sábado, 3 de outubro de 2009

Rouxinol, Telles e Toiros de Verdade levam Emoção ao Campo Pequeno


Praça de Toiros: Campo Pequeno, em Lisboa.
Data: 1 de Outubro de 2009, pelas 22h15
Empresa: SRUCP, S.A.
Ganadaria: Eng.º Luís Rocha
Cavaleiros: Joaquim Bastinhas, António Ribeiro Telles, Rui Salvador, Luís Rouxinol, Paulo Jorge Santos e o praticante Tiago Carreiras
Grupo de Forcados: Amadores de Lisboa e de Vila Franca de Xira, capitaneados, respectivamente, por José Luís Gomes e Vasco Dotti
Assistência: Casa Cheia
Banda: Sociedade Filarmónica Progresso e Labor Samouquense
Delegados da IGAC: Dirigiu a corrida o Sr. Delegado Tauromáquico António Garçôa, assessorado pelo Médico Veterinário Dr. José Luís Cruz.

A última de Abono do Campo Pequeno era uma Corrida de Gala á Antiga Portuguesa, com seis cavaleiros em competição pelo prémio D. José João Zoio, que dava direito á presença no cartel de 15 de Outubro, já fora do Abono. Com honras de transmissão televisiva, pela RTP; a corrida estava esgotada na véspera, e o curro prometia dar boa conta de si, pois estes toiros já tinham triunfado na Catedral. 2 Grupos de Forcados com historial, completavam o cartel, que prometia uma boa noite no Campo Pequeno.

Da Herdade Da Machôa, bem perto da bonita vila de Monsaraz, vieram os toiros da Ganadaria do Eng.º Luís Rocha, por direito próprio, que tiveram um excelente desempenho na primeira praça do País. Com uma apresentação irrepreensível, e todos com 4 anos, foram um exemplo do que é: Idade, Peso e Trapio! Para melhorar só mesmo o bom comportamento, de todos; mesmo os que mansearam, revelaram sempre casta e pediram contas a cavaleiros e forcados, que tiveram que se aplicar, dando emoção ao espectáculo. Acusaram na balança respectivamente; 568, 558, 562, 558, 604 e 534 Kg; provando que não é necessário “gigantes” para que haja emoção nas praças!

Abriu a função Joaquim Bastinhas, que no seu estilo alegre e mexido, desenvolveu uma lide muito correcta nas sortes, mantendo sempre a sua forte ligação às bancadas, destacando-se o terceiro comprido, e os primeiros 2 ferros curtos cravados ao estribo, como mandam as regras. Bastinhas provou que tem o seu lugar na Festa e que sabe fazer bem e com emoção.

António Ribeiro Telles, foi receber o 2º da noite á porta gaiola, numa lide que foi uma lição de toreria. Terrenos sempre bem escolhidos; um grande entendimento do oponente e sortes exemplarmente executadas, deram até para trazer á arena do Campo Pequeno, a casta dum toiro que parecia não a ter. Mas António mostrou porque é figura, principalmente nos curtos destacando-se o primeiro e o quarto desta série. Só pecou ligeiramente, por cravar ferros demais (9 no total!).

eguiu-se Rui Salvador, que começou com bons ferros compridos, não conseguindo depois durante a lide dar a volta ao toiro que foi de mais a menos fechando-se em tábuas. Alguns toques que desluziram a actuação do cavaleiro de Tomar, que ainda assim esteve muito esforçado, pecando apenas por cravar mais um ferro, que era desnecessário. Recusou a volta num gesto de bom profissional que é.

Para Luís Rouxinol, saiu o melhor da noite na minha opinião. Sempre com codicía, Rouxinol aproveitou-lhe bem a investida nobre e foi-se adornando na preparação e remate das sortes, trazendo emoção às bancadas. Já lhe vimos ferros melhores, mas ainda assim mereceu o prémio pela lide que executou, de onde se pode destacar a variedade das sortes e o primeiro e quarto curtos, este último um palmito de boa execução.

Paulo Jorge Santos teve uma passagem discreta por Lisboa, talvez por ter poucas corridas. Mostrou muita entrega e tentou sempre que pôde tourear perto do toiro, correndo assim alguns riscos que lhe valeram toques nas montadas. Ainda assim teve dois ferros em destaque pela sua qualidade; o segundo comprido e o terceiro curto, numa lide demasiado extensa (9 ferros!).

O único Praticante no Cartel era Tiago Carreiras, que tinha já deixado boa impressão nesta praça. No entanto nesta noite não foi assim. Sem a sua estrela “Quirino”; Carreiras teve parte do público consigo, mas cravou fora de sitio quase todos os ferros e nunca mostrou o bom toureio que já lhe conhecemos. Terá com certeza oportunidade de se emendar, pois é um jovem com muita garra, que chega bem ao público.

Nas Pegas começou o G. F. A. de Lisboa por intermédio de Francisco Mira, que teve um cite bonito e calmo com o toiro a querer arrancar e a ficar parado no meio da viagem sem o forcado se emendar. Desfez, para depois citar igual, mas desta vez a mandar na investida, recuando depois em demasia, o que fez o toiro ensarilhar e recebeu o toiro de lado, saindo da cara. Voltou a desfazer a pega na 2ª tentativa e depois fecha-se á córnea só de barcos, não sendo isso o suficiente, para ficar na cara. Pegou depois á 3ª tentativa, já com ajudas carregadas, resolvendo a “papeleta”. Recusou muito bem a volta, tendo que “fugir” ao cavaleiro, para a trincheira, depois dos cumprimentos. Para o terceiro toiro da noite, saiu João Vasco Lucas, que citou sem barrete, com alguma hesitação. No entanto, manda bem na investida do toiro e fecha-se enchendo-lhe a cara com o grupo a corresponder ajudando bem num toiro que entrou a direito pelo grupo. Para finalizar a actuação dos Forcados “Alfacinhas”, foi escolhido Pedro Miranda, que citou calmo, e aproveitou a investida clara e pronta do toiro fechando-se com muita garra, mas com as ajudas a hesitarem, saiu com os derrotes fortes e secos do toiro. Repetiu o cite e voltou a fechar-se bem, sendo desta vez bem ajudado pelo restante grupo. Chamou o 1º ajuda Armando Nunes á praça durante a volta, com justiça.

O G. F. A. de Vila Franca de Xira abriu praça pelo forcado Pedro Castelo, que citou bem mandando na investida, mas recebeu o toiro de lado não se conseguindo fechar. Na segunda tentativa corrige tudo, mas as ajudas hesitaram, sendo o forcado desfeiteado. Saiu para a terceira tentativa, com ajudas carregadas, aguentando ainda assim bem, a codicía com que o toiro investia, com o grupo desta vez a corresponder. Recusou a volta com brio. Nuno Casquinha, foi para a cara do 4º toiro, e aproveitou-lhe bem a investida mas fecha-se mal na cara e depois ao tentar emendar-se volta a fechar-se com o toiro mais 2 vezes na viagem, mas já tinha saído da cara. Repetiu bem a pega depois com o grupo a ajudar decidido, numa pega rija á 2ª tentativa. O cabo Vasco Dotti deu um brilhante exemplo saindo para pegar o último da noite, pois um dos ferros curtos estava “apontado” para o forcado, que lá fosse. Sofreu com isso pois após um bonito cite foi “empurrado” por esse mesmo ferro ficando descomposto na cara do toiro, felizmente sem consequências de maior, pois não foi atingido, em zona de lesão grave. Saiu decidido para a 2ª tentativa, o que resultou numa boa pega, plena de técnica, com o seu grupo a ajudar bem.

O Mais e o Menos
+ A brega do bandarilheiro David Antunes; Os Toiros do Eng.º Luís Rocha; A entrega dos Artistas e as Homenagens: á RTP, por parte do Sindicato dos Toureiros e a D. José João Zoio por Parte da Empresa
– A demora do espectáculo, sobretudo por haver ferros a mais concedidos pela Direcção da Corrida e o ferro curto mal colocado que poderia ter fechado o espectáculo com mais uma tragédia para o Cabo do Grupo de Vila Franca de Xira.

Nota da redação: Inicialmente tinha sido afirmado que o forcado João Lucas do GFA de Lisboa tinha dado duas voltas à arena, o que na realidade não se verificou. Deu sim uma volta acompanhado com o cavaleiro Rui Salvador e depois foi receber os aplausos nos médios.

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