
Era de expectativa, o ambiente em torno da quarta corrida da Feira taurina de maior importância em Portugal, a da Moita. Ricardo Pereira dirigiu com sobriedade, em nossa opinião, pecou em não devolver o último da função.
Era a festa anual do GFAA da Moita e logo num desafio de muita seriedade, com “cinqueños” de ferro e divisa de emoção comprovada, para os forcados. Confirmou-se o esperado, saíram para os forcados, sérios, com pata, poder e a empregar-se. Empurraram com força, mas sem maldade, exigiam muito espírito de entrega e colectivo coeso. Quando tal aconteceu o Grupo fez parecer fácil a sua tarefa, a primeira parte da corrida foi, nesse aspecto, muito diferente da segunda, nem sempre as reuniões foram as correctas, mas a rapidez dos caras a emendarem-se e a “pinha” a ajudar, fizeram com que Jose M. Bettencourt, Pedro Sousa, Diogo Gomes (num verdadeiro comboio de 625 kg), nos três primeiros e Nuno Inácio, no quinto (com direito a vergar o ferro de suporte da trincheira no embate), concretizassem com emoção e brilhantismo à primeira. José Henriques foi de um estoicismo tremendo ao fazer cinco tentativas ao Pereda (o anunciado sobrero da corrida de terça, que um inusitado Mago de Aladino transformou, num outro que viria a sair, de Conde Cabral), o toiro pôs sempre a cara, mas a falta de ajudas sobretudo nas terceiras, fez com que viesse a aprender a tirar a cara e defender-se, complicando uma actuação sem mácula até aí. Fechou Francisco Baltasar à segunda, também dura e coesa, depois de uma primeira tentativa em que o poder do toiro, foi superior ao dos forcados que saltavam e ficavam pelo chão. Inteligentemente, Tiago Ribeiro (um cabo exemplar na praça a comandar e “a dar ao cabedal”, toda a noite até onde pode, muitas vezes, nessa abnegação, ficou nas ajudas, o que também contribuiu para os toiros chegarem com mais pata a tábuas, sem rabejador), trocou-lhe os terrenos e cortou-lhe o “gás” suficiente, para não complicar. Triunfo indiscutível do Forcado Amador, desta vez pela mão do Aposento da Moita.
Os toiros de La Dehesilla e um de Pereda, tiveram muita casta, nobreza, exigiram e quiseram lutar sem maldade, saíram com pata e poder, na generalidade. Um curro muito sério, que a idade levou a que aprendessem no decorrer das lides, tornando-os mais complicados para o toureio fácil. Pediam mais vantagens e distancia para virem para cima, ao invés de algumas tareias de capote, verificadas. Um curro para verdadeiros aficionados!
O de Pereda evidenciou de inicio os sinais de ter estado encerrado durante algum tempo, mas com a lide “esqueceu-se”, deixou-se lidar mas sem brilhantismo.
João Moura puxou da tarimba de uma carreira longa e cheia para sem toques e sem comprometer, deixar em ambos a ferragem da ordem, de forma asseada, sem recorrer ao facilitismo dos adornos, ficou na retina o excelente primeiro curto no seu primeiro, o mais colaborante do lote.
João Salgueiro, esteve lutador e em grande plano. Está num momento de confiança e em crescendo, nota-se pela forma como está a pontuar as suas actuações com maturidade, a arriscar, a pisar terrenos de compromisso e com muita decisão. Jogou com o entendido publico da Moita e este correspondeu afirmativamente, tributando-lhe justas ovações, em ambos, especialmente nos ferros com cite pausado e frontal a dar primazia de investida ao oponente e em curto. Superior o último da primeira lide, na zona do sector dois com o toiro fechado em tábuas. Pena as reuniões não serem as mais cingidas, para que tudo fosse perfeito. Foi o triunfador indiscutível!
Rui Fernandes teve por diante o pior lote. O primeiro, o ”garvanzo negro” do encierro , adiantava-se uma barbaridade desde inicio e esperava no momento do ferro, sempre que o toureiro o atacou, saiu com encontrões violentos de acometidas de manso. Sem luzimento, não percebemos a insistência em mais um ferro, bem recusado por Ricardo Pereira. O seu segundo, saiu diminuído dos posteriores, tal fez com que não ajudasse, sobretudo no momento do ferro, reuniões abertas de inicio, que melhoraram com a lide, à medida que o cavaleiro se foi confiando e descobriu a fórmula possível de chegar às bancadas. De menos a mais, terminou em plano aceitável, dadas as circunstancias.
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