- Data:17 de julho de 2011 pelas 22h30
- Ganadaria: Herd. Cunhal Patrício
- Cavaleiros: Luís Rouxinol, Sónia Matias e João Teles Júnior
- Grupos de Forcados: Amadores de Montemor e Real Grupo de Moura
- Assistência: ¾ de casa forte
Noite de Festa na cidade de Moura e noite em que a Praça de Toiros da Avenida Salúquia registou uma notável entrada de público, apesar da crise que atravessamos, a provar o quão aficionadas são as gentes de toda esta zona.
Mais uma daquelas corridas que, de forma preocupante, se vão repetindo no nosso panorama taurino, outra em que nada de novo ou nada de vibrante ou diferente ocorreu para ficar retido na memória do aficionado. E a Tauromaquia alimenta-se disso. Dos rasgos, dos momentos, dos gestos e da novidade, infelizmente tudo isso é algo que vai rareando.
Seis foram os toiros que os herdeiros de Cunhal Patrício enviaram ao cosso mourense. Bem apresentados, dentro do tipo da ganadaria e dos seus encastes podemos dizer que serviram para a função, sem grandes alardes porque lhes faltou transmissão e sobrou o carácter reservado. Destaque para os lidados em 4º e 6º lugares que foram os de melhor nota. Os pesos oscilaram entre os 480 e os 580 kg.
No que concerne à prestação dos ginetes em Praça diga-se que Luís Rouxinol está a viver um dos momentos mais altos da sua carreira. Pode com todos os toiros, está bem montado e cheio de moral. E isso viu-se na noite de ontem. Rouxinol entrou em Praça disposto a não deixar fugir o triunfo, ao primeiro, um morlaco tardo e reservado que cedo procurou as tábuas, o cavaleiro de Pegões deu uma lide perfeitamente adequada àquelas características. Nos compridos com 3 ferros cravados de poder a poder trouxe a emoção á praça, depois, nos curtos cravou 4 ferros de muito boa nota, com uma brega inteligente contrariando a tendência do toiro, deixando-o sempre colocado em terrenos de fora para cravar depois em sortes cingidas, de alto a baixo e ao estribo, rematando depois ao piton contrario conforme mandam os cânones. Sortes todas elas bem desenhadas, dando as vantagens ao toiro, com a verdade indispensável ao toureio a cavalo. No seu segundo Luís Rouxinol esteve em plano de maestro. A contas com o melhor toiro do encierro deu uma lição de como se deve tourear. Primeiro porque na brega preocupou-se sempre em andar muito ligado ao toiro, enchendo-lhe a cara de cavalo, nunca o deixando perder o interesse na montada. Depois porque, quer nos compridos quer nos curtos, voltou a estar em muito bom nível na forma como preparou as viagens, como calibrou a abertura dos quarteios na altura exacta, como cravou quase sempre com o braço bem no ar, de alto a baixo e ao estribo. Em suma lide de muita qualidade, sem duvida uma das melhores que lhe vimos nesta temporada. No final foi atribuído pelo Júri o Troféu à melhor lide precisamente a esta que agora se descreveu.
Sónia Matias é sempre uma presença agradável em praça, pela simpatia que irradia e pela forma determinada e destemida como quer fazer as coisas. No entanto nem sempre as lides lhe saem da melhor forma e foi o que lhe aconteceu na noite de ontem. No seu primeiro começou de forma desastrada com os compridos cravando com toques na montada e cilhas passadas, nos curtos conseguiu equilibrar a função ainda que, tal como ocorreu com os de castigo, também estes ferros tenham sido quase sempre colocados com velocidade a mais, em sortes com tiras demasiado abertas, aliviando em demasia e mais preocupada em tourear para a bancada. No seu segundo, sonso e parado, Sónia sentiu dificuldades dada a reduzida mobilidade do hastado, contudo, na brega deveria ter sido mais eficaz, tentando entrar mais nos terrenos do toiro e tentando tourear mais em curto. Não o fez e os ferros que cravou voltaram a acusar falta de temple, velocidade a mais, toques na montada e foram, quase todos pescados á garupa.
João Teles Júnior foi uma agradável revelação para esta Praça de Moura. No primeiro do seu lote esteve sobretudo inteligente aproveitando as viagens a favor da crença do hastado, mas, nota-se bem que estamos ante um toureio de dinastia, pela forma como sabe ler as características do toiro e sabe eleger os terrenos onde deve citá-lo e iniciar viagem. Se a primeira lide já tinha deixado boa nota, pela correcção na cravagem, pela intuição toureira que denota na brega e pela forma natural como se liga com o tendido foi no segundo do seu lote que melhor registo deixou. Ante um toiro que revelou alguma codicia João cravou 2 compridos e 6 curtos todos eles plenos de correção na execução das sortes, toureou com temple, sem pressas, com gosto. Destaque para o 4 curto, em terrenos de dentro, pleno de intuição toureira e que foi, sem duvida o ferro da corrida.
Na forcadagem noite sem grandes sobressaltos para os rapazes das jaquetas das ramagens. Pelo grupo de Montemor-o-Novo pegaram, João Romão Tavares, Frederico Caldeira e Tiago Telles de Carvalho. As três pegas foram consumadas com correção e ao primeiro intento com destaque para a grande pega de Tiago Telles de Carvalho que aguentou de forma estóica os derrotes propinados. O Júri atribuiu, e de forma justa, o troféu destinado à actuação do melhor Grupo precisamente aos rapazes de Montemor.
Pelo Grupo de Moura pegaram Luís Monge e Walter Rico ao primeiro encontro e Cláudio Pereira ao terceiro. Destaque para a pega de Luís Monge, a última de uma carreira impar que o distinguiu como um dos melhores forcados de cara da sua geração. Foi debaixo de uma enorme, sentida e justa ovação que Luís Monge se despediu da aficion da sua terra provando que, de facto, é no Forcado que ainda resiste um dos últimos fôlegos da nossa Festa.
O mais - a excelente entrada de público;
O menos - a excessiva demora no tempo de recolha das reses.
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