segunda-feira, 27 de abril de 2009

Façam referendo que a cidade aprova touradas.

Aficionados manifestaram-se pela cidade contra decisão de Defensor Moura
Jornal de Notícias, 26.04.2009
ANA PEIXOTO FERNANDES
Na semana em que Defensor Moura recebeu um prémio por ter acabado com as touradas na cidade, uma manifestação mostrou que há vianenses desagradados.
Ontem, a partir das 15 horas, nas imediações da praça de touros de Viana começaram a surgir os primeiros sinais de um movimento anormal de pessoas a cavalo. Em resposta a uma convocatória da associação Tertúlia Taurina e Equestre de Viana do Castelo - criada após o anúncio do fim das touradas - para a realização de uma concentração de cavalos, apareceram, segundo Carlos Durães, porta-voz da organização, perto de meia centena de cavaleiros. O protesto reuniu sobretudo aficionados e gente ligada ao mundo da tauromaquia, mas a voz corrente entre os presentes era de que o autarca local "não está a respeitar a população".
"Não ouviu os vianenses. Não ouviu ninguém, o assunto nem à Assembleia Municipal foi", acusava António Viana, um dos cerca de 30 voluntários que habitualmente ajudavam a preparar a tourada que, todos os anos, durante as Festas da Agonia (Agosto), animava a praça de touros e que Defensor Moura quer proibir ao decretar Viana como "cidade anti-touradas".
"A população de Viana é maioritariamente a favor das touradas, até porque isto em nome das Festas da Agonia é uma grande perda. Não vamos fazer referendos por tudo e por nada, mas se houvesse, as touradas ganhavam", afirmou, acrescentando: "O que vamos fazer é manifestar-nos desta maneira e acordar a população uma vez que há eleições este ano. Ele está a expor a ideia política dele e agora a população é que sabe". Este homem que tal como alguns outros participantes no protesto vestiam t-shirts e bonés identificativos das pessoas que até agora se envolveram na preparação dos espectáculos tauromáquicos da cidade. Também para o organizador da concentração de cavalos, Carlos Durães, a vitória do sim seria incontornável. "Foi feito um referendo há pouco tempo e podia ser pedido outro também agora. Na votação da SIC (há dias foi realizado um inquérito on-line sobre o fim das touradas em Viana) estavam um milhão e tal a favor das touradas e setecentos e tal a mil contra", defendeu.
Segundo Durães, a manifestação pacífica que ontem deu uma volta à cidade, serviu para sinalizar o descontentamento existente em relação à "atitude que a câmara teve com os vianenses de acabar com as touradas, quando são legais em todo o país". "A câmara não pode ser dona e senhora das coisas e o senhor presidente tomar a decisão que quer", sublinhou.
Na última Quinta-feira, aquando da entrega de um prémio da ANIMAL pela sua decisão, o autarca Defensor Moura acrescentou à polémica medida anteriormente divulgada o anúncio da criação de uma "praça da vida" (nome que dará a um futuro centro de Ciência Viva) no antigo redondel da Argaçosa. "Tinhamos uma praça de touros desactivada, funcionava um dia por ano e ainda por cima numa cidade sem tradições. "Isto (a tourada) era um implante que era feito aqui um vez por ano para se fazer uma tourada que era para forasteiros, embora haja em Viana do Castelo um clube Taurino que tem actividade no xadrez e no ping-pong…só tem o nome de Taurino".

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