sábado, 23 de julho de 2011

A corrida de Lisboa: Reinhardt ia estragando a festa... mas a culpa não foi dele!

Espectador protestando contra o director de corrida Pedro Reinhardt...
João Moura Jr. voltou a galvanizar Lisboa
João Telles protagonizou a sua maior actuação de sempre em Lisboa. Esteve imponente!
Leandro esteve digno e agradou, mas não trouxe nada de novo...
Noite digna dos dois grupos da Chamusca. Pega grande a de Melara Dias, do Aposento.
Na foto, Francisco Montoya, do mesmo grupo

Miguel Alvarenga - Com tanta exigência e tamanha seriedade na postura com que dirige as corridas (e que não me canso de louvar), o "inteligente" Pedro Reinhardt ia estragando a festa de quinta-feira passada no Campo Pequeno. Passo a explicar porquê.
Estávamos na primeira praça do país. Ao sentar-de na cadeira da máxima autoridade da corrida, Pedro assumiu isso mesmo: estava ali a dirigir uma corrida na Catedral do Toureio Português. O facto de o Campo Pequeno ter caído, desde que reabriu, no "populismo" de uma "afición" folclórica, nada exigente e imensamente festiva, não é culpa dele. Desempenhou o seu papel, como se o C. Pequeno ainda fosse a praça de antigamente. E esse foi, quanto a mim, o seu erro. Que provocou até, como a primeira foto de cima documenta, a ira de um espectador que teve que ser "amavelmente afastado" de cena por um agente da PSP. Não foi o único a protestar.
O público que hoje vai ao Campo Pequeno (não sei se isso é bom, se é mau, mas pelo menos enche a praça e vive a noite num ambiente de festividade que não deveremos transformar em acto cinzentão e de exigência em demasia) quer festa, quer música, alegria, ritmo. Não concedendo música aos artistas ou apenas puxando do lenço branco nos últimos segundos da faena, Pedro Reinhardt acabou por retirar brilho - ritmo, alegria e tudo o mais - à nocturna de quinta-feira passada. Bem sei que pretendeu impor seriedade numa praça onde isso parece ter desaparecido. Mas, lá dizia Camões, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. E não podemos - ou, se calhar, não devemos - reger-nos por critérios do passado.
Agora, outra coisa: os toureiros mereciam a música que Reinhardt lhes recusou ou tarde lhes concedeu? Eu acho que sim, que a mereciam. Nenhuma das vezes, mesmo tarde e a más horas, a banda tocou por favor.
João Moura Júnior (que só não esteve a cem por cento nos ferros cravados com o "Merlín", que resultaram passados e foram "emendados" com emotivos "ladeares") galvanizou Lisboa com duas actuações fantásticas. João Ribeiro Telles Jr. teve a "sua noite" no Campo Pequeno, a melhor que ali lhe recordo, fabuloso e senhor de si em todos os momentos, em todos os lances. Os toiros de Romão Tenório, bem apresentados, cumpriram na generalidade, ajudaram os toureiros no sucesso que estes alcançaram, fazendo reviver os tempos de glória e competição de seus Pais naquela mesma arena.
O matador Leandro substituiu Cayetano (lesionado) e mesmo sem ser conhecido do público português, agradou. Não fez nada do outro mundo, até porque os dois toiros de Benjumea não o ajudaram, mas esteve digno, esteve esforçado (sobretudo no último, que se recusou a "despachar", antes lutando e lutando até lhe sacar os passes que não tinha), pode-se dizer que não defraudou, antes pelo contrário - agradou. Adiantou alguma coisa ao toureio a pé? Infelizmente, não. Sem competidor, com esta forma agora inventada de nos "oferecerem" só um toureiro a pé, passámos a ter "o número del apeadito", a fazer lembrar, noutros tempos, em Espanha, o "número del caballito"...
Noite digna para os dois grupos de forcados da Chamusca, destacando-se a pena de Melara Dias, do Aposento, a maior da noite. Francisco Montoya pegou o segundo toiro deste grupo. Pelos Amadores, foram caras o cabo Nuno Marques (sempre bem e dando o exemplo) e Rui Pedro, este à segunda.
Bem na brega Benito Moura, Hugo Silva e Nuno Oliveira. Quem sabe, sabe.
Mais de meia casa nesta corrida do "Correio da Manhã", pouco promovida pelo jornal - no próprio dia, nem uma chamadita na primeira página...

Fotos João Dinis

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