- Praça de Toiros: Sobral de Monte Agraço
- Data: Segunda-feira, 13 de Setembro de 2010, 17h00
- Cavaleiros: Rui Salvador, Ana Batista e Marcos Tenório
- Ganadaria: Manuel Coimbra
- Grupos de Forcados: Amadores de Coruche e Caldas da Rainha capitaneados respectivamente por Amorim Ribeiro e Nuno Vinhais
- Delegados da IGAC: Delegado Técnico Tauromáquico Sr. José Berrocal assessorado pelo médico veterinário Dr Matias Guilherme
- Assistência: ½ Casa
Não pude resistir a colocar este título pela surpresa que o mesmo poderá provocar ao leitor menos atento. José Tomás no Sobral?!!!
É verdade, o maior triunfo da tarde de ontem na castiça Praça de Toiros do Sobral de Monte Agraço foi de José Tomás! Não o maestro de Galapagar mas sim o Forcado dos Amadores de Coruche que realizou uma espectacular pega de caras ao terceiro toiro da tarde que, após permitir uma excelente reunião do forcado, fugiu declaradamente com o forcado na cara tendo vindo só a parar no mesmo sitio de onde tinha arrancado depois de uma viagem muito longa e emocionante que o forcado aguentou sozinho até chegarem ajudas, que quando chegaram o fizeram em quantidade pois saltaram uma série de forcados do Grupo das Caldas que também ajudaram a fechar a pega. Duas voltas merecidas para o coruchense que se dá bem com os ares do Oeste pois já em Agosto passado em Arruda dos Vinhos o vimos dar uma extraordinária primeira ajuda que na altura também mereceu volta.
Em relação ao resto da Corrida, os toiros de Manuel Coimbra defraudaram bastante, sobretudo no que diz respeito à apresentação. A empresa tinha promovido a Mini-feira com base nos toiros mas este curro não correspondeu às expectativas e não se pense que se pedem toiros com 600 Kilos no Sobral, mas pede-se, como em todo o lado, toiros rematados, coisa que não se viu pois quatro dos seis toiros estavam visivelmente magros, sendo o último, que curiosamente foi o melhor, quase inapresentável. Em termos de comportamento foram difíceis para os toureiros. Excepto o referido sexto que acudiu a tudo com prontidão, os restantes foram reservados, tardos na investida, adiantaram-se vários no momento da reunião e cedo revelaram crenças.
Rui Salvador não passa o melhor momento da sua brilhante carreira e viu-se aflito com os Coimbras, tendo demonstrado diversas vezes falta de harmonia quer com os seus cavalos quer com a própria quadrilha. No primeiro da tarde não conseguiu encontrar sitio ao toiro e sobretudo nos curtos as reuniões resultaram quase sempre em toques. No seu segundo foi buscar lá dentro a casta que fez dele figura e superou as dificuldades do Coimbra tendo acabado a lide por cima do oponente e contado com o reconhecimento do público. No entanto no Sobral Rui Salvador esteve distante do melhor Rui Salvador.
Quem pelo contrário atravessa um grande momento é Ana Batista que realizou uma excelente lide ao seu primeiro. Montando durante todo este labor o mesmo cavalo, com o ferro do seu pai, soube mostrar decisão, confiança, capacidade e mestria para vencer as dificuldades deste seu primeiro Coimbra que precisava de ser colocado no sítio certo para permitir reuniões limpas coisa que a cavaleira de Salvaterra conseguiu com muito êxito. No seu segundo as coisas já não correram tão bem. Foi colhida de frente na tentativa de colocar o primeiro comprido e por esse motivo obrigada a trocar de cavalo. Terminou a série de compridos sem brilho e nos curtos embora tenha apresentado um toureio comunicativo, quer com o toiro, quer com o público, não atingiu o brilhantismo do primeiro. Ainda assim marcou diferenças em relação aos seus companheiros de cartel.
Fechava cartel o jovem Marcos Tenório que faz parte desta geração de filhos de toureiros que parecem mostrar muitas dificuldades para estarem pelo menos ao nível do que foram os seus pais. No terceiro da tarde não houve lide tendo Marcos Tenório limitado a sua actuação à cravagem dos ferros após o bandarilheiro ter colocado o toiro em todas as sortes. No principio dos curtos ainda pareceu que poderia ser de outra forma tendo passado pela esquerda tentando levar o toiro na sua garupa mas depressa a actuação se transformou num espetar ferros após colocação do toiro pelo bandarilheiro. É nos toiros complicados que mais se pode mostrar capacidade, ou não. No seu segundo optou por um toureio popular que lhe rendeu muitas palmas do público sobretudo no final quando colocou um violino, seguido de outro violino de palmo à terceira tentativa e finalizando com um par de bandarilhas. Saiu de praça imitando o seu pai com um salto do cavalo e um agradecimento penhorado ao público com os braços no peito… Será preciso ter cuidado pois as cópias são sempre piores que o original e além disso o pai Bastinhas no inicio da sua carreira preocupava-se primeiro em tourear bem.
No capitulo das pegas, além da já referida pega de José Tomás, a tarde foi vistosa, relativamente fácil e entretida, pois os Coimbras arrancaram alegres, permitiram boas reuniões e empurraram sem derrotar até às tábuas.
Pelo Grupo de Coruche abriu praça Luís Gonçalves que diante de um toiro que estava esgotado e farto de trapadas dos bandarilheiros, soube entrar nos seus terrenos para depois reunir com vontade. Foi bem ajudado e esteve bem ao acompanhar o cavaleiro apenas aos médios pois a pega embora limpa não justificava uma volta sozinho.
José Tomás pegou o terceiro.
Fechou a actuação dos coruchenses o muito jovem João Peseiro que recuou bem perante a pronta investida do seu toiro e reuniu bem para ser prontamente ajudado.
Completava o cartel o Grupo das Caldas da Rainha que também protagonizou uma tarde acertada. O segundo da tarde foi pegado por Óscar Carvalho que esteve calmo a citar mas carregou o toiro sem necessidade numa tentativa de alegrar a investida que acabou por descompô-la. Ainda assim superou o ensarilhar do toiro e conseguiu reunir tendo o Grupo fechado bem a pega.
O quarto da tarde era o toiro mais toiro da corrida e era um toiro de pega. Se Mário Cardeira se tivesse mostrado mais pausado poderia ter tido uma prestação com outro sabor mas preferiu mostrar-se ao toiro já a meia praça (o redondel do Sobral é muito pequeno) o que provocou a imediata e emocionante investida do toiro. Reuniu bem e agarrou-se com vontade tendo o Grupo fechado a pega com necessidade de se empregar mais que nos restantes toiros.
Fechou a corrida António Cunha diante de um toiro que além de pequeno revelava bondade. Pegou com facilidade, acerto e alegria.
O Mais e o Menos da Tarde:
+ A pega de José Tomás e a primeira actuação de Ana Batista;
- A falta de apresentação de 4 dos 6 Coimbras;
- O excesso de participação, ainda por cima com muitas trapadas, sobretudo dos bandarilheiros de Rui Salvador e Marcos Tenório;
- A falta de saber estar na trincheira de muitos dos ilustres agentes da Festa que recebem a senha de acesso à mesma. Em determinados momentos das lides contei 12 indivíduos debruçados sobre a teia.
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