sexta-feira, 15 de julho de 2011

Quando faltam os toiros… e mais qualquer coisa!

- Praça de Toiros: Campo Pequeno, em Lisboa

- Data: 14 de Julho de 2011, às 22h00
- Empresa: Sociedade do Campo Pequeno, S.A.
- Ganadaria: 6 Toiros de Mário e Herdeiros de Manuel Vinhas
- Cavaleiros: João Moura, Rui Fernandes e Tiago Carreiras
- Grupos de Forcados: Amadores de Portalegre, Amadores de Alter do Chão e Amadores de Monforte, capitaneados respectivamente por Francisco Paralta, João Saramago e Ricardo Carrilho.
- Assistência: 3/4
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Lourenço Luzio, assessorado pelo médico veterinário Dr. Moreira da Silva

A temporada portuguesa está a entrar na sua máxima força e a Praça de Toiros do Campo Pequeno abriu novamente as suas portas para a oitava corrida de Abono. Uma noite com uma forte presença do Alto Alentejo no cartaz, mais propriamente do distrito de Portalegre, quer ao nível dos cavaleiros, quer ao nível dos grupos de forcados em praça.

Uma noite que decorreu em bom ritmo, muito embora o resultado final não se possa considerar brilhante. Na verdade, faltou o essencial – os toiros – e quando assim é o espectáculo fica obviamente comprometido. De Palmela veio um curro de toiros da ganadaria de Mário e Herdeiros de Manuel Vinhas de apresentação muito desigual, feios de cara e com pouco trapio, com pesos a oscilar entre os 540 Kg e os 590 Kg. Quanto ao comportamento, os toiros saídos à praça revelaram-se “sensaborões” e sem transmitir minimamente. Destaque negativo para o segundo toiro da corrida que se apresentou diminuído e sem cara. Na minha opinião um toiro sem categoria para sair à arena da Monumental de Lisboa.

João Moura apresentou-se esta temporada em Lisboa a bom nível, embora com duas actuações distintas. No seu primeiro toiro, o cavaleiro de Monforte soube entender muito bem o toiro que tinha pela frente, um vinhas que cumpriu mas que adivinhava uma noite “sem sal” a nível ganadeiro. Moura esteve em bom plano, trabalhando bem a brega, a preparação dos ferros e rematando as sortes superiormente com toreria, sempre na tradicional linha “mourista”. O destaque vai para o terceiro curto, onde mostrou preocupação na escolha dos terrenos e executou uma reunião correcta e com emoção. No quarto toiro da noite, e perante um toiro bastante mais complicado e com poucas condições de lide, João Moura cumpriu mas esteve uns furos bastante abaixo do seu nível e do seu estatuto de figura.

A Rui Fernandes também lhe calharam dois toiros que pouco ou nada transmitiram. O primeiro do seu lote foi o toiro mais feio da corrida, sem cara, sem trapio e diminuído. Toiro impróprio para sair à arena da capital e que se revelou matéria-prima de má qualidade para se fazer qualquer coisa. Rui Fernandes ainda assim cumpriu “a papeleta” conseguindo chegar às bancadas pela forma como esteve por cima do oponente. No quinto da noite, o toiro mais bonito da corrida, Fernandes colocou a fasquia alta ao ir buscar o toiro à porta dos curros. Contudo, a sua prestação ficou-se pelo mediano e apenas no final as coisas saíram melhor e veio a mais. O destaque vai para o último ferro curto, obrigando o toiro a sair da querença e executando um quiebro com emoção, seguido de boa reunião.

Tiago Carreiras esteve numa noite “não”, não me ficando na retina nada de muito significativo. O terceiro toiro da noite foi mais um vinhas mal apresentado, sem andar e insonso. O cavaleiro de Sousel esteve sempre muito irregular e desajustado. Não se entendeu com o oponente e terminou a lide com a cravagem de um mau curto, com o toiro totalmente parado, borrando a pintura. No final, não se percebe porque deu volta não havendo qualquer razão para isso. No sexto e último toiro da noite, Carreiras esteve mais asseado mas também sem brilho. Com um toiro que não complicou e cumpriu, este jovem cavaleiro deixou a ferragem muito aliviada e quase sempre cravada à garupa. Resumindo: foi uma noite sem História para Tiago Carreiras.

Na forcadagem a noite era do Distrito de Portalegre. Coube ao Grupo de Forcados Amadores de Portalegre (com novo cabo) abrir praça. Ricardo Almeida foi o primeiro a saltar para a cara dos vinhas. Sereno a citar, recebeu com correcção o toiro e fechou-se sem problemas, com as ajudas rápidas a fechar a pega. Nelson Nabiça foi o segundo escolhido pelo cabo Francisco Paralta para pegar o quarto da noite. Citou com determinação, reuniu bem à córnea e aguentou com braços a viagem até as ajudas chegarem e fecharem esta boa pega.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Alter do Chão foi à cara do segundo toiro o forcado Diogo Bilé. Com um cite vistoso, mandou na investida e reuniu com decisão, aguentando depois na cara do toiro (que entrou pelo grupo dentro) até as ajudas conseguirem fechar esta pega rija. Elias Santos foi o escolhido para o quinto da noite. Citou de largo, mandou vir o toiro e reuniu muito bem à barbela com a ajuda de todo o grupo que mostrou coesão no momento de fechar.

Fábio Derreado foi o primeiro forcado escolhido pelo Grupo de Forcados Amadores de Monforte. Depois de não aguentar um derrote alto, o forcado pegou à segunda tentativa sem qualquer brilho, não esperando e aguentando o toiro e recuando depois em demasia (quase que fazia a pega “a meias” com o primeiro ajuda). Para o último da noite saltou Rui Espiguinha. O toiro arrancou à voz e o forcado não conseguiu uma reunião perfeita. Contudo, mostrou muito querer e aguentou firme a viagem na cara do vinhas, até o grupo chegar e fechar esta pega.

O Mais e o Menos
+ Embora muito sensaborona, a corrida foi decorrendo a bom ritmo não se prolongando em demasia.
+ O ambiente de Festa em redor dos Grupos de Forcados participantes.
- Curro desigual, com pouquíssimo trapio, sem andar e transmitir. Curros assim, não obrigado!

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