terça-feira, 28 de abril de 2009

Chega de Carolice


A primeira vez que me senti obrigado a escrever um artigo sobre a defesa da Festa dos Toiros foi no ano de 1998 na revista do Diário de Noticias, numa época em que, tal como hoje, os ataques dos anti-taurinos estavam a ser frequentes.


Já lá vão 11 anos.


Na ultima quinta-feira houve mais um debate televisivo sobre este tema.

Correu-nos mal. Fomos mal defendidos.


Enquanto aficionado e amante desta Festa tenho muita pena que a mesma seja atacada da forma que é e tenho ainda mais pena que aqueles que têm responsabilidades não a defendam por ignorância e por inacção. No entanto como cidadão e futuro Pai o mais me preocupa é que à conta das Toiradas ganhem influência e importância um conjunto de extremistas urbano-depressivos mascarados de pseudo-intelectuais modernos e evoluídos.


É fundamental, já o disse várias vezes, que os cidadãos saibam que o que separa os aficionados dos auto-intitulados defensores dos animais não são 6 farpas no dorso de um toiro mas sim uma concepção do Mundo no qual para nós um animal é um animal e para eles um animal é uma pessoa.


Eu pretendo que os meus filhos cresçam num mundo, que é este que construímos há milhões de anos, no qual o Homem domina sobre os restantes animais e no qual esse domínio lhe dá o dever de os bem tratar e o direito de montar o cavalo que domou, de comer um bife do novilho que criou, de vestir a lã da ovelha que apascentou.
Não quero, e lutarei contra isso, que o Mundo no qual vivo e que vou deixar aos meus filhos seja influenciado por indivíduos desequilibrados que transferem para os animais sentimentos próprios das relações entre pessoas.


É bom que se saiba e que divulguemos que estes pseudo-defensores dos animais não só são contra as corridas de toiros como são contra toda e qualquer forma de tauromaquia, quer haja ou não sangue, como são contra o Circo com animais, como são contra as vedações que impedem os animais de invadir a propriedade alheia, como preconizam a libertação das galinhas, como são contra os cães de raça porque limitam o “amor livre” entre cães de várias raças, como são contra a caça, como são contra a alimentação omnívora, como entendem que beijar alguém que come carne é um nojo.


É fundamental que toda a gente saiba que o que esta gente pretende não é o fim das corridas mas sim uma inversão do Mundo que conhecemos para o transformar numa coisa que só a ficção cientifica ou os desenhos animados conseguem imaginar na qual o Homem não domina sobre os animais vivendo com eles em situação de inferioridade pois até da sua condição de omnívoro se deve abster.


A condição de anti-taurinos dá a esta gente um lugar de destaque fruto não só de uma opinião pública que infelizmente gosta pouco de pensar, como de uma comunicação social que está pejada de pseudo-intelectuais que também pensam pouco embora se arvorem em modernos e evoluídos.


Neste contexto o papel dos Defensores da Festa ganha uma importância que vai muito para além da defesa das Corridas de Toiros e da Tauromaquia pois o que está em causa é o nosso próprio conceito do que é e deve ser o Mundo.


Se há coisa na qual os auto-proclamados defensores dos animais nos ganham sempre é no profissionalismo com que defendem as suas ideias. São profissionais da mentira, são profissionais do exagero, são profissionais do terrorismo democrático e publicitário, são profissionais da organização de “grandes” manifestações com 30 pessoas… mas são Profissionais!
É com muita tristeza, preocupação e até indignação que vejo que o nosso lado é defendido com o mais puro dos amadorismos e com a maior displicência.


Enquanto cidadão português e aficionado acuso os profissionais da nossa Festa, Toureiros, Empresários e Ganadeiros, em especial os que são figuras, de nada fazerem para defenderem a Tauromaquia Portuguesa, o Toiro Bravo e os aficionados, com a dignidade e profissionalismo que estes merecem.


É uma vergonha para todos nós aficionados que as Associações representativas dos Toureiros, dos Empresários e dos Ganadeiros, que são profissionais e que enquanto tal têm a responsabilidade de se defenderem e nos defenderem, se limitem a um mero trabalho burocrático que não tem a menor importância quando comparado com a urgência da defesa e da promoção da Festa.


É uma vergonha para todos os profissionais mas em especial para os actores principais desta actividade (Moura, Irmãos Telles, Bastinhas, Salvador, Salgueiro, Vitor Ribeiro, Rui Fernandes, Ana Batista, etc., Palha, Grave, Passanha, Teixeira, Ortigão Costa, Pinto Barreiros, Coimbra, Infante, Ernesto de Castro, etc., Empresas do Campo Pequeno, Évora, Santarém, Moita, Montijo, Vila Franca, etc.) que achem que a defesa da Festa pode ser feita por meia dúzia de carolas, sem meios, sem força, sem estratégia, sem rigor, sem profissionalismo.


O João Ribeiro Telles, que participou no debate televisivo que ocorreu na quinta-feira passada não soube defender-se, defender a Festa, defender a nossa concepção do Mundo e não o soube fazer não porque não seja um homem inteligente e capaz (o João é Engenheiro, é conhecido por ser bom gestor, é um tipo com imensa sensibilidade e arte) mas não o soube fazer porque é preciso conhecimento, estratégia, rigor e profissionalismo para lidar com quem é profissional das ideias contrárias.


Espero que o João Ribeiro Telles, que é presidente do Sindicato dos Toureiros, tal como todos os outros intervenientes, toureiros, ganaderos e empresários, tenham vergonha da total inacção com que têm defendido a Festa e tenham percebido a urgência da existência de uma plataforma de defesa da festa.
Chega de carolice, é tempo de fazer a sério!

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