavaleiro de Alternativa desde 1987, em Santarém, numa Corrida da Rádio Renascença, teve como padrinho João Moura e testemunhas Joaquim Bastinhas e o Rui Salvador.
Foi na sua Quinta, e com muita simpatia, que o cavaleiro, na companhia do seu Apoderado, o senhor Mário Freire, nos recebeu e passámos a tarde onde nos foi apresentados os "cantos á casa", os seus colaboradores e toda a sua quadra, de novos a antigos, com os quais conta para continuar a liderar o escalafon "por este e muitos mais anos".
Este ano apresentará 12 cavalos a tourear, com três novidades, Zezito, Lusitano Puro de pelagem ruça com ferro "Lima Duarte" e 5 anos de idade para as bandarilhas; Zagalote, Lusitano Puro de pelagem ruça com ferro "Pedro Lapa" e com 5 anos de idade, também para as bandarilhas e Aroma, Cruzado com o ferro da casa "Luís Rouxinol", 4 anos de idade e que será cavalo de saída. Este cavalo é filho do Gaiquer, ferro "Ortigão" e segundo o próprio Luís Rouxinol "o melhor cavalo de saída que tive até hoje!"
Segue-se a entrevista completa.
Tauromania (T) - O Luís Rouxinol foi o líder do escalafon com 51 festejos, e tem vindo sempre a manter este número ao longo dos últimos anos, é complicado manter este nível de permanência de estar sempre nos primeiros lugares?
Luís Rouxinol (LR) - Há uns anos que venho liderando o escalafon, não é de todo fácil, até bastante difícil, mas com base no trabalho e com a mesma ilusão de há vinte anos, graças a Deus, tenho conseguido manter-me.
T - O Luís Rouxinol e o Mário Freire (Apoderado) tem uma ligação já longa, que completará 20 anos esta temporada, sendo a mais antiga da Festa em Portugal, como é que se mantêm uma relação com esta duração?
LR - Acima de tudo somos como uma família, desde 1990 que discutimos os problemas que surgem antes e depois das corridas, as actuações, o que correu bem e mal, tudo o que devia ter sido feito, o que não devia ter sido feito. O senhor Mário foi uma pessoa que apareceu numa altura muito importante, tinha acabado de tirar a Alternativa e estava naquela fase “para dar o salto”, foi bastante importante a ajuda que tive e penso que daí para cá as coisas têm corrido bem e espero que continue a correr assim por mais alguns anos.
T - O Luís começa a Temporada de 2010 na segunda-feira, dia 1, no tradicional Festival de Mourão, como se está a preparar?
LR - Sim, começo já dia 1 em Mourão e tenho mais uns festivais de inicio de temporada fechados, dia 20 de Março em Vila Viçosa, outro no Sobral de Monte Agraço, mais dois ou três, o que é bastante bom para ver se nesses festivais sai já um cavalo ou dois novos. Mesmos para nós, cavaleiros, estes meses em que se está mais parado ou a tourear vacas não é a mesma coisa do que estar em praça, é diferente. E estes festivais de inicio de temporada servem de certa forma para rodar não só os cavalos como a nós também.
T - Para esta nova temporada, em termos de novas montadas, o que é que os Aficionados podem esperar?
LR - Para alem da quadra que tinha o ano passado, tenho mais três cavalos novos para sair este ano, um deles até estava já a querer sair com ele em Mourão, vamos ver se isso será possível.
T - São cavalos que vão iniciar agora a sua vida de toureio?
LR - São cavalos “postos” cá em casa, foram criados nesta casa e são para iniciar por mim esta temporada.
T - O Luís toureia pouco, ou quase nada, em Espanha, pelo menos nestes últimos anos, isso prende-se com alguma razão em especial, com o preferir o “nosso” toureio ao toureio praticado nas arenas espanholas, por falta de oportunidades não deve ser com certeza…
LR - Pois, convites não faltam... Logo quando tirei a minha Alternativa, e mesmo antes disso, toureei muitas corridas lá fora, cheguei a ter temporadas de 20 e tal corridas… entre Espanha e França. Acontece que tenho muitas corridas cá, financeiramente não me compensa ir tourear a Espanha. Prefiro actuar cá, tenho uma temporada bem preenchida.
T - Sobre o problema das bandarilhas que está a ser debatido, principalmente pelos Forcados, e sobre o qual já foi realizado um teste em Évora, qual é a sua opinião como cavaleiro sobre os três protótipos apresentados?
LR - Eu até estive presente em Évora, quando se realizou esse teste. Penso que qualquer um dos três ferros compridos pode servir o cavaleiro, e tudo o que seja para diminuir acidentes penso que será bastante positivo para todos.
Sobre os ferros curtos, as chamadas bandarilhas “á espanhola”, apresentam algumas vantagens e certamente algumas desvantagens. Na minha maneira de ver as bandarilhas curtas “á espanhola” são utilizadas em Espanha, mas nunca sem antes serem usados os “rojões”, o que não acontece cá, e aí os toiros não serão castigados como deviam, e nesse aspecto será prejudicial principalmente para o Forcado.
T - Mas como cavaleiro vê alguma diferença na utilização daqueles ferros durante a lide?
LR - Os ferros compridos não vejo diferenças, mas em termos dos ferros curtos penso que não vão ter o mesmo impacto com o publico nas bancadas que os utilizados actualmente. As “espanholas” são colocadas e caiem/ pendem logo. Pelo menos eu, enquanto espectador, não gosto tanto como as outras.
T - Dentro da Festa fala-se da falta que uma Plataforma faz á própria Festa, de que “muita gente fala mas ninguém faz nada”, do seu ponto de vista, o que é que falta fazer para a Festa estar mais defendida?
LR - Penso que na Festa, e falo de nós cavaleiros e toureiros, somos uma classe um pouco dispersa, não somos unidos. Se formos a ver, na altura das corridas, quando elas acabam cada qual vai para seu lado, não se fazem colóquios, não se discutem os problemas da Festa, penso que podia ser uma classe mais unida.
A nível governamental penso que existem muito poucos apoios, apoiando tantas outras coisas, a Festa dos Toiros está um bocado esquecida, embora exista muita gente no Governo que até gosta da Festa mas não aparecem, não dão a cara, não percebo o que se passa... É uma Festa nossa, com muita tradição, ainda este ano se viu muitas corridas, praças cheias, compostas… mas penso, mesmo assim, que somos poucos mas somos bons e que levaremos a água ao nosso moinho!
T - Como é que o Luís vê a importância da Internet, nos dias que correm?
LR - Pessoalmente não é coisa que eu dê grande importância, mas tenho a noção da importância da internet. Toda a juventude, na sua maioria, acompanha tudo através da internet, é o futuro, e eu tenho essa noção.
T - Em termos, não em Portugal, mas sim Mundiais, existe alguma praça que para si fosse um sonho tourear?
LR - Por acaso é uma praça em que tive duas oportunidades para lá tourear mas, por uma circunstância ou outra acabou por não se realizar, que é Madrid, penso que é uma praça que qualquer toureiro gostaria de actuar.
T - Para terminar, vamos ter mais um toureiro na família (o seu filho Luís)?
A ver vamos… ele anda com muita ilusão, tem 13 anos, vamos ver. O outro com um ano ainda tem muito para crescer e ver. Agora o mais velho, anda com muita vontade, vamos ver, se ele tiver jeito eu estarei cá para apoiá-lo.
Penso que se ele quiser seguir esta vida vai ter o caminho mais facilitado do que eu tive.
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