domingo, 1 de agosto de 2010

Passou um “furacão” pelo Montijo, em noite “não” de Paulo Caetano


- Praça de Toiros: Amadeu Augusto dos Santos, no Montijo
- Data: 30-07-2010
- Empresa: Bravura e Tradição
- Organização: Aplaudir
- Ganadaria: Maria Guiomar Cortes Moura
- Cavaleiros: Paulo Caetano, Diego Ventura e Francisco Palha
- Grupos de Forcados Amadores: de Santarém e de Alcochete, capitaneados por Diogo Sepúlveda e Vasco Pinto, respectivamente.
- Assistência: Casa cheia
- Delegados da IGAC: Delegado Técnico Tauromáquico o senhor António Barrocal, assessorado pelo médico veterinário Dr. Patacho de Matos
- Banda: Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro do Montijo
- Cornetim: José Henriques
- Embolador: Estorninho

Nesta corrida comemoravam-se os 30 anos de alternativa de um dos maiores clássicos do toureio a cavalo, Paulo Caetano e os 95 anos dos Forcados Amadores de Santarém. (No intervalo, a empresa homenageou os “aniversariantes” em plena arena.)

Para tal, a Aplaudir trouxe-nos um curro de toiros da ganadaria de Maria Guiomar Cortes Moura, que tem antiguidade reportada a Setembro de 1963, em Portalegre e encaste Murube – Urquijo.
Os toiros vinham ferrados com o número 7, portanto eram novilhos, bem apresentados, mas com jogo desigual, sendo o último o pior: manso, querendo fugir a todo o custo e investindo mais com o intuito de arranjar forma de sair dali. Anunciados com pesos entre os 510 e os 570 quilos, pareceu, nalguns casos, algo inflacionado, o peso anunciado.

Abriu a contenda um dos homenageados, Paulo Caetano.
Esta não era a sua noite!
No primeiro, começou por ouvir assobios ao não conseguir partir o segundo comprido, com um toiro que não ajudava, distraído, ora andava a chouto, ora não arrancava, ora dava arreões.
Com muita técnica e muito saber, consegue pôr a ferragem da ordem, na interpretação do saber lidar, mas sem chama, sem a centelha que chega ao público. Contudo, resolveu a papeleta com cites picados, encurtando distâncias, conseguindo tourear um toiro que era tudo menos fácil.
Como não se achou a gosto, não queria dar a volta, mas o público reconhecendo a árdua tarefa que teve pela frente, obrigou a que mudasse de ideias.
No seu segundo, um pouco melhor, mais colaborador, começou igualmente sem partir um dos compridos, mas nos curtos, descobriu as distâncias e os terrenos, embora sem chegar ao público, desenvolveu uma lide asseada, com ferros de frente, sempre com verdade como é seu apanágio. Volta a agradecer.
Digno de registo, o facto de muito raramente usar a mão direita nas rédeas. Um exemplo a seguir por muitos jovens.~

Em seguida, veio o alvoroço e Diego Ventura montou o espectáculo!
Era para isso que o povo enchera a Monumental do Montijo. Depois de dois compridos à tira, o segundo algo aliviado, começou o espectáculo, onde para além de recortes toureiros e adornos a condizer, se viu toureio de verdade, com sortes de frente, a receber ao piton contrário, pares de bandarilhas no centro da arena, enfim, uma panóplia de recursos com cavalos extremamente bem-postos. Um espectáculo em ambos os toiros, os melhores da corrida, diga-se, mas que pôs o conclave em alvoroço e no ar o “broá” dos triunfos.
Resultado: duas voltas em cada toiro, sendo passeado em ombros no final.

Francisco Palha, depois de uma alternativa menos conseguida, há um ano, vinha mostrar o que evoluiu daí até agora. E a diferença é abismal! Sabendo que faz tudo, com muito mais calma, ainda exagerando nalguns casos – o segundo palmito, já sem toiro na primeira lide e o segundo violino, na segunda, não acrescentaram nada e podiam ter estragado o que de bom foi feito.
O seu toureio é uma mescla de clássico com a novidade do seu mestre, Diego Ventura.
Foi bom ver este jovem a subir na qualidade que apresentou, e em especial, quando utilizando o Califa, de Diego, cravou palmitos em terrenos onde dói, que o público gostou e aplaudiu forte.
Volta em ambos os toiros.

Os Cortes Moura, não vieram para dar tréguas aos forcados e, se apertaram nos cavalos, tinham energia de sobra para os rapazes das jaquetas de ramagens.
Pelos de Santarém, para pegar o primeiro da noite saltou Manuel Roque Lopes. Deixando as ajudas longe, citou sereno, mas o toiro arrancou com pata, e nem deu tempo a que o forcado se fechasse. À segunda, mais correcto e com o grupo a ajudar a tempo, consumou, aguentado ainda alguns derrotes já no seio do grupo. Volta por insistência do público.
Para o seu segundo, terceiro da noite, foi escalado Gonçalo Veloso. Com os vagares que se lhe conhecem, conseguiu calar um público barulhento, que não faz silêncio nos cites. O toiro saiu violento e o forcado não conseguiu pôr os braços da melhor forma, vindo a ser vítima de um derrote para baixo, que o tirou. À segunda também não teve êxito, pelos mesmos motivos, saindo mal tratado pela porta dos cavaleiros; contudo, voltou com mais raça, para pegar com toda a garra já com as ajudas mais carregadas. O público exigiu que desse a volta, embora não quisesse.
Luís Sepúlveda foi encarregado de fechar a noite, para os de Santarém. Citou a alegrar o toiro, mandando na investida e recebeu a preceito. O toiro entrou com força, saiu do grupo, que com a propósito ajudou a consumar uma das melhores pegas da noite, dando a merecida volta.

Vasco Pinto mandou que Daniel Silva abrisse as actuações do grupo de Alcochete. Citou de largo dando vantagens, mandou na investida, carregou a sorte, mas o toiro que parecia mal visto, arrancou a apalpar, e ensarilhou no momento da reunião; no entanto, o forcado soube esperar o momento para ficar, bem ajudado. Volta no final.
Para o quarto da noite, saltou Vasco Pinto, que brindou ao seu colega de Santarém, e fez a pega da noite. Com as ajudas bem longe, citou como é seu timbre, calmo mas alegre, interessando o toiro, mandado na investida, definiu os tempos, reuniu e aguentou fortes derrotes, numa viagem longa, mas o grupo ajudou como um todo e consumou, talvez, a melhor pega da noite. Volta merecidíssima.
Para Nuno Santana, estava guardada a fava da corrida. O toiro não se fixava, queria fugir, tentou saltar várias vezes e não deixava que o grupo formasse.
Quando foi possível, o toiro arrancou para o forcado mal o viu, este recuou, mas o danado vinha para fazer mal e não deixou que o grupo ajudasse, tirando o forcado e desbaratando o grupo.
À segundo, com um coração do tamanho do mundo, ficou com vontade e ajuda do grupo. Volta no final.

O Mais e o Menos
+ As duas lides de Diego Ventura e o ar de “furacão “ que fica.
+ A evolução de Francisco Palha
- A demora inexplicável pela entrada dos cavaleiros para as cortesias. Já estavam todos os restantes intervenientes na arena, e de cavaleiros, nem vê-los. Foram precisos três avisos do cornetim para que entrassem.
- Continua a entrada de público durante a primeira lide. Paulo Caetano teve que desmanchar a sorte, porque o toiro se distraia.
- O local para onde são relegados os órgãos de comunicação. Longe de tudo e com dificuldade em sair para cumprir o seu papel.

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