segunda-feira, 27 de julho de 2009

Alternativa sem brilho na Palha Blanco


Praça de Toiros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira

Data: 25 de Julho de 2009, pelas 18 horas

Empresa: Tauroleve, Lda.

Ganadaria: Murteira Grave

Cavaleiros: Luís Rouxinol, Rui Fernandes e Agostinho Silva que recebia a alternativa

Grupo de Forcados Amadores: de Montemor e V. Franca, capitaneados por José Maria Cortes e Vasco Dotti, respectivamente.

Assistência: ½ casa

Delegados da IGAC: delegado técnico tauromáquico Sr. Lourenço Luzio, assessorado pela médica veterinária Dra. Francisca Claudino.

Tarde com pouco público para presenciar o acto de alternativa do cavaleiro vilafranquense Agostinho Silva, que teve como Padrinho Luís Rouxinol e como testemunha Rui Fernandes. Em disputa, por dois dos mais conceituados grupos de forcados, estava o 2º troféu Ricardo Silva "Pitó", a atribuir à melhor pega da tarde, em memória do malogrado forcado do grupo de Vila Franca.Os toiros vieram da afamada Ganadaria de Murteira Grave e saíram à arena com excelente apresentação e trapio, não defraudando as expectativas de quem acorreu à praça para os ver lidar e pegar. Em termos de comportamento, na generalidade foram mansos e difíceis, com excepção dos 1º e 5º da ordem, que se mostraram colaboradores, investindo com alguma bravura e nobreza. Os pesos oscilaram entre os 460 e os 590 Kg e estavam marcados com o algarismo 5 na espádua.Luís Rouxinol cedeu a Agostinho Silva, seu afilhado, o primeiro toiro da tarde, depois de lhe conceder a alternativa de cavaleiro tauromáquico, numa cerimónia bastante vulgar e que não chegou ao público. O nobel cavaleiro teve sortes distintas relativamente aos toiros que teve pela frente. O primeiro, um toiro nobre e com laivos de bravura, colaborou plenamente com o cavaleiro, não necessitando este de o colocar em sorte para cravar. Assim, conseguiu colocar os ferros da ordem sem grandes problemas, numa lide sem destaques de maior. O seu segundo – último da corrida – saiu a denotar mansidão, adiantando-se à montada descaradamente e procurando defender-se em terrenos de tábuas. Sem qualquer sentido de lide, revelando um total desconhecimento dos terrenos e sem conseguir "mexer" no toiro, o cavaleiro só a muito custo conseguiu deixar alguns ferros de forma muito pouco ortodoxa e imprópria para uma praça de 1ª categoria.A Luís Rouxinol tocaram os 2º e 4º da ordem, dois dos piores toiros da corrida, em termos de comportamento. No seu primeiro, um toiro sério e difícil, o cavaleiro de Pegões construiu uma lide bastante séria e de grande valor. Abriu o toiro com dois ferros compridos de execução correcta, com o senão de ter sido tocado na colocação do segundo. Nos curtos, com uma lide cuidada, interessando o toiro que procurava o refúgio de tábuas e elegendo sempre os melhores terrenos para cravar, deixou quatro ferros de grande valor, entrando pelo toiro dentro e cravando de alto a baixo. Terminou a lide com um ferro de palmo a consentir um toque na montada, mas que em nada desluziu o trabalho de valor que havia feito anteriormente. No seu segundo o cavaleiro andou um pouco mais aliviado, com reuniões menos cingidas, dando primazia aos ladeios e às viagens lateralizadas para cravar. Iniciou com dois ferros compridos, o primeiro de colocação correcta e o segundo a resultar dianteiro, após uma boa preparação. Dos quatro curtos que deixou no murrillo do toiro, destacou-se o segundo, colocado em reunião ajustada e levantando bem o braço na hora de cravar. Terminou com um ferro de palmo por dentro e com um bom par de bandarilhas, saindo sob forte ovação do público.Rui Fernandes reaparecia após a lesão que o levou ao incumprimento de alguns contratos. Ainda com o braço imobilizado, o cavaleiro construiu duas lides que chagaram ao público. O primeiro que lhe tocou em sorte foi um toiro manso, algo andarilho, que não galopava e que colocou algumas dificuldades de lide. Apesar disso, o cavaleiro teve momentos altos, nomeadamente na execução dos 1º e 5º curtos, este precedido de um quiebro que resultou emotivo e com impacto no público presente. Nos compridos, o primeiro resultou correcto de execução e o segundo algo traseiro de colocação. Na sua segunda lide tocou-lhe o melhor toiro da corrida, a par do primeiro da ordem. Bem a seguir a montada, com fijeza e a colaborar no momento da reunião, revelou bravura e nobreza, acorrendo aos cites com prontidão. Apesar disso, o cavaleiro optou por cites em curto e execução de ferros a sesgo. Colocou dois compridos sem destaque e cinco curtos, dos quais se destacaram os segundo e terceiro, executados em reuniões mais ajustadas e emotivas. Pela negativa, deve referir-se a excessiva intervenção dos bandarilheiros que, com capotazos a mais, retiraram algumas faculdades de investida aos toiros.No respeitante às pegas, a tarde foi de competição sadia entre dois dos melhores grupos de forcados da actualidade. Iniciou a tarde, pelo Grupo de Forcados Amadores de Montemor o forcado João Cabral, que consumou uma boa pega ao primeiro intento e bem ajudado pelo grupo. Para pegar o terceiro da ordem, foi escolhido Pedro Santos, que, perante uma arrancada pronta do toiro, conseguiu uma pega correcta, com o toiro a não complicar. João Mantas saltou para pegar o quinto da tarde e conseguiu-o a muito custo, à 4ª tentativa, com o grupo em cima, depois de estar mal na recepção nas tentativas anteriores.O Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca, a actuar na sua terra, iniciou a sua actuação por intermédio de Márcio Francisco, que consumou uma rija pega ao segundo intento, com o grupo a denotar um grande espírito de entreajuda e uma enorme coesão. Bruno casquinha, ao quarto toiro da corrida, efectuou uma grande pega à primeira tentativa, toda ela plena de técnica e mando, com execução primorosa de todos os tempos da arte de pegar. Encerrou praça Ricardo Patusco que, à segunda entrada ao toiro, conseguiu também uma boa pega à córnea, com uma boa reunião e muito bem ajudado pelo grupo.O júri deliberou atribuir o 2º prémio Ricardo Silva "Pitó" à segunda pega da tarde, efectuada pelo forcado do grupo de Vila Franca, Márcio Francisco.

O Mais e o Menos

+ O espírito de competição entre os dois grupos de forcados

- O pó que se fez sentir nas bancadas

- A falta de silêncio do público durante as pegas

- A circulação de público e vendedores pelas bancadas no decurso das lides, denotando alguma falta de cuidado do pessoal de serviço nas portas de acesso às bancadas, em contraste com o excesso de zelo do pessoal de serviço nas portas de acesso à praça, que não permitiam a reentrada de quem pretendesse sair, não relevando o motivo.

Sem comentários:

Enviar um comentário