O Campo Pequeno voltou a registar uma enchente na temporada 2009. Desta vez para assistir, na noite de 23 de Julho, a mais uma Corrida da “Revista VIP” e que foi, simultaneamente, a de Alternativa de Duarte Pinto.
Foi bonito ver três gerações claramente definidas nas cortesias e no testemunho ao Doutoramento concedido pelo catedrático Emídio a seu filho Duarte. Noite de algum saudosismo, de mistura de emoções e reflexões. A amizade por Duarte Pinto e por Emídio Pinto, terá sido o mote para que voltassem a vestir de toureiros, D. José João Zoio, Mestres Luís Miguel da Veiga e Frederico Cunha e a passar a perna por cima de um cavalo no Campo Pequeno, mas também o reconhecimento dos valores que nortearam desde sempre o Pai e norteiam, percebeu-se de novo ontem, o Filho. Por direito e a uma mão a cavalo, lidador a entender o oponente sem alvoroços desmesurados, foi de frente e procurou cravar de alto a baixo com decisão, o que conseguiu, na maioria das reuniões com o “Pueblo” de 618 kilos, com três anos e ferro e divisa de Guiomar Moura. Foi acarinhado pelos menos conhecedores e aplaudido com força e respeito por aqueles que, souberam apreciar e valorizar o classicismo do alternativado.
Tudo bonito e bom inicio de noite, temperado por uma pega de execução perfeita ao primeiro intento por Joel Zambujeira, dos Amadores de Cascais, a um toiro que viajou com a cara baixo dificultando a entrada dos ajudas.
Só que no melhor pano cai a nódoa e uma vez mais, um forcado sai com uma bandarilha no corpo. Desta vez (a ultima que presenciamos foi à 12 dias em Vidigueira e a penúltima em Maio ultimo na Moita), presa pela madeira, entre a pele e o osso, depois do arpão ter aberto caminho, desde a palma da mão até à extremidade do dedo médio. É incrível como apesar dos alertas, dos exemplos já comprovados, continua a usar-se bandarilhas sem o sistema de protecção contra acidentes. Quando a dita bandarilha “à espanhola” já está generalizada em todo o Mundo taurino. É certo que não reduz na totalidade o risco, mas minimiza e muito e não só para os Forcados. Já houve testes, sensibilizações de toureiros (uns não as dispensam, outros nem por isso), ganaderos, empresas (boa parte das praças estão nas mãos de antigos forcados, excepção a Terrabrava – Évora, que só usa com protecção). Srs. Cabos, TODOS, Associados ou não, tanto faz, toca a todos, está na altura de tomar posição coerente, mas mais dura, não esperar por 2010, como prevê a ANGF. Sucedem-se em catadupa as lesões e continua a assobiar-se para o lado….Sem bandarilhas “á Espanhola” não há Pegas e ponto final.
Quanto ao resto da Corrida VIP, dizer que foi agradável, nitidamente presenciada por maioria de turistas, nacionais e não só.
Paulo Caetano, toureou o seu toiro dentro do comodismo que este permitia, dono de um senhorio a cavalo muito próprio, pecou na colocação da ferragem, nitidamente de alguém sem sitio como se compreende. No entanto teve presença simpática.
Simpatia e de que maneira pôs Joaquim Manuel Tenório na sua lide, percebeu que a maioria da assistência queria espectáculo. Parou em sorte gaiola o Guiomar a aproveitar o brilho que este emprestou na saída a apertar de rabo levantado. Depois foi uma sucessão de ferragem com mérito, rematadas com ladeios a compor actuação de muita conexão com o tendido rematada com o tradicional par. Volta debaixo de entusiástica ovação popular.
João Caetano, lidou o seu oponente ao contrário, senão o tivesse feito teria uma noite para recordar, sem duvida. Depois de compridos regulares, começou por deixar dois curtos de belíssima nota em curto, quando o toiro queria mais espaço, mais brega, para vir a mais e ajudar a lide. Ao terceiro o “seu” pupilo já lhe tapou a saída e quase o fazia cair contra tábuas, então mudou-lhe os terrenos e procurou o tal espaço e ferros mais de largo, só que então, já não havia matéria-prima para tal. Foi do agrado geral o trabalho desenvolvido e premiado com ovação.
Marcos Tenório confirmou a excelente temporada que está a desenvolver, precisa só de apertar mais as reuniões para ser perfeito. Teve uma noite de muita inspiração toureira, magnifico na brega e a entender o que tinha por diante. “Meteu-o no bolso”, andou sóbrio e comunicativo, triunfou com muita força e em todos os sectores da Praça.
A ultime lide passou sem história, tendo como digno de registo dois curtos de Pai Emídio, onde se sentiu um pouco do perfume que o tornou figura do toureio, de resto fica para sempre o registo de que Duarte Pinto toureou a duo com seu Pai o toiro que a este pertencia na corrida em que tomou Alternativa.
No capitulo das Pegas, para além da jà mencionada de Joel Zambujeira à 1ª, tivemos também por Cascais a outra à 1ª da noite, em execução de Luís Camões ( que se adiantou ligeiramente, recebeu descomposto mais emendou com crucial ajuda de Francisco Troles).
O cabo dos Amadores de Monforte Paulo Freire abriu para o seu Grupo e pegou à segunda, assim como Luís Aranha no quinto, ambos não estiveram bem a receber os seus oponentes.
À 3ª pegou João Pedro Pimenta, para os Académicos de Elvas, faltou um pouco mais de alma para ficar no Guiomar, assim como a Joaquim Guerra na sua primeira a fechar em duas tentativas a actuação do Grupo Raiano.
Bom jogo e apresentação dos novilhos/toiros de Guiomar Moura, um curro muito homogéneo, que justificou e bem a chamada á Praça, que um público mais exigente teria concerteza feito dar.
Com embolação de José Alcachão e direcção de José Tinoca decorreu sem grandes exigências de condução mais uma noite com ambiente e entretida em Lisboa.
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