terça-feira, 2 de novembro de 2010

Boa tarde de touros no Redondo

A Associação Tauromáquica do Redondo resolveu e bem, abrir as suas portas neste final de temporada para dar uma oportunidade aos jovens valores; Manuel Telles Bastos, Duarte Pinto, Francisco Palha, o praticante Tomás Pinto e a amadora Maria Mira, seis toiros Veiga Teixeira, mais um de Santiago para a Maria.

O primeiro da tarde foi lidado a duo pelo Manuel Telles Bastos e pelo Francisco Palha, destaque para o primeiro que desempenhou o seu papel na perfeição, quanto ao Francisco a coisa não resultou; uma falta de afinação enorme, consentindo excessivos toques na montada que retiraram qualquer espécie de brilho á sua actuação.

Seguiu-se Duarte Pinto com uma lide com grande dignidade e ofício; nos compridos com destaque para o segundo, citando de praça á praça, indo até aos terrenos do toiro que se encontrava junto a tábuas, onde reuniu em sorte ajustada cravando assim um emocionante comprido. Logo após o primeiro curto soa o pasodoble, segue numa lide ascendente deixando quatro curtos de grande nota, sendo fortemente aplaudido.

Tomás Pinto apesar de ser ainda praticante não se deixou intimidar pelos colegas de cartel, muito pelo contrário; mostrou sim uma rara intuição toureira, e um á vontade próprio de quem faz as coisas com segurança e saber; nos compridos esteve perfeito, e na ferragem curta depois de três ferros segundo os cânones, crava mais dois em sorte de violino e um de palmo que deixaram o público absolutamente rendido a este Jovem toureiro tributando-lhe fortes aplausos.

O quarto da tarde foi para Maria Mira, que teve uma lide bastante correcta, pese embora acusasse um bocadinho a sua parca rodagem, faltando-lhe um pouco de temple e sentido de lide, deixando no entanto ferros de boa nota e pormenores que indicam que está no bom caminho; quanto a nós deveria ter dado a volta de agradecimento que pela actuação que teve sem dúvida merecia, mas ela assim não entendeu; este factor só por si revela o grau de exigência que a Maria quer atingir para que seja merecedora daquilo que todos os artistas anseiam: Os aplausos do público.

Manuel Telles Bastos perante um “quinto” de Veiga Teixeira “que foi mesmo o mais bravo” teve uma actuação de triunfo. Já várias vezes me referi a este cavaleiro, como sendo um dos poucos cavaleiros artistas a actuar nas nossas praças, e cada vez encontro mais razões para esta afirmação; se o seu Tio é o mestre do toureio clássico este Jovem da Torrinha ainda acrescenta mais e essa herança genética que leva dentro; contagia pela sua presença em praça e pelo corte das suas actuações; é um toureiro que além de emocionar faz sentir, foi isto que se passou no coliseu do Redondo, numa lide para recordar.

Francisco Palha teve no sexto toiro uma lide inversa da sua primeira, nos compridos deixa logo bom sabor, para nos curtos agarrar o público logo a partir do segundo que crava, mas é com os dois últimos em sorte de violino que chega mais ás bancadas, e com eles ouvir dos maiores aplausos da tarde, rubricando uma actuação onde se notou a mão dos ensinamentos que recolhe em Puebla del Rio.

O último da tarde estava destinado aos primos Pinto para uma lide a duo, cravaram e bem dois compridos cada um, seguindo depois uma lide que veio de menos a mais, terminando com dois bons ferros curtos, que o público exigiu a estes dois jovens e que serviram para terminar com chave de ouro esta temporada de triunfo e de afirmação do Coliseu do Redondo como uma das praças mais importantes da planície Alentejana.

As pegas estiveram a cargo dos Amadores de Alcochete, por: João Pedro e Luís Santos á primeira, Tomás Vale á terceira, dividindo ajudas com o grupo da casa, e Hugo Silva á segunda.

Pelos do Redondo pegou o João Azaruja, que se despediu á primeira tentativa, o Nuno Fitas com uma enorme pega á primeira tentativa, em que o forcado aguentou praticamente sozinho enormes e intermináveis derrotes; estoicismo e valentia foram os ingredientes desta grande pega que vai perdurar na memória de quem a presenciou e executou, e Rui Grilo que depois de duas tentativas foi dobrado por Hélder Delgado que resolveu á primeira.

Nota elevada para os toiros de Veiga Teixeira, que saíram na generalidade bravos e colaborantes.

Perante mais de meia casa, dirigiu com acerto o Sr. Agostinho Borges


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