sábado, 9 de julho de 2011

Noite emotiva em Portalegre...

A noite foi dos Forcados Amadores de Portalegre; Fernando Coelho passava nesta corrida o testemunho e a responsabilidade de Cabo a Francisco Paralta; encerraram-se com seis toiros de António Silva, fardando antigos e actuais elementos.

Abriu praça Artur Dominguez que depois de brindar ao Cabo fundador António José Batista executou uma grande pega á primeira tentativa; seguiu-se Nelson Batista que concretizou á segunda depois de uma rija primeira tentativa; o terceiro da noite foi para Fernando Coelho, brindou a todos os elementos, citou com tamanha alegria e querer que mais parecia que ia executar a sua primeira pega e não a última; a sua vontade e saber não permitiram outra coisa senão uma correcta e emotiva pega ao primeiro intento, para a qual contou com a primeira ajuda do seu filho Horácio. Depois no centro da praça despe a jaqueta e todos os elementos formam um círculo do tamanho da arena, que congregou no centro com o abraço colectivo e sentido ao cabo cessante; recebeu um forcado de ouro, certamente como prémio máximo de uma carreira recheada de êxitos.

Francisco Paralta estreou-se nas suas novas funções também com uma pega á primeira tentativa; Ricardo Almeida depois de um emotivo brinde ao céu, onde assistiam também elementos deste grupo, efectuou a pega da noite á primeira tentativa, uma daquelas pegas que vamos recordar para o resto da vida; com um toiro praticamente “inteiro”, Ricardo aguenta uma viajem de cortar a respiração, que apenas parou com ajuda das tábuas, continua, mas sempre com o grupo a acreditar e a ajudar com um querer enorme, e o toiro a levantar a cabeça investindo com uma força e uma vontade de meter medo, um pegão mesmo!; (quem é que disse que no Alentejo “não passa o TGV”??)

O último toiro da noite tinha um piton nitidamente partido pelo meio, saiu já assim á arena; isto influenciava a sua forma de investida, o que se veio também a reflectir no momento da pega, que certamente também contribuiu para que apenas se tivesse concretizado á terceira tentativa por intermédio de Luís Cabaço.

Um destaque elevado para o primeiro ajuda Horácio Coelho, filho de Fernando Coelho, que além da primeira ajuda que deu a seu Pai, deu mais duas de grande categoria, podemos dizer sem sombra de dúvidas que está entre os grandes primeiros ajudas deste País. Também destaque para os antigos elementos que participaram nesta corrida de forma bastante activa, intervindo sempre em quase todas as pegas; também o silêncio na altura das pegas foi enorme nesta noite, sinónimo de grande respeito e admiração por quem de forma puramente romântica executa essa nobre arte de pegar toiros; de peito aberto citando e abraçando esse nobre e belo animal que é o toiro bravo. Resta-me desejar ao Francisco a maior sorte; e que o seu Grupo nos continue a proporcionar tardes e noites como as de hoje.

A cavalo, Joaquim Bastinhas teve alegre e metidíssimo com o respeitável como é seu timbre; tem uma lide de garra que espevitou as bancadas, com destaque para o tradicional par de bandarilhas, colocado por dentro em terrenos de compromisso; apeou-se e recebeu os primeiros fortes aplausos da noite.

Rui Salvador veio a Portalegre para uma lide bem conseguida que veio de menos a mais, chegando forte ao público na parte final da lide, fruto do seu toureio de querer e de verdade.

Depois da porta grande de Lisboa, Luís Rouxinol não deixou os seus créditos por mãos alheias, e pudemos ver uma lide muito interessante; sacou o cavalo estrela; “Ulisses” (Prémio APSL melhor lusitano de toureio 2010) e com ele vimos excelentes momentos de brega e remate das sortes; termina com o inconfundível par de bandarilhas a duas mãos e debaixo de fortes aplausos.

Sónia Matias teve uma lide muito correcta, chegando bastante ao público; na parte final veio a exuberância do “Atrevido” para rematar uma boa lide mas desta vez não teve o resultado pleno, muito por motivo da colocação da ferragem.

João Moura Caetano não teve toiro esta noite, e quando assim é nada há a fazer; um manso perdido que não ajudou em nada o cavaleiro; ao contrário de todos os seus colegas, João não deu volta de agradecimento.

O praticante João Maria Branco apresentou-se mais maduro e com a garra e saber que já o caracterizam; foi aquele que arriscou mais recebendo logo o seu oponente á porta gaiola, deixou um vibrante ferro comprido; experimentou vários terrenos e deixou ferros de grande nota; o público pediu-lhe mais um que é cravado aguentando uma enormidade a investida e que resultou num grande ferro, o que fez com que a corrida tivesse assim terminado da melhor e mais emocionante forma.

Os toiros de António Silva, algarismo oito, estavam bem apresentados e tiveram comportamento desigual com alguns a descaírem para tábuas, mas cumprindo de uma forma generalizada com excepção para o lidado em quinto lugar (desta vez mau); todos eles chegaram com enorme investida e vontade na altura da pegas, o que contribuiu também para que uma noite que era e foi da forcadagem tivesse sido de glória.

O público que preenchia mais de três quartos de casa saiu satisfeito desta agradável corrida.

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