- Praça de Toiros: Campo Pequeno, em Lisboa
- Data: 19 de Maio de 2011, às 22h00
- Empresa: Sociedade Campo Pequeno, S.A.
- Ganadaria: 7 Toiros de Rego Botelho
- Cavaleiros: Joaquim Bastinhas e Luís Rouxinol
- Grupo de Forcados: Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, capitaneados por Adalberto Belerique
- Matadores: Antonio Ferrera e Luís Bolívar (que substituiu Alejandro Talavante)
- Assistência: 3/4 fortes
- Delegados da IGAC: Delegado Técnico Tauromáquico Ricardo Pereira, assessorado pelo Delegado Técnico Veterinário Dr. José Manuel Lourenço
- Banda: Filarmónica Recreio Serretense, de Angra do Heroísmo
Nesta noite de 19 de Maio bem que se pode dizer que os Açores vieram em peso a Lisboa! A Ilha Terceira esteve muito bem representada na Praça de Toiros do Campo Pequeno, numa noite que ficou marcada pela estreia na arena da capital, da ganadaria açoriana de Rego Botelho (de encaste Parladé-Domecq). Motivos suficientes para tornar este terceiro cartaz do “abono 2011” interessante e criar expectativa nos aficionados que se deslocaram nesta noite à primeira praça do País. É pena que à última da hora o matador extremenho Alejandro Talavante tenha faltado ao compromisso com a empresa do Campo Pequeno, acabando por ser substituído por Luís Bolívar. Uma ausência anunciada mesmo em cima do acontecimento, sendo que a empresa emitiu um comunicado sobre este assunto, apresentando o atestado médico do toureiro. Ficou em aberto uma reacção mais concreta da Sociedade Campo Pequeno, S.A., relativa a esta ausência de Talavante da nocturna de ontem.
Estreia absoluta na arena do Campo Pequeno, os toiros açoreanos da ganadaria Rego Botelho já estavam em estágio há algum tempo no continente, mais concretamente, numa herdade da família situada em Évora. À praça sairam sete toiros de bonita apresentação mas de comportamento dispar, mostrando contudo bravura e sentido, nomeadamente, o primeiro toiro para o toureio a pé, que revelou bravura e codicia. Os pesos oscilaram entre 590 Kg e os 504 Kg.
Abriu praça o cavaleiro Joaquim Bastinhas perante um toiro que se mostrou colaborante e que procurou sempre o cavalo. O cavaleiro de Elvas deixou os compridos da ordem, sempre com o seu estilo alegre e popular. Nos curtos, Bastinhas mostrou cuidado na brega, contudo nunca se entendeu com o seu oponente, desenvolvendo uma lide com pouco brilho e com pouca história.
Luís Rouxinol só actuou na segunda parte da corrida, depois do toiro que saiu em segundo lugar se ter inutilizado e ter voltado para os curros. No toiro que lidou a sós - um rego botelho que apertou o cavaleiro durante a lide – Rouxinol realizou um toureio alegre, tentando incutir verdade e procurando ligar sempre o toiro ao cavalo. Nos compridos deixou a ferragem com correcção e nos curtos, o cavaleiro de Pegões mostrou cuidado na preparação das sortes e rubricou bons momentos de brega. Destaca-se o terceiro ferro curto, bem preparado e rematado com pirueta e o bom par de bandarilhas com que finalizou a lide.
Na lide a duo há pouco para contar. Quando não há entrosamento as coisas não funcionam e é cada vez mais raro ver uma lide a duo que tenha interesse. Ainda assim, com um toiro colaborante regista-se o terceiro ferro curto, deixado por Joaquim Bastinhas e o sexto ferro, cravado por Luís Rouxinol, numa reunião justa.
No capítulo da forcadagem coube ao Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense pegar os três rego botelhos da parte à portuguesa. Numa corrida de exaltação às vivências e aficion da Festa açoreana, um grupo de forcados açoreanos para completar este cartel! A cara do primeiro toiro da noite foi o forcado Marco Sousa. Na primeira tentativa citou com querer, mandou na investida, mas não conseguiu ficar na cara do toiro, depois de sofrer um derrote alto. Na segunda tentativa voltou a citar com calma, reunindo e fechando-se correctamente, até o grupo chegar e assim consumar a pega. Para pegar o quarto toiro da noite, o escolhido foi José Vicente, que citou com serenidade. A reunião não foi a mais perfeita mas ficou na cara do oponente até à chegada das ajudas que fecharam com coesão. Para o último do toureio equestre, o cabo Adalberto Belerique saltou à arena para dar o exemplo. Depois de duas tentativas menos conseguidas, onde a reunião não foi perfeita (primeira tentativa) e onde sofreu um forte derrote (segunda tentativa), o cabo açoriano citou com as ajudas mais carregadas, reunindo com determinação. O toiro entrou depois pelo grupo dentro e as ajudas só conseguiram fechar nas tábuas.
O matador de toiros António Ferrera voltava ao Campo Pequeno depois da época passada ter sido galardoado com o galardão “Campo Pequeno 2010” para o melhor matador de toiros a actuar na arena da capital. Ferrera teve pela frente um bravo toiro, que mostrou codícia e que proporcionou ao diestro uma grande faena. Com o capote Ferrera mostrou-se a gosto e com querer. Matador/bandarilheiro deixou três pares de bandarilhas, com destaque para o segundo cravado com muito poder. Com a muleta, levando o toiro para o centro da arena, toureou em redondo, desenhando muletazzos de grande nível com a mão direita e procurando levar o toiro humilhado. Com a mão esquerda continuou a aproveitar as investidas francas do toiro, para voltar à mão direita e de novo “sacar” passes com toreria, querer e perfeito entendimento com o rego botelho que lhe calhou em sorte. Ferrera é um toureiro de grande profissionalismo e simpatia, procurando sempre a comunicação com o público. Nesta primeira faena levantou as bancadas do Campo Pequeno várias vezes. No segundo do seu lote, as coisas foram ligeiramente diferentes. Voltou a levantar as bancadas com os três pares de bandarilhas que deixou com poderio.Com a muleta tentou realizar uma faena variada e incutir ligação no seu toureio com as duas mãos. Contudo, o toiro veio a menos não permitindo assim ao diestro espanhol brilhar.
O jovem matador de toiros columbiano Luís Bolívar veio a Lisboa para aproveitar a oportunidade deixada em aberto pela ausência de Talavante e não a desperdiçou. No primeiro do seu lote mostrou-se bonito com o capote. Com a muleta e no centro da arena procurou desenhar muletazzos com as duas mãos e com ligação. Porém, foi com a mão direita que se mostrou mais a gosto, com um toureio de maior profundidade e mostrando alguns pormenores de interesse. No último toiro da noite, Bolívar iniciou a faena de novo no centro da arena com os dois pés juntos, esboçando uma bonita série com a mão direita. Nos passes que se seguiram, o matador columbiano procurou realizar um toureio com ligação, aproveitando sempre as investidas francas do seu oponente nas séries realizadas com a mão direita. Uma estreia que deixou bom ambiente nesta passagem por Lisboa.
Em suma, uma agradável noite de toiros, destacando-se de novo a aficcion açoriana que se mostrou bem viva e deu um exemplo de como se pode viver a Festa com paixão e alegria.
O Mais e o Menos
+ O bom ambiente vivido durante toda a corrida, principalmente, por parte dos aficionados dos Açores.
+ A bom debute da ganadaria de Rego Botelho no Campo Pequeno, com destaque para o primeiro toiro de António Ferrera.
- A presença de burladeros na arena da praça de toiros do Campo Pequeno na lide dos toiros a cavalo e nas pegas, acrescentando um risco à integridade física dos interveniente (cavaleiros e forcados).
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