Data: 17 de Agosto de 2011, às 18h00
Empresa: Toiros e Tauromaquia, Lda.
Ganadarias: 3 Santiago Domecq e 3 Passanhas
Cavaleiros: João Salgueiro, Pablo Hermoso de Mendoza e João Ribeiro Telles Jr.
Grupo de Forcados: Amadores de Coruche, capitaneados por Amorim Ribeiro Lopes
Assistência: ¾ fortes
Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Lourenço Lúzio, assessorado pelo Delegado técnico veterinário Dr. José Luís Cruz
Por estes dias de Agosto, Coruche vive com intensidade as suas festas tradicionais em Honra de Nossa Senhora do Castelo. A corrida desta tarde é a data forte da temporada coruchense e contou com uma boa entrada de público, num cartaz que estava rematado.
Contudo, a esta corrida faltou o factor fundamental da Festa, ou seja, o TOIRO. Desde logo, dos seis “soberbos” toiros de Santiago Domecq anunciados no cartaz três foram recusados, tendo sido substituídos por três toiros da ganadaria alentejana de Passanha. Esta alteração de última hora pronunciava aquilo que se veio a passar na arena, isto é, os seis toiros saídos à praça ficaram muito aquém do que é esperado num toiro bravo. Os três Domecq foram mansos e reservados, com pouco trapio e apresentação muito díspar. Os pesos oscilaram entre os 485 kg e os 525 Kg. Já os Passanhas saíram com boa apresentação, deixaram-se lidar mas faltou-lhes “chispa”. Os pesos variaram entre os 535 Kg e os 545 Kg.
Ao cavaleiro João Salgueiro calharam-lhe as duas “favas” da corrida das duas ganadarias em praça. O primeiro Domecq revelou-se desde cedo manso, procurando as tábuas. Salgueiro procurou contrariar esta mansidão, tentando tirar o toiro da sua querença natural. Embora tenha trabalhado para tirar partido do oponente, não houve qualquer matéria-prima para brilhar. No segundo do seu lote - um passanha muito reservado – Salgueiro tentou colocar a emoção que faltou ao toiro. Mostrou-se mais a gosto, decidido e com um toureio com ritmo, pecando porém por ter colocado demasiada ferragem, sem ter toiro para o efeito por falta de bravura. Pouco mais se regista nesta tarde do cavaleiro de Valada.
O rejoneador espanhol Pablo Hermoso de Mendoza apresentou-se em Coruche com determinação e com respeito pelo público. Calharam-lhe dois toiros que não complicaram, o que permitiu ao cavaleiro de Navarra poder brilhar com as estrelas da sua excelente quadra. Na sua primeira lide, Pablo teve pela frente um toiro colaborante, desenhando uma lide asseada e ao seu estilo de toureio. Esteve bem a preparar a ferragem e rematou superiormente as sortes, com muita toreria. Destaca-se o segundo ferro curto, com uma boa reunião ao estribo. No quinto toiro da tarde – mais um passanha que não complicou – Pablo voltou a mostrar bonitos pormenores de brega. Destacam-se o quarto ferro curto, com ligeira batida ao piton contrário e com uma reunião justa, assim como o último ferro curto, com o rejoneador espanhol a conseguir tirar partido das investidas finais do toiro. O público esteve com Pablo!
A “jogar em casa” o cavaleiro João Ribeiro Telles Jr. apresentou-se em praça cheio de garra e com vontade de triunfar. Logo no primeiro do seu lote, Telles Jr. foi buscar o toiro à porta dos curros, deixando-lhe de seguida duas boas tiras. Na ferragem curta, o mais jovem ginete da Torrinha mostrou uma brega bem cuidada, com bonitos pormenores. Dos ferros colocados destaco o segundo curto, com o cavaleiro a vir buscar o toiro, a aguentar e a cravar ao estribo como mandam as regras. Terminou a lide com a sua marca, um violino bem cravado e um par de bandarilhas bem colocado, a colmatar um ferro de palmo que não ficou. No último toiro da tarde, Telles Jr. mostrou-se de novo com gosto. O toiro foi-se interessando pelo cavalo e o cavaleiro foi cuidando a brega, mostrando brio na preparação das sortes. É pena que as reuniões tenham sido quase sempre tardias e ligeiramente aliviadas. Fica na retina o último ferro de palmo, uma rosa cravada com verdade. Uma tarde importante para João Ribeiro Telles Jr..
No capítulo da forcadagem, a tarde era de compromisso para o Grupo de Forcados Amadores de Coruche, que este ano comemora o seu 40º Aniversário. Encerrando-se em solitário com os seis toiros, é sempre bonito ver fazer nas cortesias os mais novos e as velhas glórias do grupo. Foi pena - nesta que é a data forte de Coruche - não ter sido feita uma homenagem ao grupo da terra por tão importante efeméride. A abrir praça foi à cara do primeiro toiro o cabo Amorim Ribeiro Lopes que citou de forma decidida e mandou na investida. No momento da reunião o toiro baixou a cabeça mas o forcado mostrou braços e querer, ficando na cara do oponente até o grupo fechar com eficácia. Para o segundo, o escolhido foi o veterano Paulo Pinto. Depois de na primeira tentativa não ter conseguido ficar na cara do toiro, consumou à segunda, aguentando e reunindo com decisão, com o grupo a ajudar coeso. Para o terceiro saltou também à arena o forcado veterano António José Ferreira. Não foi feliz nesta tentativa tendo sido dobrado por Alberto Simões, que citou com calma, mandou vir o toiro e reuniu com determinação, aguentando na cara do oponente até o grupo fechar e assim concretizar esta pega. No quarto toiro foi à cara o forcado Pedro Crispim. Depois de duas reuniões difíceis com o toiro a complicar, o forcado consumou à terceira com as ajudas mais reforçadas mas reunindo com correcção e com o grupo a ajudar coeso. Ricardo Dias foi o escolhido para o quinto da tarde. Com um cite determinado, o toiro arrancou de largo e com muita pata. O forcado soube esperar e reuniu com muita decisão, aguentando depois a viagem pelo grupo dentro, com muito querer e ficando sempre na cara do passanha até o grupo conseguir fechar esta rija pega. Para o último toiro da tarde saltou a trincheira o forcado Pedro Galamba. Citou com muita alegria, mandou na investida e reuniu à córnea, ficando na cara do toiro com muita garra até o grupo fechar bem e assim consumar esta boa pega.
O Mais e o Menos
+ O bom ambiente da corrida. Praça muito composta e muitas famílias nas bancadas.
- A mansada e a falta de trapio dos toiros Santiago Domecq. Falta de cuidado em terra com tanta tradição ganadeira.
- Na data forte de Coruche faltou a homenagem aos 40 anos do Grupo da terra. Esta era a data certa pelo ambiente que se vive neste dia na capital do Sorraia.