segunda-feira, 29 de março de 2010
Noite "insonsa" em Évora
Èvora, Catedral do Forcado, III Festa do Forcado; meia casa forte, ou três quartos de casa fracos, permitam-me a redundância da expressão para dizer que houve de facto pouco público em Évora para a data e o dia em causa.
A Empresa colocou a sua parte: um bom cartel, um bom curro de toiros, dois grupos de forcados, deu duas oportunidades, uma a um praticante, outra a um amador, baixou os preços (última arma para conquistar mercado em economia) mas nada disto foi suficiente para que a praça enchesse, ficam as interrogações.
António Telles inicia a sua lide com três compridos de boa nota, ouve música logo no primeiro curto que crava, seguindo a lide numa linha clássica e purista como é seu timbre; cravou seis curtos como mandam os cânones, aproveitou bem o colaborante Pégoras, que sem ser bravo mostrou-se incansável na “perseguição” ao da Torrinha. No seu segundo e perante um toiro mais reservado, António teve que “puxar dos seus galões” para conseguir ainda assim uma lide bastante meritória, em que deixa na memória um excelente ferro ao estribo de alto a baixo, facto que levou o público a pedir a colocação de mais um ferro, que resultou também da melhor forma.
Victor Ribeiro teve uma primeira lide de grande nível artístico, começando logo nos compridos com dois excelentes ferros; inspirado pela Banda de Alcochete que tocou logo a seguir ao segundo curto, Victor lida de forma expressivamente emotiva, templada e toureira, termina com um quiebro de cortar a respiração, estava entregue o prémio da lide da noite. Na segunda lide devido ao seu toureio que pratica, que o leva a pisar terrenos de compromisso, mas que levam emoção ás bancadas, Victor consente alguns toques nas montadas, mas ainda assim a lide resulta em bom plano, mas uns furos abaixo da sua primeira.
O praticante Salgueiro da Costa, não iniciou da melhor forma a sua lide, desastrado nos compridos, consegue dois curtos de boa nota rematados com piruetas na cara do oponente, no sexto da corrida já vem mais calmo e começa com um comprido á tira de grande qualidade, traça uma lide mais madura e correcta que a anterior, com excelentes ferros curtos, alguns deles rematados com emocionantes pireutas, deixou boas maneiras este jovem; estamos convictos que com uma rodagem mais elevada tudo será extremamente fácil para que este jovem cavaleiro alcance grandes triunfos. Salgueiro ao contrário de todos os outros companheiros não deu volta em nenhum dos seus toiros, no primeiro não merecia, no segundo e perante a frieza inexplicável do público resolveu e bem que não a deveria dar, contudo merecia-a sem qualquer sombra de dúvidas.
O amador Mateus Prieto, já o temos visto mais acertado no seu labor, contudo deixou pinceladas de muito boa nota, com umas ganas enormes de triunfar, remata a sua lide com um excelente violino seguido de um ajustado ferro de palmo, consegue fortes aplausos.
Mas a noite era da forcadagem, pegavam os Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense fruto do prémio de cernelhas do ano passado e o Grupo de Alter do Chão vencedores concurso deste ano. Nestes concursos a palavra do Júri é soberana, contudo e perante a liberdade de opinião e expressão que a todos nós nos assiste, pensamos e concluímos também pelas muitas opiniões que ouvimos que esta vitória foi tudo menos unânime. Relativamente ao formato do concurso; será correcto deixar cerca de oitocentos forcados (totalidade dos grupos de concorreram) numa ansiedade permanente até quase á hora da corrida, na incerteza de saber se vão pegar ou não? Decerto será preciso mais tempo para um grupo se preparar animicamente para uma corrida desta responsabilidade. Não seria mais correcto colocar o grupo vencedor na corrida do próximo ano? Ou por exemplo na corrida dos triunfadores? Quanto a mim isto não tiraria prestígio algum ao prémio, e decerto resolveria algumas situações menos proveitosas.
Pela Tertúlia e mostrando grande coesão pegaram: Marco Sousa á primeira, Álvaro Dentinho á segunda, José Vicente á primeira e Fabrício Rico á terceira, esta em parceria com o Grupo de Alter (novilho lidado por Mateus Prieto.)
Por Alter, Pedro Saldanha á terceira, Sílvio Andreia também á terceira e Nuno Basso á primeira.
Não posso deixar de referir a frieza com que o público da catedral Eborense tratou todos os intervenientes do espectáculo, crise de palmas em Évora; atrevo-me a dizer que “já estive em funerais mais alegres”. Há que repensar da parte do público a “forma de estar” e participar, num espectáculo que é acima de tudo uma FESTA.
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