quarta-feira, 23 de junho de 2010

Morante encanta Badajoz

A um artista tudo se permite. Morante trata sublimemente o aficionado: se não tem nada de bom para lhe oferecer, pois também não o aborrece, foi isso que fez no seu primeiro toiro;

o aficionado conhecedor dos artistas, e acima de tudo conhecedor e seguidor de Morante desculpa e tolera tudo isso, pois sabe que o génio carregado de essências no seu intimo está ansioso de deixar o seu belo perfume a todo e qualquer momento.

Começa no seu segundo com verónicas de classe e temple sublime, quite por chicuelinas alegres e emocionantes, fixa-se nos médios para séries intermináveis, muletazos com cadência e temple de arte, de artista, Morantista. Que difícil é descrever emoções a preto e branco….

Falha com a espada e com o descabelho tomba á segunda, corta uma orelha que podiam ter sido duas, ou até duas e rabo; que importa isso a um artista? E que importa isso a quem desfrutou da Sua Arte??

El Fandi está mais toureiro, mais maduro, no primeiro soube aproveitar a cadencia do toiro de forma inteligente, tirou o que tinha para tirar, e depois de brilhar como sempre em bandarilhas, na muleta deixou ares de bom toureiro e corta uma merecida orelha; no seu segundo não teve sorte pois o toiro rapidamente esgotou, aliado á pouca classe que tinha, nada houve a fazer pela parte do toureiro.

José Maria Manzanares teve uma faena valorosa no primeiro, uma faena larga e entretida provando sempre as duas mãos com profundidade, aproveitou as investidas do oponente com toreria, bastante confiado e arrojado conseguiu chegar de forma emocionante ao público, que lhe tributou uma orelha e pediu sem sucesso a segunda. No seu segundo Manzanares apesar da grande entrega nada havia a fazer perante a escassa transmissão do toiro.

Os toiros de Juan Pedro Domeq cumpriram na generalidade com destaque para o segundo do lote de Morante que foi um toiro com que todos os toureiros sonham, e que alguns encontram.

O público compareceu com meia casa preenchida, hoje sim com a presença de muitos aficionados Portugueses, o sol praticamente vazio; que pena essa maldita CRISE agora ter-se tornado também aficionada, ocupa bastantes lugares, e assim deixa de fora milhares de aficionados.

Dedicada a Victor Puerto, e mudando atrevidamente da minha parte Guadalquivir por Guadiana vos deixo o seguinte verso para a Faena de Morante:

“El rio Guadiana

Pasa llorando com pena

Porque passando tan cerca

No pudo ver la faena”


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