A ganadaria Murteira Grave, uma das mais prestigiadas de Portugal e mesmo do mundo taurino, regressa dia 4 de Junho ao Campo Pequeno, sendo a primeira vez que se apresenta nesta praça após a reinauguração, em 2006.
A este facto acrescem outros motivos de interesse, com ele relacionados: por um lado, o imponente curro que será pegado por um único grupo de forcados, os Amadores de Montemor, na comemoração de setenta anos de actividade e, por outro, o cavaleiro Joaquim Bastinhas lidará o toiro número 100 do seu currículo pessoal, pertencente a esta ganadaria.
A ganadaria Murteira Grave foi fundada em 1958, através da compra da ganadaria de Sanchez Ibarguen. Este efectivo acabaria por ser eliminado e substituído por reses de Pinto Barreiros; Juan Guardiola e Samuel Flores. Em 1974 foram introduzidos sementais de Carlos Nuñez e, mais tarde, de Vasconcellos d’Andrade (Tamarón-Alves do Rio), “Paquirri” (Carlos Nuñez) e Juan Pedro Domecq, sendo agregado, em 1995, um lote de vacas e sementais de Carlos Nuñez. Em 2004 foram introduzidos sementais de Jandilla. Muito premiada nacional e internacionalmente. Em 1984, “Sacristão” foi considerado o toiro mais bravo da feira de Santo Isidro (Madrid), a mais importante feira taurina mundial. Em 1988, de novo pela feira de Santo Isidro, a ganadaria Murteira Grave ganhou o troféu para a melhor corrida completa.
Joaquim Bastinhas vem a esta corrida lidar aquele que será o centésimo toiro da ganadaria Murteira Grave a constar do seu incomparável currículo. Ao longo de mais de um quarto de século de actividade profissional, Joaquim Bastinhas, ganhou um lugar de destaque, não só entre os aficionados, como no coração da generalidade dos espectadores ou simples curiosos do toureio a cavalo, fruto da entrega e do selo pessoal que imprime a cada actuação. Com Bastinhas alternam o consagrado Luís Rouxinol, também ele um artista de eleição do público do Campo Pequeno e que, com Bastinhas, tem compartilhado actuações moráveis nesta praça, competindo na sorte de bandarilhas a duas mãos, em que são exímios. Completa a “terna” de cavaleiros o jovem e valoroso António Maria Brito Paes que, na corrida de 7 de Agosto de 2008, registou uma actuação notável no Campo Pequeno, esclarecedora dos seus notáveis progressos artísticos.
O Grupo de Forcados Amadores de Montemor, fundado em 4 de Setembro de 1939, comemora este ano setenta anos de actividade. Desde a sua fundação, já passaram pelo grupo cerca de quatro centenas de elementos. Os forcados de Montemor actuaram em todos os continentes, honrando a sua cidade, o seu país e a sua arte tão peculiar. Arriscando a vida, sofrendo algumas colhidas bastante graves, que deixaram marcas, foram cimentando ao longo de décadas o espírito do Grupo, fazendo com que a amizade, que une todos os que algum dia fizeram parte desta comunidade de bravos, seja uma realidade sempre presente. Tendo como madrinha Nossa Senhora da Visitação, padroeira de Montemor, os nove cabos que o Grupo conta no seu historial (Simão Comenda, Manuel de Sousa Nunes, Américo Chinita de Mira, Joaquim José Capoulas, António José Zuzarte, João Cortes, Paulo Vacas de Carvalho, Rodrigo Corrêa de Sá e José Maria Cortes) tiveram sempre sob a sua chefia jovens valorosos que, com a sua arte, valentia, espírito de entreajuda, sacrifícios e um sã amizade, contribuíram para dar continuidade ao Grupo e colocá-lo na primeira fila dos forcados portugueses.