segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fomos à Cuba



Foste, Foste-te que eu bem sei que foste, no Domingo á tourada.. Foi assim, em jeito de cantar alentejano, que os ¾ de casa de um público disposto a divertir-se, saudou a entrega do primeiro ferro comprido ao Cavaleiro Rui Fernandes. Estava dado o mote..Festa! Na senda do que tinha sido até ai o fim-de-semana taurino da Vila de Cuba.

Os muito bem apresentados toiros do Eng.º. António Silva, todos ferrados com o 6, deram jogo desigual, sendo na generalidade encastados, deixaram-se lidar, nota mais alta para os quarto e quinto da ordem e mais baixa significativamente, para o ilidável primeiro de Procuna.

Rui Fernandes teve por diante um primeiro encastado mas frouxo de remos oponente. Bem tentou o ginete mas a falta de toiro no momento do ferro, fez com que pouca fosse a história da sua primeira lide. O seu segundo foi mais colaborante, sem querenças deixou-se lidar e Rui conseguiu, a espaços entusiasmar a afición, com uma lide ligada, onde destacamos o terceiro curto de cravagem correcta e ao estribo, o melhor de toda a tarde. Fica-nos a sensação que um pouco mais de espaço ao toiro na preparação das sortes e um pouco mais de distancia nos cites e outro teria sido o efeito para melhor, especialmente depois de verificar a forma como o Silva se arrancou, por iniciativa própria, ao 5º curto de praça a praça. É uma opinião...

Filipe Gonçalves teve duas lides muito parecidas, de maior acerto e domínio a primeira, ante um mastodonte que deu jogo e emprestou emoção, estreou um cavalo preto ( Varela Crujo) que apesar de não conseguir ganhar o píton no ferro, tem um abordagem ao toiro de muita expressão e com o tempo será certamente figura, pois é ainda muito jovem. No seu segundo andou equivocado até que percebeu, já nos curtos e após forte assobiadela por falha na colocação de um ferro, que tinha de dar a lide que o toiro queria e não a que trazia idealizada de casa. Foi com ganas, deixou os números de adorno para segundo plano e saiu por cima numa actuação claramente de menos a mais. Está mais pausado, bem montado e com outro conhecimento, o Algarvio, a seguir com atenção em 2009...

Luis Vital “Procuna”. Teve uma tarde bem diferente da do ano passado. É assim o sortilégio do toureio, o ano passado um primeiro de sonho de Varela Crujo deu triunfo grande, este ano, um “tio” de Silva sem um passe deu silencio inevitável. Correram melhor no seu segundo ( também com trapio) as coisas. Faena essencialmente pela direita, onde foi possível ver tandas de domínio e cuidado, ligadas e que chegaram ao publico. Em ambos, vistosos e artistas tercios de capote e de bandarilhas, onde voltou a mostrar a facilidade e intuição que se lhe reconhecem nestas sortes.

No Capitulo das pegas a primeira nota vai para o facto de todos os forcados fardados ostentarem gravata preta em sinal de respeito por Francisco Matias, pelo qual foi guardado um minuto de silencio, durante as cortesias. Concordamos, obviamente!! Mas será que o Ganadero do ano passado, falecido no defeso, não deveria ter sido também lembrado nesse minuto?... Por nossa parte fizemo-lo!!

Na parte artística foi uma tarde em que se ajudou melhor do que se pegou de caras. Quer isto dizer que, estiveram mais coesos e eficientes os grupos a ajudar sobretudo os primeiros ajudas, Wilson Dioniso foi chamado para volta no segundo do grupo de Cuba. Mas não teria sido cometida nenhuma injustiça, se Augusto Silva também tivesse sido convidado para o fazer, no segundo dos Amadores de Beja.

Por Cuba pegaram José Maria Rocha á segunda, depois de falta de coesão nas ajudas a um toiro que deixou o cara no chão por falta de ajuda na primeira. Os toiros quando põem a cara no chão são chatos de ajudar, mas ai há que procurar os pítons ( é aí que se ajudam os toiros) e levantar-lhe a cara. Ajudar não é atirar-se para cima do toiro....é analisar rapidamente a melhor forma de entrar a procurar o píton e depois actuar consoante seja necessário.
Valter Guerreiro recebeu mal, um Silva que fugiu ao Grupo com a cara alta mas sem bater, decisiva a intervenção do já mencionado Wilson Dionísio, para a concretização á primeira tentativa.

Por Beja, no maior da corrida, pegou Olavo Baião a sesgo e para resolver á terceira, um toiro com poder mas que metia a cara bem e a empregar-se, o forcado de cara é que nunca lhe aguentou a investida nem mandou nas reuniões. No seu segundo, a pega da tarde em nossa opinião. Foi seu autor todo o Grupo, que esteve coeso a ajudar um toiro que empurrou com força, mas com o forcado de cara a mandar em tudo o que lhe fez, desde que pisou até que saiu da arena e uma eficiente e vistosa ajuda de Augusto Silva a João Fialho, bem ajudados pelo resto do grupo, corrigiram a imagem menos positiva da primeira actuação.

Uma nota de destaque para a ferragem “á espanhola” utilizada por Rui Fernandes. Indagámos junto da sua equipa se eram caras essas bandarilhas e se tinham algum efeito menos positivo no comportamento dos toiros.
Respostas: São feitas em casa e compramos os encaixes e arpões, nada de mais em custo e utilizam-se varias vezes. Quanto á segunda questão não tem qualquer efeito diferente, a não ser a maior prevenção de riscos para o toureiro e em Portugal para os Forcados. Deixamos para reflexão e assinalamos o gesto com agrado!!

Dirigiu sem problemas o Sr. Antonio Garçoa com Ferragem de Gastão Miguéns, esta segunda Corrida Mista da Tertúlia do Grupo de Forcados Amadores de Cuba, numa magnifica organização a todos os níveis e estão de parabéns pelo que estão a fazer pela festa.

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