sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ontem no C. Pequeno: finalmente deu-se importância à "porta grande"!

Melhor era impossível: Rui Fernandes rebentou com a escala ontem no Campo Pequeno!
Moura e o "Merlin": bailado de maravilha

Miguel Alvarenga - Os especialistas (e eu cada vez sou menos...) já escreveram tudo o que tinham a escrever nos seus sites e blogues. Ontem no Campo Pequeno, a maestria de João Moura esteve patente nas suas duas brilhantes actuações com os dois "Vinhas" mais complicadotes da corrida. Rui Fernandes, se alguém ainda tivesse dúvidas (e eu não as tenho, nem nunca as tive, desde a primeira hora, desde aquela célebre corrida monárquica que organizei em Vila Viçosa com o meu amigo Gonçalo da Câmara Pereira, lembras-te, Rui?), está num momento importantíssimo, a consagrar-se de corrida em corrida, a subir, a subir e a subir. Ontem em Lisboa demonstrou isso mesmo, e pouco me importa que alguns "defendam" que teve sorte com o lote, sorte tivemos nós em vê-lo tourear como toureou. Rebentou com a escala, esteve imponente, verdadeiramente fabuloso, senhor de si, tranquilo, sereno, confiante, exuberante, incrível! Tiago Carreiras tinha que defender a honra do seu convento em noite de competição com dois gigantes. Tinha que provar que ainda existe, que ainda mexe. E fê-lo, é de justiça dizê-lo, sobretudo no último toiro, com um "Quirino" já não tanto "Quirino" como dantes, mas a permitir que brilhasse, aqui e ali com euforias exageradas, mas brilhou. Era isso que precisava de nos dizer.
Os três grupos de forcados alentejanos - Portalegre, Alter e Monforte - estiveram em alto nível, muito mais alto que outros grupos que "borraram a pintura" em recentes corridas televisionadas. Destaque maior e merecido, se bem que sem tirar valor às restantes actuações, para a pega enorme (enorme no cite, enorme a recuar toureando, enorme a reunir e a aguentar com estoicismo e decisão os derrotes!) de Nelson Nabiça, já histórico e valoroso pegador dos Amadores de Portalegre. Duas merecidas voltas à arena, um olé enorme para ele!
Agora o mais importante: ontem no Campo Pequeno, finalmente, deu-se importância à "porta grande", ultimamente tão banalizada, tão descaracterizada e tão ao alcance de qualquer um. Já era tempo de isso acontecer. Ficamos a dever a João Moura, mas sobretudo a Rui Fernandes, o facto de os pontos terem sido colocados definitivamente nos iis.
Moura podia no seu primeiro toiro ter dado a segunda volta, sem forçar nada, o público pedia-a. Entrou para a trincheira, deixando para trás a possibilidade de, se repetisse o êxito no segundo, sair em ombros pela "porta grande".
Fernandes podia perfeitamente - sem forçar nada também, o público estava de pé e pedir! - ter dado duas voltas no primeiro toiro e outras duas no segundo, registando para a posteridade a saída em ombros pela "porta grande" do Campo Pequeno. Pelo contrário, das duas vezes recolheu à trincheira, sorrindo, dizendo que não com a mão, como quem diz: "não senhor, meus amigos, muito obrigado, mas não preciso de números desses para provar que triunfei hoje aqui em Lisboa!".
Temos que interpretar esta atitude, da parte das duas Figuras, como uma resposta clara e objectiva a anteriores usos e abusos da abertura da "porta grande". Temos que aplaudir. Mais: temos que lhes agradecer. Já era tempo de dizer "basta"! Já era tempo de colocar a "porta grande" no seu sítio, deixando de a banalizar.
Por fim, os toiros. Foi uma noite desluzida. Os Vinhas "mansearam", não tinham apresentação, não tinham a dignidade que se exige a um toiro na primeira praça do país. Mas, atenção: não sou adepto do toiro "monstruoso". Mas tanta "babosisse" também enjoa...

Fotos João Dinis/www.touroeouro.com

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