Tiago Pamplona arranca triunfo na corrida que fechou a Feira de S. João 2010.
S. Pedro fez chover no dia inicialmente previsto empurrando assim para o fim da feira aquela que, no somatório global, resultou como a corrida de melhor nível da Feira de S. João 2010 (excepção feita às faenas de Miguel Angel Perera na corrida de abertura).
Dia 27 de Junho, 18h30. Ao som de “Morena de mi copla” iniciam-se as cortesias, desfilando na arena da Praça de Toiros “Ilha Terceira” os cavaleiros Tiago Pamplona, Tiago Carreiras e o praticante João Pamplona. Os forcados do Grupo de Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT) e Antonio Ferrera para a lide apeada. Nos curros estavam toiros de Rego Botelho (RB) e da Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF).
Antes do início da primeira lide e já com Tiago Pamplona em praça, foi efectuada justa homenagem a Raul Pamplona, falecido no passado mês de Abril. Em nome da família, João Carlos Pamplona recebeu uma placa evocativa que lhe foi entregue pela Comissão de Tauromaquia das Sanjoaninas 2010.
Com um ferro a Porta-Gaiola, Tiago Pamplona enfeitou o “Quimero” (nº254, 460Kg, JAF). Apesar de pouco encastado, o toiro desde cedo mostrou-se voluntarioso entregando-se à lide. Boa nota para os restantes 2 compridos cravados. O cavaleiro mostrou que também é possível brilhar na cravagem comprida, desde que esta não seja efectuada a despachar. Nos curtos foi continuando a desenvolver uma lide em plano superior, cravando como mandam as regras do bom toureio à portuguesa. Colocou o toiro criteriosamente nos terrenos. Encerrou a lide com dois palmitos que encantaram as bancadas. Na segunda lide, frente ao “Bandarilho” (nº21, 480Kg, RB), mostrou mais do mesmo. Tira partido da colaboração do oponente e depois de um primeiro comprido dianteiro, corrige-se e entrega-se. Vai traçando os andamentos na medida certa e crava a gosto, de frente ou recorrendo aos Violinos que já são sua imagem de marca.
O “Quitapolvos” (nº243, 480Kg, JAF) tinha um nome tão curioso como a sua falta de nobreza. Tiago Carreiras recebeu-o com um bom ferro comprido, procurando desde logo cativar a assistência. Desenvolveu uma lide em crescendo, mas sem a tal pontinha que permitisse romper em pleno. Citou e deixou bons ferros no morrilho do oponente, exceptuando-se o 3º ferro que curiosamente ficou cravado na madeira de outro que já havia sido. O pequeno Carreiras agigantou-se na preparação das viagens e nos remates das sortes, sempre animados. Na sua segunda lide andou bem, no entanto a não suplantar a anterior prestação. O “Rilvito” (nº30, 435Kg, RB) foi cumprindo o que lhe era pedido. Novamente assiste-se a um marialva que procura imprimir movimento à lide, cravando correctamente e recriando-se nos remates. Lide a proporcionar alguns bons momentos de toureio equestre.
É sabido que o público da ilha Terceira acolhe de forma especial os Matadores-bandarilheiros. Com Antonio Ferrera não foi diferente. Por Verónicas e plásticas Navarras foi provado o “Jasmim” (nº2, 545Kg, RB). Nas bandarilhas o diestro agarrou os sectores da praça para não mais os largar. Com a sua característica exuberância deixa dois pares de Poder-a-poder para encerrar com um bom par a esperar junto a tábuas. Mostra entendimento do toiro e dos seus terrenos. O hastado foi-se mostrando querenças, saindo por vezes desligado das sortes. O diestro lanceou por Verónicas e após pedir que a banda de música parasse de tocar, mostra poder e pisa os terrenos do toiro para sacar a este o que de melhor tinha. Com a mão direita desenha uma boa série rematada com Circular e Passe de peito. Trocou de mão e foi conduzindo através de Naturais ajudados. Com as bancadas à sua mercê, encerra com Derechazos “Mirando al tendido” e Circulares, antes de simular a Sorte suprema. O segundo do lote (nº16, 465Kg, RB) prestou-se à luta apesar de ter ido a menos. Com o capote viram-se Verónicas traçadas por Ferrera. No tércio de Bandarilhas voltou a agarrar ovação. Encerra com sorte cambiada após um par de cravagens de Poder-a-poder. Fazendo uso da flanela rubra mostra-se aguerrido e vai cativando o toiro com tandas de Derechazos de bom nível. Novamente pede que pare o Pasodoble e prova com a mão esquerda. Andou por cima do oponente durante a lide. Nota negativa para a segunda volta despropositada dada pelo Matador. Talvez quis tentar a sua sorte após ter assistido à forma quase forçada com que foi aberta a Porta Grande a Perera.
João Pamplona encerrou a corrida frente ao “Quiton” (nº 228, 430Kg, JAF). O animal mostrou-se áspero carregando apenas pela certa. O mais novo do clã Pamplona foi procurando uma lide alegre como é seu apanágio, no entanto andou desacertado nas cravagens. Aliada a alguma velocidade nas viagens, esteve a dificuldade em mandar nas bregas e assim colocar o toiro nos melhores terrenos.
Nas pegas viu-se do melhor e o pior desta Feira. Leonardo Gonçalves fechou-se bem à segunda tentativa. O Cabo Adalberto Belerique fechou-se à córnea para consumar de forma poderosa a pega ao segundo da tarde. José Vicente esteve correctíssimo na cara do toiro aguentando alguns derrotes para se fechar na pega da corrida. Com o 5º toiro viriam as complicações. Helénio Melo ao segundo intento é despejado por alto após violento embate, sendo dobrado por João Pedro Ávila. Á quinta tentativa e quando o coração já falava mais alto do que a razão, o forcado sai maltratado recolhendo à enfermaria com suspeita de lesões internas que mais tarde se viriam, infelizmente, a confirmar. Marco Sousa, com o grupo carregado, resolveu numa extenuante 7ª tentativa. A pegar o último da tarde, já noite, Gonçalo Toste fecha-se numa boa pega à barbela, à segunda.
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