sexta-feira, 3 de junho de 2011

Oportunidades desperdiçadas…

- Praça de Toiros: Campo Pequeno, em Lisboa
- Data: 2 de Junho de 2011, às 22h00
- Empresa: Sociedade do Campo Pequeno, S.A.
- Ganadaria: 6 Toiros de Pinto Barreiros
- Cavaleiros: António Maria Brito Paes, João Moura Caetano, Manuel Telles Bastos, Marcos Bastinhas, Duarte Pinto e João Salgueiro da Costa (cavaleiro praticante)
- Grupos de Forcados: Amadores de Vila Franca de Xira e Amadores do Aposento da Moita, capitaneados respectivamente por Ricardo Castelo e Tiago Ribeiro
- Assistência: 3/4
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Pedro Reinhardt, assessorado pelo médico veterinário Dr. Patacho de Matos
- Banda: Samouco

No cartaz da corrida lia-se “confronto de dinastias” e esse foi o mote da nocturna de ontem que se realizou na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Seis dinastias e seis jovens promessas do toureio a cavalo, de quem muito os aficionados esperam mas que tardam em “romper”, tornando esta competição ainda mais real e mesmo apaixonada (factores fundamentais para a dinâmica da nossa Festa de Toiros). Competição também que era esperada na forcadagem, com os Grupos de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e do Aposento da Moita, a colocarem-se perante um curro da ganadaria de Pinto Barreiros, conside­rada a ganadaria-mãe das ganadarias portuguesas (com encaste Pinto Barreiros - puro Parladé).

Noite de oportunidade para estes jovens cavaleiros, noite desperdiçada pela maioria dos ginetes que tardam em “disparar” para voos mais altos e em sair da vulgaridade. Em disputa estava o prémio para o melhor cavaleiro (que valia a entrada directa num dos cartéis de Julho no Campo Pequeno) e o galardão foi entregue muito justamente ao cavaleiro praticante João Salgueiro da Costa, que foi quem mais se destacou na noite de ontem.

Assim, da Herdade do Vidigal em Montemor-o-Novo vieram seis Pinto Barreiros dispares de peso e de apresentação, que na generalidade cumpriram, destacando pela positiva o segundo (toiro com nobreza) e sexto da ordem (um toiro que revelou bravura e nobreza). Os pesos oscilaram entre os 502 Kg e os 600 Kg.

A abrir praça saiu o cavaleiro António Maria Brito Paes que teve uma lide bastante discreta. Nos compridos deixou a ferragem da ordem e nos curtos abusou um pouco dos quiebros, apesar do toiro pedir outro tipo de abordagem. Ainda assim, nesta passagem por Lisboa destaca-se o primeiro ferro curto, com batida ao piton contrário e com uma reunião justa e conseguida.

João Moura Caetano teve pela frente um toiro que revelou nobreza e sentido. O jovem ginete de Monforte recebeu o oponente à porta gaiola, deixando depois três ferros compridos regulares, com o toiro a “apertar”. Nos ferros curtos Caetano revelou bons pormenores de brega. Contudo, não cuidou o momento da reunião, cravando a maior parte dos ferros de forma aliviada e à garupa do cavalo. Foi pena e o toiro merecia mais!

Ao cavaleiro Manuel Telles Bastos calhou-lhe o pior toiro da noite e o jovem da Torrinha pouco ou nada pode fazer perante o oponente que lhe calhou em sorte. Diante de um toiro “mal visto”, que nas entradas pelo piton direito complicava, Telles Bastos deixou os compridos da ordem de forma regular. Na ferragem curta, não há muito para acrescentar à história da lide. Destacam-se os dois últimos ferros curtos cravados com muito mérito, onde o cavaleiro arriscou e tentou superar as dificuldades de visão do oponente.

O quarto toiro da noite foi lidado pelo cavaleiro Marcos Bastinhas, que desenvolveu uma lide baseada na ligação às bancadas. Depois de deixar os compridos da ordem, Marcos Tenório Bastinhas esteve vulgar nos curtos, destacando-se contudo, o segundo ferro curto onde soube eleger os terrenos, cravando ao estribo como mandam as regras. Terminou a sua lide com o tradicional par de bandarilhas “marca da casa”.

A Duarte Pinto calhou-lhe um colaborante pinto barreiros. Nesta noite na arena do Campo Pequeno, este jovem cavaleiro mostrou boas maneiras a cavalo e um cuidado especial na preparação das sortes. Contudo, Duarte Pinto esteve desajustado na cravagem, principalmente nos ferros curtos, o que tirou brilho a sua lide, “faltando sal” nesta sua passagem pela arena da capital.

Para o último na noite saiu o jovem praticante João Salgueiro da Costa. Ao cavaleiro de Valada calhou-lhe um excelente toiro, que revelou bravura, nobreza e que transmitiu durante toda a lide. Nos compridos destaca-se a segunda tira bem cravada. Sem mudar de cavalo, Salgueiro da Costa passou para os curtos e mostrou que estava com vontade de triunfar. Deixou seis ferros curtos, com destaque para o segundo, citando de largo e conseguindo uma reunião justa e bem conseguida. Nota positiva ainda para o remate das sortes, onde tirou proveito das investidas nobres do oponente. No fim, recebeu o troféu para a melhor lide da noite, prémio inteiramente justo, pelo querer que revelou nesta sua passagem pela arena do Campo Pequeno.

No capítulo da forcadagem abriu praça o Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira. À cara do primeiro da noite foi o forcado Pedro Castelo, que esteve seguro a citar. Entrando em terrenos de compromisso mandou vir o toiro, fechando-se depois com decisão e aguentando sem dificuldade até as ajudas chegarem e assim concretizarem esta pega. Para o terceiro da noite foi chamado Ricardo Patusco. Citou calmo, mandou na investida e reuniu bem à córnea, com o grupo a fechar com coesão. Para o último toiro dos vila-franquenses foi à cara Bruno Casquinha. Com um cite bonito, não reuniu da melhor forma, compondo-se depois na cara do toiro e aguentando bem até o grupo fechar sem dificuldade.

Pedro Brito de Sousa foi o escolhido para pegar o primeiro do lote do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita. Citou alegre e decidido, mandou na investida e fechou-se com correcção, com o grupo a ajudar coeso. Nuno Inácio foi o escolhido para ir à cara do quarto da noite. Com cite sereno, fechou-se à primeira tentativa, bem ajudado pelo resto do grupo. Para o último da noite saltou à praça o cabo moitense Tiago Ribeiro. Chamou o toiro com determinação, que arrancou com pata na direcção do forcado. A reunião não resultou da melhor forma, contudo, Tiago Ribeiro recompôs-se bem na cara do oponente e aguentou até à chegada das ajudas, que fecharam coesas esta última pega da noite.

Nota para os jovens ginetes, representantes de dinastias toureiras e representantes da nova geração do toureio a cavalo português. Está na altura de “explodirem” e mostrar o que valem. As exibições desta noite na primeira praça do país não saíram do registo vulgar. Os sinais não são positivos e é hora de começar a mostrar o que realmente valem. A Festa precisa deles, mas também precisa de arrojo, querer, competição e determinação. Tudo o que não houve nesta noite, com excepção para o único cavaleiro praticante em praça, que se destacou pela positiva relativamente aos companheiros de cartaz. Oportunidades desperdiçadas…

O Mais e o Menos
+ O sexto toiro da corrida: bravo e nobre.
+ O anúncio feito aos microfones da praça, das 100.000 assinaturas atingidas na petição “Em defesa da Festa Brava”, encabeçada pelo Dr. Francisco Moita Flores. A Festa e os aficionados estão de Parabéns!
- A oportunidade desperdiçada pelos jovens cavaleiros em praça.

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