A Tauromaquia portuguesa não consegue suportar (no sentido de manter) uma comunicação social taurina profissional pelo que às 18h00 de um dia de trabalho é normal que muitos não pudessem estar presentes mas ainda assim, entre carolas e os 2 ou 3 profissionais que existem, até estavam umas quantas pessoas a assistir.
E estavamos a assistir a quê? Estavamos a assistir à apresentação de um evento de promoção e defesa da Festa.
Não me interessa discutir se os carteis são bons ou maus, se esta é a melhor forma de fazer as coisas ou se haverá outras mais sólidas e estruturantes que se deviam realizar. O que me interessa é analisar como é que isto nasce e a verdade é que esta jornada nasce da carolice de um individuo que tem influência para a fazer nascer que é Francisco Moita Flores.
Ainda bem que Moita Flores decidiu defender a Festa, ainda bem que decidiu escrever a petição que escreveu que, como disse Maria da Luz Rosinha, Presidente da Câmara de Vila Franca, é uma verdadeira obra poética. Mas eu pessoalmente acho que, de certa forma, esta iniciativa até envergonha os principais Agentes da Festa, tal como a Feira do Toiro, feita por simples aficionados que quando a deixaram de a fazer acabou, também de certa forma envergonha os Agentes da Festa, em especial os Profissionais.
Moita Flores fez mais pela Festa numa vintena de linhas do que a Pró-Toiro num ano de existência. Moita Flores juntou mais vontades em apenas dois dias do que a própria Festa consegue juntar em si mesma em dezenas de reuniões onde quem pode e quem deve não decide nada.
Espero que os Profissionais da Festa (Toureiros, Bandarilheiros e Ganadeiros) saibam olhar para esta Jornada de Defesa da Festa e perceber que a mesma ou é um enorme sucesso ou é um tiro no pé e nós não podemos dar mais tiros nos pés. E para ser um enorme sucesso, além da presença de público na qual eu acredito, esta Jornada tem de ser vivida com Dignidade e isso implica que os profissionais vistam esta camisola com verdadeiro empenho, que marquem presença não só durante a vintena de minutos que estarão em praça mas durante toda a jornada, que se deixem ver, que se sentem junto do público nos outros espectáculos, que tirem fotografias com os seus aficionados, que falem à comunicação social. E significa também que os Ganaderos devem enviar toiros ou novilhos com uma presença digna. Ninguém espera toiros com 4 anos e 550 Kilos mas espera-se que não mandem o animal que comeu um arame e não engorda, que não mandem um animal com um corno encostado à cara, que não mandem um animal coxo ou inválido. Ninguém é obrigado a oferecer o que não tem mas é importante que se perceba que nesta iniciativa a velha máxima de que "quem dá o que tem a mais não é obrigado" não se aplica. Se o que se tem para dar não tem dignidade suficiente, então mais vale não dar.
Ontem em plena Conferência de Imprensa o Secretário do Sindicato dos Toureiros dizia que não podia afirmar que os Bandarilheiros iriam a esta iniciativa sem pelo menos cobrar as despesas. De uma forma muito clara Carlos Anjos, em representação da organização, afirmou que quem quisesse cobrar 1 € que fosse escusava de ir pois nesta iniciativa todos irão de borla. Eu tenho a certeza que os bandarilheiros irão de borla a Santarém e que já iriam mesmo sem a afirmação da organização, mas este pequeno episódio da Conferência de Imprensa de ontem diz muito sobre os Profissionais da nossa Festa: Há uns tipos que não têm nada a ver com isto que por amor, sem ganhar nada com isto, se dispõem a organizar uma grande iniciativa de defesa da minha profissão e a minha postura perante isto é não saber se não cobrarei despesas por estar presente???!!! Inacreditável, mas quem lá esteve foi o que ouviu.
De qualquer forma, ultrapassados todos os episódios, estou certo que em Santarém nos próximos dias 23 e 24 de Outubro nós aficionados não vamos faltar. Defender a Festa é estar em Santarém nestes dias. Usando um slogan de um grande evento: Eu Vou!
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