segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A noite foi dos Académicos


Passaram dez anos desde que na praça de toiros da Terrugem no dia dez de Junho do ano dois mil, um grupo de Amigos de Elvas, denominados Académicos e com o gosto pela festa brava se juntaram para pegar nesse mesmo dia toiros da extinta ganadaria Goes e Brito Limpo.

Volvido todo esse tempo temos o resultado de além de um grupo de Amigos que continua a ser, ser também um grande grupo de forcados; tudo rapaziada bastante jovem, e cerca de noventa por cento oriundos da própria Cidade ou Concelho que lhe dá o nome, portanto coisa rara e de que poucos grupos se podem orgulhar; já actuaram este ano em dezanove espectáculos, dois deles na Venezuela e na sua grande maioria pautados por grandes êxitos; e ontem para comemorar a sua primeira década de existência somaram mais um ao encerrarem-se em solitário na praça da sua Terra com um curro de Murteira Grave.

Pegaram o David Barradas, Roberto Ameixa, Joaquim Guerra, e Pedro Pimenta, todos á primeira tentativa; o Tiago Fernandes pegou á segunda, e Gonçalo Machado, uma das estrelas do grupo apenas consumou á terceira tentativa.

Joaquim Bastinhas fazia as honras da casa, ao abrir praça frente a um Grave pouco colaborante teve que puxar dos seus galões para conseguir uma lide bem ao seu estilo e com as consequentes marcas da casa: de que a maior referencia é, e foi o tradicional par de bandarilhas.

Rui Salvador teve uma lide bastante correcta, com uma cravagem exemplar e emotiva como é seu timbre, contudo faltou um pouco de ligação entre as sortes para que pudesse-mos dizer que foi uma lide exemplar.

Vítor Ribeiro teve uma passagem por Elvas bastante positiva, pese embora a lesão que o acompanha, este cavaleiro está num momento artístico bastante elevado e as suas actuações são sempre bastante positivas; esteve correcto nos compridos, assim como nos curtos sendo o quarto em sorte de violino bastante aplaudido; o público pediu mais e o toureio acedeu com um de palmo cravado em terrenos de grande compromisso, terminou assim debaixo de fortes aplausos.

Moura Caetano foi sem dúvida o triunfador da noite; com uma lide madura, de poderio e com um sentido artístico elevado, com ferros ao piton contrário de grande categoria e emoção. Aproveitou da melhor maneira o Grave menos mau da corrida ao qual imprimiu a lide adequada; os aplausos mais fortes do público aficionado foram para ele mesmo.

Com Marcos Tenório vieram os momentos de maior emoção da noite, recebeu á porta gaiola, pena foi o toiro não se ter interessado no cavalo, e depois com o toiro a saltar a trincheira e o consequente alarido que tal situação provoca; Marcos inicia a sua lide com um ferro ao piton contrário de grande nota e segue com mais do mesmo tipo, finaliza com um de palmo em sorte violino e termina com um excelente par de bandarilhas por dentro com o toiro a apertar; ouve grandes aplausos apeando-se da montada e agradecendo assim o carinho do público da sua Terra. Marcos leva no sangue a forma de tourear à Bastinhas, e isso está cada vez mais evidente, a sua lide foi a prova disso mesmo, assim, quando seu Pai se retirar os seus inúmeros fãs podem ficar descansados, ver o Marco é sinónimo de ver o seu Pai, com mais valia acrescida da sua irreverência, garra e juventude.

Na lide a duo dos Bastinhas a coisa não resultou como obviamente desejariam, o touro que lhe coube em sorte foi substituído depois de se ter inutilizado e o sobrero não apresentava condições para o brilhantismo; cumpriram com a ferragem da ordem e, pouco mais havia a fazer.

O curro de Murteira Grave que foi lidado em Elvas, apesar de estar irrepreensivelmente bem apresentado não evidenciou grandes qualidades de lide, principalmente bastante falta de força, e com excepção para o lidado por Moura Caetano, todos os outros roçaram a mansidão; de salientar pela negativa o destinado para a lide a duo, que logo após a saída e apesar de já vir debilitado dos curros, esta condição veio a agravar-se logo na fase inicial da lide; depois uma voltareta a quando do cite de um bandarilheiro acabou com o resto; presume-se que a pata anterior esquerda ficou partida, e a partir daqui assistimos a um espectáculo degradante com o toiro a arrastar-se até aos currais, enfim tudo aquilo que jamais queremos assistir numa praça de toiros.

Não achamos assim explicação para a volta de agradecimento que o Ganadero Joaquim Grave deu no final da corrida; sem precisar de ir á profundeza das mais elementares regras de bravura e condições de lide de um touro bravo; A volta de agradecimento de pretenso triunfo nada acrescentou á Sua gloriosa trajectória como ganadero e sobretudo como aficionado.

Perante casa cheia dirigiu com bastante acerto o Sr. Agostinho Borges, coadjuvado pelo Médico Veterinário Dr. José Guerra.

Um grande olé para a Banda Catorze de Janeiro de Elvas que com o seu novo maestro se apresentou mais taurina, e abrilhantou com rotundo triunfo esta corrida de touros.


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