Além do balanço à sua primeira temporada falámos também das suas expectativas para 2011 e de outros assuntos como a quantidade de Grupos que hoje existe, a Palha Blanco e o concurso de que irá ser alvo no próximo dia 21. Vale a pena ler:
"Tenho como objectivo pegar 30 corridas e mais de 100 toiros por ano"
Tauromania (T) - Qual o balanço que fazes a esta primeira temporada como Cabo do Grupo de Vila Franca?
Ricardo Castelo (RC) - A temporada 2010 foi bastante positiva pese embora o número de espectáculos em que actuamos. Tivemos corridas duras e sérias onde o Grupo correspondeu com grande qualidade e onde ficaram bem mostradas a experiência dos forcados da cara e a coesão do Grupo a ajudar.
T - Quantas corridas fizeram?
RC - Pegamos 23 espectáculos, corridas e festivais, tal como no ano anterior.
T - Isso corresponde aos teus objectivos?
RC – Não… é um número inferior aos objectivos pois tendo em conta a historia e quantidade e qualidade dos forcados que temos podemos pegar um maior número de corridas.
Tenho como objectivo pegar 30 corridas e mais de 100 toiros por ano, o que implica que destas 30 algumas sejam de 6 toiros.
Este é um número que considero que o actual Grupo tem capacidade para pegar, não baixando a qualidade, para dignificar o Grupo e tudo e todos que o representaram.
T - É voz corrente que muitos Grupo angariam publicidade e até vendem bilhetes para as corridas em que actuam. O que pensas disto?
RC - Tenho uma ideia muito clara em relação a isto. Acho mal e não consigo aceitar. Eu como cabo, forcado, e aficionado acho que isso não dignifica de maneira nenhuma os forcados e Grupos de forcados que andam com dignidade na Festa.
T - Achas que isto é sinal de que há Grupos a mais?
RC – Sim, acho que é por haver grupos a mais e porque há falta de seriedade.
T - Isto dificulta a tua tarefa enquanto Cabo?
RC - Isto dificulta e prejudica. Eu percebo que seja aliciante e que dê mais segurança ao empresário, mas no que diz respeito à qualidade da Festa duvido que esta seja a melhor opção. Como Cabo quero que o meu Grupo esteja bem, faça boas pegas e tenha boas maneiras dentro e fora de praça e que seja isso que leve os aficionados a ir aos toiros. Mas logicamente quando estes não são os argumentos que valem para se ser contratado os que actuam da forma como nós actuamos são prejudicados.
T - Sendo tu sobrinho de um antigo Cabo e tendo o Grupo de Vila Franca tantos elementos antigos que acompanham o Grupo e gostam sempre de dar os seus palpites, tem-te sido fácil marcar o teu próprio espaço?
RC - Ser sobrinho de um antigo cabo e ter tantos elementos antigos a acompanhar o Grupo só me orgulha e acrescenta responsabilidades. Marcar o meu espaço e meter as minhas ideias em prática tem sido fácil porque foi nesse sentido que recebi mais conselhos. Sempre me disseram para ir pelas minhas ideias e que a responsabilidade agora era minha, corresse mal ou bem. Neste aspecto tenho sido um cabo “novo” com muito espaço. No entanto recebo com agrado todas as opiniões dos elementos antigos e actuais.
"O Grupo vale por o seu todo e não há nem pode haver vedetas"
T - Quem foram os elementos que mais se destacaram ao longo desta temporada?
RC - Não quero deixar de dizer que o Grupo está acima de todos nós. Fiz questão de relembrar isto muitas vezes durante o ano, mas é com bons exemplos que se dá continuidade a essa linha que quero seguir.
O Grupo vale por o seu todo e não há nem pode haver vedetas mas, no entanto, há sempre elementos mais utilizados. Este ano destacaram-se o Pedro Castelo que ganhava confiança de corrida para corrida – acabando num nível que já não o via há muito tempo – o Ricardo Patusco voltou a ganhar alma e a confiança que parecia ter perdido na última época, os irmãos André e Emanuel Matos (ndr: ajudas que dão primeiras e segundas) que tornariam muito fácil ser cabo de um Grupo se tivesse só elementos com a técnica e vontade deles, a garra e técnica do Tavares (ndr: também ajuda) e, por fim, o Márcio Francisco no nível a que já habituou. Estes tornam, por várias razões, a fasquia de exigência muito alta e é por olhar para o lado e ver forcados destes que gostava de ter maior número de corridas e marcar presença nas Feiras mais importantes para mostrar bem os grandes valores deste Grupo.
Este ano também foi o ano do Luis Santos “Cagaréu” que se despediu, não só pelo que deu ao Grupo este ano como durante 14 anos. Merece por isso um destaque especial. Foi um grande segundo ajuda que tive a honra de comandar e de o ter como amigo.
"mesmo com assistências fracas a Palha Blanco é uma praça especial não só para nós mas para toda a Festa"
T – Aproveitando teres falado do “Cagaréu” nas bancadas de Vila Franca cantou-se o hino do Rancho dos Cagareus durante a volta após ele ter pegado. Mesmo com assistências fracas a Palha Blanco é uma praça muito especial para o Grupo de Vila Franca?
RC – É, claro que sim. É a Praça da nossa terra e independentemente das assistências é uma praça onde se dão corridas boas com toiros sérios e onde nos lançam desafios importantes.
Mas penso que Vila Franca não é só uma Praça especial para o Grupo de Vila Franca, é uma Praça especial para a Festa. É costume ver-se em Vila Franca algumas coisas que parecem perdidas noutros sítios como aplaudir um toiro de saída pelo seu trapio, ou no final obrigar a fechar as portas para que o toiro dê volta. Também na Palha Blanco se vêem menos voltas imerecidas que na maioria das outras praças mas quando se está bem também em Vila Franca se reconhece isso. Por exemplo, não vejo outra Praça onde se chame tanto os ajudas a dar volta quando estes estão bem.
T - Falando ainda da "Palha Blanco", é sabido que nesta Praça o Grupo de Vila Franca tem muita influência. Na época passada pegaram em Vila Franca grupos que estamos pouco habituados a ver pegar nessa praça. Como viste esta situação?
RC - O Grupo de Vila Franca tem tido até ao momento, por mérito próprio, alguma influência na Palha Blanco como disseste mas nós não somos os empresários da Praça. Aos empresários só pedimos duas coisas, como aconteceu no ano passado: é que não sejamos prejudicados em relação ao número de espectáculos que pegamos e que não estejamos presentes quando achamos que o espectáculo não dignifica. Falo de corridas com 3 Grupos por exemplo, caso alguém não perceba.
T - E o que desejas para o Concurso que se realiza no próximo dia 21, para adjudicação da Praça para os próximos 2 anos?
RC - Só espero que a empresa que ficar com a praça nos próximos 2 anos cumpra os requisitos que atrás referi e que venha dignificar a centenária Palha Blanco trazendo bons espectáculos aos exigentes e difíceis aficionados vila-franquenses.
T - Quais as expectativas que tens para a próxima temporada?
RC - Ter maior número de corridas e estar presentes em Feiras importantes com grandes desafios.
T - Quando começam a treinar?
RC – Começaremos na Ganadaria da Herdade do Balancho da Paula Vilaverde, como já é quase tradição no Grupo. Já o fazemos há muitos anos.
T - Com a quantidade de Grupos que agora há os Ganaderos continuam a ter abertura para receber os Forcados para treinarem?
RC – No nosso caso felizmente sim. Há Ganaderos que todos os anos nos ajudam, como o exemplo que já referi e outros como as ganadarias São Marcos, Ribeiro Telles ou Nuno Casquinha, entre outras.
T - E quanto a corridas, já têm algumas marcadas?
RC - Não. Ainda nada. Mas ainda é cedo para que os empresários nos comecem a ligar.
T - No seio da ANGF os Grupos decidiram que nesta temporada 2011 as bandarilhas de segurança já seriam condição obrigatória para que os forcados aceitassem actuar. Como achas que esta decisão vai ser recebida?
RC - Acho que vai ser bem recebida até porque já houve este ano de habituação e todos estão conscientes da importância desta medida para os forcados.
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