Uma vez mais praça cheia em dia de Concurso de Ganadarias, não fossem os aficionados terceirenses devotos dos toiros e partidários aguerridos das mais diversas ganadarias locais.
A anunciada corrida à portuguesa do dia 26 de Junho contava com a disputa entre os ferros de Rego Botelho (RB), Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF) e Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER).
Frente a um pequeno exemplar de ER (nº264, 370Kg), sobre o qual se falará no final desta crónica, Rui Fernandes rubricou mais uma prestação desluzida nesta Feira de S. João. Talvez com a pressa de apanhar o voo para Lisboa, motivo que mais uma vez levou a alterações na ordem das lides, o cavaleiro limitou-se a despachar serviço. Apesar da fraca apresentação, o toiro prestou-se à luta. O Cavaleiro cumpriu a obrigação e após ferros compridos de boa nota, crava 3 curtos que resultaram um pouco traseiros. Mexeu com o toiro nas bregas, mas sempre sem dar brilho à contenda. O nº3 RB 525Kg foi o segundo do seu lote. O toiro foi-se mostrando um pouco distraído durante a lide. Fernandes deixou 2 ferros de castigo para na cravagem curta o desacerto ser por demais evidente, alternando-se os ferros traseiros com os descaídos. Andou com o toiro mas foi pouco eficiente na escolha de terrenos e posteriormente nas cravagens.
Luís Rouxinol armou taco e frente a um bravo exemplar de JAF ( nº245, 435Kg) delineou uma lide alegre que foi chegando às bancadas. Ferragem comprida na medida certa. Cravagens rigorosas e a dar espectáculo. Do final fica o desacerto das bandarilhas. Após 2 meios pares, limita-se a deixar cair um terceiro em cima do morrilho. O quinto da ordem, o “Tombado” (nº495, 525Kg, RB), tinha tanto de bonito como de bravo. Desde logo mostrou sentido na investida e o marialva tirou algum partido desse facto. Na cravagem andou regular, destacando-se o 3º ferro curto por ter sido aquele que não foi cravado a cilhas passadas. Apesar da boa lide efectuada, fica a sensação que havia mais que poderia ter sido feito. A pecar o recurso excessivo aos ladeios que apesar de arrancarem palmas fáceis, por vezes resultam em toques e igualmente tiram verdade à arte equestre.
Tiago Carreiras apresentou-se à aficion terceirense com uma lide em crescendo. Frente a um exemplar ER (420Kg, nº247) foi desenhando uma lide da qual se realça a forma vistosa como remata as cravagens. Pena o excesso de velocidade impresso nas viagens, facto que resultou em cravagens traseiras. Tal como no exemplar anterior, andou bem nas bregas e na colocação do segundo do seu lote (nº250, 440Kg, JAF). Apesar de não romper em bravura, o toiro apresentou bons modos durante a lide. O cavaleiro esteve menos eficiente na cravagem comprida. Com os curtos voltou a pautar as ferragens pela velocidade em demasia. A excepção vai para o 4º ferro curto cravado ao estribo de alto a baixo.
No campo da forcadagem, Luís Cunha dos Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT) pegou com muita segurança ao primeiro intento. Pelos Amadores de Turlock (GFAT) George Martins, também à primeira fechou-se sem dificuldade numa boa pega. Aquela que viria a ser a pega da tarde foi efectuada por Manuel Pires dos Amadores do Ramo Grande (GFARG). Fechou-se de forma poderosa sem nunca largar a cara do oponente, mesmo depois deste ter dado uma cabriola e ter caído com forte impacto. Tomás Ortins do GFATTT aguentou uma longa viagem na cara do toiro fechando-se bem à primeira. Grande pega a de Michael Lopes do GFAT à segunda tentativa ao aguentar inúmeros derrotes com o toiro a fugir ao grupo. Aqui o público a ir ao rubro com a característica forma de rabejar de Américo Cunha, antigo forcado do GFATTT e agora nas fileiras do grupo norte-americano. A finalizar, e numa pega com o grupo carregado, Nuno Pires do GFARG pegou ao terceiro intento.
No final: Prémio de Melhor Lide a Cavalo para Luís Rouxinol (pela lide ao 5º da ordem), Melhor Pega para Manuel Pires do GFARG, Prémio de Apresentação e Prémio de Bravura para o nº 495 RB “Tombado (5º da ordem).
Não se entende como é que um Decreto Legislativo Regional (nº11/2010/A) vem permitir aquilo que à partida não é permitido e ao mesmo tempo contradizer-se. Se na alínea b) do art.º 30 do referido decreto está escrito “Em praças de 2.ª categoria devem ter pelo menos 4 anos de idade e 400 kg de peso;”, o ponto 5 da alínea d) do art.º 73 permite contornar essa imposição “O ganadeiro incorre em contra-ordenação punível com coima de € 500 a € 2500 […]”. O ganadero Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER) assumiu a responsabilidade e abriu a Corrida Concurso de Ganadaria um toiro pequenote com 370Kg. O exemplar que teria sido rejeitado em várias praças, foi vaiado veemente à saída dos curros.
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