sexta-feira, 8 de julho de 2011

Muito pouco para contar…

- Praça de Toiros: Campo Pequeno, em Lisboa
- Data: 7 de Julho de 2011, às 22h00
- Empresa: Sociedade do Campo Pequeno, S.A.
- Ganadaria: 6 Toiros de Luís Rocha
- Cavaleiros: Luís Rouxinol (em substituição do rejoneador Andy Cartagena), João Salgueiro e Ana Batista.
- Grupos de Forcados: Amadores de São Manços, Amadores do Redondo e Amadores de Monsaraz, capitaneados respectivamente por Joaquim Branco, João Filipe Santana e David Rodrigues.
- Assistência: ¾ fracos
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Francisco Farinha, assessorado pelo Delegado técnico veterinário Dr. José Manuel Lourenço
- Banda: Samouco
- Cornetim: José Henriques

A XIII Corrida da estação de televisão TVI contou com uma substituição de última hora no cartaz e, em vez do lesionado Andy Cartagena saiu à praça o cavaleiro Luís Rouxinol, dando um toque “mais português” a esta sétima corrida do Abono de 2011 do Campo Pequeno. O resultado artístico porém não foi de certo o desejado e a noite foi “fria” e longa, não havendo propriamente muito para contar.

A expectativa recaía no curro de toiros enviado pela ganadaria do Eng.º Luís Rocha (procedência de Varela Crujo, com encaste actual formado por vários ramos de Parladé) depois de no ano passado esta ganadaria ter ser premiada com o “Galardão Campo Pequeno 2010" para o melhor curro de toiros saído à arena lisboeta. Dos campos alentejanos de Reguengos de Monsaraz vieram seis exemplares de quatro anos, ou seja, lidou-se uma corrida de toiros. Uma nota positiva se tivermos em conta novilhadas anteriores, anunciadas como corridas de toiros.

Desta vez, os exemplares vindos da Herdade da Machoa saíram com apresentação distinta e comportamento díspar. Destacamos o primeiro e o segundo toiros da corrida, bem apresentados e a transmitir, bem como o segundo do lote de Luís Rouxinol, um exemplar bonito e bravo.

Abriu praça o cavaleiro Luís Rouxinol que se apresentou com muita vontade e disposição. No seu primeiro toiro (que cumpriu e transmitiu) esteve bem a bregar, desenhando uma lide com ritmo, sempre com o oponente ligado ao cavalo e procurando rematar as sortes com brilho. Destaca-se o ferro de palmo cravado em último lugar, bem cravado e rematado. A Luís Rouxinol coube ainda a “pérola” da noite. O segundo do seu lote foi um toiro bravo que mostrou muita transmissão. A este o cavaleiro de Pegões deu-lhe uma lide limpa, no seu estilo alegre e que chega às bancadas, tirando todo o proveito da matéria-prima que lhe calhou em sorte. Da ferragem colocada fica na retina o terceiro curto bem preparado, com o cavaleiro a saber esperar pelo toiro e a cravar numa reunião justa ao estribo, bem como o par de bandarilhas colocado, uma “marca da casa”. No final deu três voltas à praça o que lhe permitiu sair em ombros pela porta grande. Não tirando em nada mérito a sua actuação – que foi positiva – parece-nos muito exagerado o prémio. É mais uma porta grande aberta que não acrescenta prestígio aos triunfos na arena lisboeta.

João Salgueiro teve uma noite muito desinspirada no Campo Pequeno. No primeiro do seu lote, Salgueiro deixou fugir um toiro que tinha tudo para lhe proporcionar o triunfo. Bem apresentado e a “apertar” o luís rocha teve pela frente um cavaleiro que não o entendeu desde o primeiro momento. Faltou uma linha condutora na lide e pouco mais há para contar. Nota positiva para a postura de João Salgueiro no final da lide, em que se recusou a dar volta (humildade, distinção, respeito pelo público e pela importância da praça. Mais assim se comportassem)… No seu segundo toiro, o cavaleiro de Valada mostrou-se de novo desinspirado. Mais uma lide morna e sem grande emoção, numa noite em que se viu um João Salgueiro muitos pontos abaixo daquilo a que nos habituou.

A cavaleira Ana Batista também passou sem fulgor nesta noite no Campo Pequeno. Depois do seu primeiro toiro ter sido recolhido por se mostrar inferiorizado e a coxear (boa decisão do Director de Corrida e do Médico Veterinário de serviço), coube-lhe em sorte um toiro pouco colaborante e sem transmissão. Ana Batista mostrou trabalho e esforçou-se para tentar partido do oponente. Contudo, as reuniões foram sempre aliviadas e sem qualquer brilho. Para o último da noite saiu o sobrero. A cavaleira de Salvaterra não se entendeu com o oponente - um toiro que pedia que lhe pisassem os terrenos logo desde o inicio. Ana Batista andou perdida e acabou por desenvolver uma lide desacertada e sem brilho.

No capítulo da forcadagem três grupos do Distrito de Évora em competição. A noite e os resultados artísticos foram totalmente diferentes para os grupos em praça, espelhando o prestígio e experiência de cada um dos agrupamentos. Pelo Grupo de Forcados Amadores de São Manços abriu praça o cabo Joaquim Branco. O forcado esteve bem a receber à córnea mas ajudas não fecharam com coesão. O cabo alentejano acabou por sair da cara do toiro, muito embora o grupo o tentasse colocar sem brilho. Boa decisão em repetir a pega, que resultou numa reunião à segunda com decisão e com o grupo a fechar bem (destaque para a intervenção do primeiro ajuda). Para o segundo do lote foi à cara o forcado Rui Pelado. Depois de uma má reunião à primeira tentativa e de uma segunda tentativa em que não conseguiu aguentar os derrotes do toiro, pegou com decisão à terceira tentativa, mudando de terrenos e com as ajudas mais carregadas.

Pelo Grupo de Forcados Amadores do Redondo foi à cara em primeiro lugar o forcado Nuno Oliveira. Citou com muita galhardia, soube esperar e mandou na investida, reunindo depois com correcção. Aguentou um primeiro derrote alto do toiro e com muitos braços e querer ficou na cara do oponente, que viajou pelo grupo dentro e obrigou as ajudas a empregarem-se para fechar esta pega. Carlos Pome foi o forcado escolhido para a cara do quinto toiro. Pegou à quarta tentativa com ajudas carregadas e sem brilho, depois de ter estado mal a receber o toiro na primeira tentativa e nas seguintes o grupo a não estar à altura.

A pior prestação da noite coube ao Grupo de Forcados Amadores de Monsaraz. Noite de pouquíssima glória para esta formação, ficando muito “mal na fotografia”. O forcado David Rodrigues foi o primeiro a ir à cara pegando à quinta tentativa com ajudas carregadíssimas e sem ter braços para estar na cara do toiro. Nas tentativas anteriores o forcado esteve sempre muito mal a reunir quer de braços quer de pernas. Para o último da noite saltou o forcado Hugo Torres que depois de ter estado sempre mal a receber o toiro em todas as quatro tentativas e as ajudas sem capacidade de resposta e soluções foi dobrado por Luís Rodrigues que pegou à quinta tentativa do Grupo. Uma noite totalmente desastrada por parte do Grupo de Monsaraz, prestando um mau serviço à figura tão querida e acarinhada do Forcado Amador. Uma noite para a empresa do Campo Pequeno também reflectir nos convites que faz a certos grupos para pegar. Nem todos os grupos estão habilitados para pegar com brilho, distinção e eficácia, ainda por cima numa corrida televisionada…

O Mais e o Menos
+ O quarto toiro (lidado por Luís Rouxinol).
- A prestação do Grupo de Forcados Amadores de Monsaraz. Noites e prestações destas não dignificam em nada a figura do Forcado Amador. À empresa do Campo Pequeno cabe ter outros critérios na escolha dos grupos que devem pegar na arena lisboeta.
- Corrida demasiado longa, fria e com pouca história.

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