domingo, 4 de abril de 2010
S. Manços – Tarde de Toiros em tom cinzento
S.Manços, vila taurina do concelho de Évora, viveu um dia de Festa Rija, onde os toiros e os cavalos andaram associados; pela manhã realizou-se um Passeio Equestre e Encierro dos toiros a lidar na corrida, e pelas 16h na Praça “José Jacinto Branco”, realizou-se a já tradicional corrida da Páscoa.
O tempo não ajudou, muitas nuvens ameaçadoras e alguns pingos de chuva, nas horas que antecederam o espectáculo, terão afastado público das bancadas, que mesmo assim registaram meia-casa forte. A Empresa “Terra Brava” montou um cartel bastante competitivo, e foi a Espanha buscar um curro de toiros sério, com peso e com idade (algarismo 5 na mão), mas a bravura ficou aquém do esperado. Efectivamente dos toiros “Benitez Cubero” que viajaram desde os campos sevilhanos até S. Manços, apenas o 1º lidado, mostrou alguma bravura e nobreza, os restantes acusaram a idade e foram sonsos, reservados e com pouca codicia. Devido à inutilização de um toiro durante o Encierro, foi também lidado um toiro da ganadaria espanhola de “Alcurrucén”, que cumpriu bastante bem.
LUIS ROUXINOL rubricou duas boas actuações, sendo a 1ª a mais consistente, perante o melhor toiro da corrida, que acudia com bravura às montadas do ginete de Pegões. Boa brega, e de frente bons ferros, rematados a condizer. Voltou a pedido do público, a cravar um bom par de bandarilhas, com que costuma encerrar as suas lides. Ao 4º toiro da tarde, Rouxinol deu a lide possível; com os compridos e montando o “Dólar”, citou de praça a praça e deixou 3 compridos à tira de bom nível, numa altura em que o toiro ainda tinha investida. Depois o toiro veio a menos, começou a defender-se em terrenos de tábuas e obrigou o cavaleiro a mostrar todo o seu bom ofício e toda a sua raça, que foram enormes e proporcionaram aos tendidos momentos de bom toureio a cavalo. Quis terminar a lide em beleza, foi buscar o cavalo “Mustang” e cravou um ferro de violino, seguido de um de palmo, que motivou os fortes aplausos do público.
VITOR RIBEIRO teve uma passagem bastante positiva pela arena de S.Manços, faltando-lhe a ajuda dos seus oponentes para triunfar fortemente. Com o 2º da corrida, um toiro sonso, com meias-investidas e que transmitia pouco, o cavaleiro esteve correcto, quer na brega, quer na escolha de terrenos de cravagem, e foi necessário entrar nos terrenos do hastado para deixar os ferros da ordem. Na sua segunda lide o nível subiu bastante; voltou a ter um toiro parado e pouco colaborante, mas a entrega de Ribeiro foi enorme, e voltando a pisar terrenos de compromisso, entrando de frente e cravando bem no alto, rubricou uma actuação que mereceu fortes aplausos.
O jovem cavaleiro praticante TIAGO CARREIRAS, lidou dois toiros de ganadarias diferentes. O seu 1º pertencia à ganadaria de “Alcurrucén”, era o toiro que estava destinado a ser o Sobrero da corrida, mas que acabou por ser lidado, devido à inutilização de um da ganadaria titular. Foi um bom toiro, com pata e acometividade às montadas. Deixou a ferragem comprida, com mão incerta; trocou a montada e com os curtos veio logo para criar alvoroço nas bancadas, através de entradas cambiadas à cara do toiro, e cravagem ao piton contrário. Foram cinco ferros curtos emocionantes, o 3º de grande qualidade, e algumas passagens em falso, por quarteios muito abertos e onde depois faltava toiro no momento da reunião. O toiro que encerrou a corrida, da ganadaria “Benitez Cubero”, levantou muitas dificuldades (manso e parado) ao jovem ginete, que nunca virou a cara e tudo fez para triunfar. Neste toiro esteve bem nos ferros compridos, e depois com os curtos, a lide foi desenvolvida sempre bem perto do toiro, que entretanto descaia para tábuas. Tentou através de adornos com a montada, que o toiro tivesse mais investida, e o público soube reconhecer o valor da brega. A sua irreverência, fez com que fosse buscar o craque da sua quadra o “Quirino”, e com ele cravou dois bons ferros curtos, seguidos dos adornos templados, que esta montada tão bem sabe fazer, terminando em grande ambiente a actuação.
Em praça estiveram os grupos de forcados de Évora e S.Manços que no computo geral tiveram bons desempenhos; os de Évora mais eficientes com todas as pegas consumadas à 1ª tentativa, mas também com os toiros a apresentarem menos dificuldades, e os da casa a superarem muito bem as maiores dificuldades que os toiros lhe criaram.
Foram caras por Évora, Vasco Fernandes, que apesar da investida ser com a cara alta, se fechou bem e as ajudas a serem eficientes. Jose Miguel Martins, citou a gosto, mostrou-se bem e reuniu com facilidade. E por fim João Leitão também não sentiu dificuldades para consumar a pega, dado que o toiro limitou-se a empurrar. Por S. Manços, pegaram José Capela (à 1ª), numa reunião pouco ortodoxa em que o forcado ficou fora da cara do toiro, sendo depois as ajudas que corrigiram o seu posicionamento. António João Carretas fez à 2ª tentativa, uma grande pega, a aguentar os derrotes do toiro, com a cara alta e a desfeitear os restantes elementos do grupo. O cabo Joaquim Branco pegou o último da tarde, e depois de sofrer violento derrote na 1ª tentativa, efectuou uma rija pega, fechando-se com grande galhardia e aguentando uma enormidade de derrotes do toiro.
Como referi no inicio desta crónica, foi lidado um curro de toiros, sério com idade (5 anos) e peso, tendo os de “Benitez Cubero” acusado os pesos de 605, 600, 580, 660 e 660 kg respectivamente, e o toiro de “Alcurrucén” 550 kg.
Dirigiu a corrida o Sr. José Tinoca, assessorado pelo médico-veterinário Dr. Matias Guilherme.
Abrilhantou o espectáculo a Banda Filarmónica da União Montoitense, e a embolação e ferragem da corrida, foi da responsabilidade do Sr. José Paulo.
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