quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sousel reportagem

Meia casa de um público disposto a divertir-se, foi a entrada registada numa das datas mais pitorescas, de festa e romaria “pura”, para os Alto Alentejanos e para as “gentes dos toiros”...a segunda feira de Páscoa em Sousel, ali nos velhos olivais entre a ermida e a Praça Pedro Louceiro, onde o farnel bem aviado e melhor regado servem de centro de mesa e partilha, num dia bem passado e rematado com a tradicional corrida de toiros a que o Exmº. Sr. Presidente de Câmara assistiu. Sendo saudado e brindado pelos toureiros e publico....

Bem apresentados os toiros espanhóis de Los Adaines, todos ferrados com o 6, deram jogo desigual, sendo na generalidade encastados mas a revelarem mansidão, deixaram-se lidar a exigir dos artistas capacidade para lhe entrar nos terrenos e deixar a ferragem com limpeza e acerto, tardos na saída e de derrotes duros de entrada e com pata nas pegas, pediam contas, sem bater ostensivamente ou com maldade, mas exigiam!! Mais uns quantos curros assim época fora e a ANGF teria menos Grupos, mas de certeza melhores ainda... nota mais alta para os quarto e quinto da ordem e mais baixa significativamente, para o “ordinário” primeiro.

Tito Semedo teve duas actuações distintas, resolveu a papeleta ante o primeiro, ordinário e sem um passe ( como sói dizer-se). O seu segundo foi mais colaborante, sem querenças, deixou-se lidar e Tito conseguiu a espaços, entusiasmar a afición, com uma lide ligada, onde destacamos os três curtos cravados com ligeira batida ao pitón contrário e o de palmo com que finalizou, já no Descarado, de cravagem correcta e ao estribo.

O espanhol Javier Cano teve por diante um primeiro encastado mas frouxo de remos oponente, permitiu lide cómoda de acerto, com boa brega e exemplar colocação da ferragem variada, numa área do morrilho do toiro do tamanho de uma moeda de 2 euros, terminou com dois violinos de alto nível. A sua segunda lide foi de elevada nota, com um toiro bravo e que apertava muito no momento da reunião e na recarga dos ferros, andou de frente, com temple e a cravar em quarteios de domínio, numa actuação toda ela harmoniosa e sóbria, com irrepreensível arranjo das montadas. Gostámos dos modos do natural de Jaén e com alternativa desde Setembro passado, recebida das mãos de Hermozo de Mendoza.

O sortilégio do toureio, pode servir para caracterizar a tarde de Joana Andrade em Sousel, uma primeira lide de desacerto e sem critério para dar volta ao difícil “Adaine”, com muita passagem em falso e bandarilheiros na arena em permanência. Uma lide de calma, confiada (a que não terá sido alheio o magnifico comprido de muito poder com que a iniciou e a galvanizou), com domínio dos acontecimentos e a cravar com correcção, a espaços até, com algum perfume clássico. Boa actuação de Joana Andrade, que se for confirmada em futuras, pode ser uma revelação em 2009....

No Capitulo das pegas a tarde foi séria, pediu contas o curro espanhol, como atrás referimos. Pediu tudo bem feito á sua frente em uma a duas tentativas e depois passava para a parte violenta e de sentido. Foi dos forcados a culpa de se terem feito várias tentativas, pois se há os que permitem erros e deixam opção de emenda, na mesma tentativa, estes não o consentiam. Houve toiros que se queriam mais toureados de largo e o pouco espaço físico disponível (pelo pequeno diâmetro da arena de Sousel), teria de ser aproveitado para o carregar da sorte e recuar para receber, ao invés do cite a encurtar terrenos, que levou a que os toiros fossem carregados muito dentro da sua jurisdição, não tendo os forcados tempo para se sacarem, recuar e dobrar, por forma a receber convenientemente as rápidas e “secas” mangadas dos “Aldaines”, é uma opinião.....

Luis Amador á terceira (não se agarrou com decisão nas duas primeiras) com decisiva intervenção de Francisco Troles, Joel Zambujeira na sua primeira, a sesgo a resolver, em dobra a Luis Camões que saiu com fractura do nariz ( depois de não ter mandado na reunião, ao não se sacar dos terrenos do oponente, nas duas que fez) e Bruno Cantinho á quarta tentativa a resolver (depois de uma extraordinária primeira tentativa, em que faltou maior rapidez de intervenção nas segundas ajudas, uma segunda, em que se adiantou ao toiro e uma terceira, em que aguentou impressionante “bolada” no peito), Saldaram a primeira actuação da época, dos Amadores de Cascais.

Os Amadores da Póvoa de S. Miguel, cumpriram a “missão” por intermédio de Arménio Reis á primeira (recebeu mal o toiro e agarrou-se com muita decisão num píton até o grupo fechar), Fábio Madeira á terceira (não se sacava dos terrenos do oponente e não conseguia receber por forma a fechar-se na cara do mesmo). E Márcio Carrilho á primeira numa pega em que fez tudo bem, pese embora o desacerto nas ajudas, que poderia ter inviabilizado a tentativa, ao toiro de maior suavidade do encierro.

Dirigiu o Sr. Agostinho Borges que teve duas decisões com importância para tomar, a de manter em praça o segundo da ordem quando este arrastava o posterior direito logo de saída (vindo a recuperar bastante á medida que “aqueceu” durante a lide, se tal não acontecesse a decisão teria sido errada, em todo caso... sempre difícil) a segunda, muito bem, mandou identificar um espectador que atirou para a cara do último toiro uma peça de vestuário assim que este rompeu na arena. Lamentável!!


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