segunda-feira, 6 de julho de 2009

Altos e baixos no Campo Pequeno


Na noite de dia 2 mais de meia casa acorreu á Monumental Lisboeta em busca da arte do toureio, mano-a-mano entre as, talvez, mais clássicas figuras de estilo clássico, das duas variantes do toureio. Embora a salvo de qualquer compita ( dois de cada teria sido mais interessante, num espectáculo de oito toiros).

Antes de tudo e no respeito por todos, temos a salientar um facto que serve como exemplo e simultaneamente motivo de reflexão.

O que pode motivar uma figura de topo do toureio mundial aceitar tourear, um toiro com cinco anos feitos, sem varas, numa temporada que nada pesa para o toureio a pé e ainda por cima em pleno mês de Julho ( uma cornada pode inviabilizar muitos compromissos que existem por esta altura, onde os êxitos contam), mesmo que este se tenha revelado manso de solenidade sem um passe?

Encontro duas respostas:
- O respeito pela Monumental Praça de toiros do Campo Pequeno.
- O profissionalismo e seriedade que fazem destes homens quase únicos.

Quando vemos por cá pseudo-figuras e muitas “figurinhas” que em torno das mesmas gravitam, a queixar-se de tudo e de nada, a exigirem mais isto e aquilo em comodidade para garantias de triunfo, etc, etc, e depois de reflectir sobre a questão anterior, talvez encontremos a justificação do porquê do toureio a pé em Portugal, ter chegado e se ter mantido, no marasmo de décadas em que se encontra.

Num país que se queixa que ele caiu, que em Espanha é que é bom, etc, etc. Quando ele aparece, mesmo com as condicionantes regulamentares que vergonhosamente persistem, não somos capazes de com a presença nessas ocasiões, dizer aos toureiros figuras que cá vem, que gostamos, que os queremos cá e que assim ajudarão a que a sua arte “regresse” com força entre nós.

Da “sevilha” do toureio a cavalo “Torrinha”, veio o terceiro da dinastia, decidido, empenhado em fazer bem feito, em corresponder ás expectativas, em confirmar (como se fosse preciso), o estatuto e a última noite que teve em Lisboa.

Aqueceu o ambiente, com a sua maestria a abriu a noite numa lide ligada em que andou sempre em cima do oponente, contrariou a sua tendência para tábuas e assinou lide de muita importância e de êxito. No seu segundo, que se adiantava ao ferro, e mais tarde começou a não colaborar veio de menos a mais, numa lide de muito labor e em que os últimos ferros acabaram por ser os de maior destaque. No último do lote teve momentos de desacerto, dificuldade em dar-lhe a volta e a lide resultou com pouco brilho. Prova disso a relutância em dar volta no final, apenas o fazendo por respeito ao público que muito insistiu. De qualquer forma uma noite com três lides em todas as facetas, êxito, regular e menos conseguida. Mas sempre de seriedade toureira.

Da “Torrinha” do toureio a pé, Sevilha, veio o duende patenteado nas duas últimas lides, variadas e de recursos. Boas mas com maior destaque para a dada ao bravo último da noite, onde o temple desmaiado e o embrujo de pintura, assentou em varias tandas, sobretudo pelo lado direito, dirigidas pela muñeca do de La Puebla. Placeamento e inspiração de figura, que se acoplou á falta de varas e com verguenza torera procurou tourear até onde havia toiro, mesmo já com o triunfo na mão. Valeu a pena ter visto Morante, mesmo cá!

Grande noite dos forcados de cara dos amadores de Santarém, cinco perfeitas tentativas, que teriam sido três se as ajudas tivessem sido mais lestas a aconchegar Gonçalo Veloso na cara do terceiro de cavalo. Diogo Sepúlveda e Antonio Grave de Jesus, foram os solistas das outras duas pegas, vibrantes como a anterior, ambas á primeira tentativa. Destaque para as chamadas aos médios dos caras da primeira e terceira, no final das voltas á arena. Noite séria do GFA Santarém antes os rijos “Ortigões”.

O curro bem apresentado, com excepção do cinqueño saído em primeiro para pé, deu jogo desigual. Revelaram casta em geral, sendo de nota mais elevada o último da função e mais baixa o segundo e terceiro.

Dirigiu sem problemas o Sr. Antonio dos Santos, uma corrida que começou com a entrega do prémio de mérito da SRUCP 2008 a Mestre David R. Telles, na pessoa de seu filho Manuel, logo após as cortesias.

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