sexta-feira, 4 de junho de 2010

Outra ponta do Iceberg “Murube”!!


Como festa que é, de festa se pretendia, de festa se viveu, na comemoração dos 30 anos de alternativa de cavaleiro profissional de Paulo Caetano. Na passada quinta-feira e com casa cheia “à vista”, no Campo Pequeno.

O aniversariante foi homenageado por diversas entidades logo a seguir às cortesias e na arena. SRUCP, C.M.Portalegre, ambos os Grupos de Forcados Presentes, outras entidades, mas foi significativa a reacção do cavaleiro a uma em especial, a que lhe foi prestada pelo seu peão de confiança de muitos e muitos anos…sentiu-se muita cumplicidade no longo e forte abraço a António Badajoz e foi sem dúvida aquela a que Caetano deixou estalar a capa de circunstancia para vir o atributo humano do sentimento de companheirismo, amizade, reconhecimento, carinho, que deverá ser sempre o que… marca homens que partilham trajectórias como a que se assinalou. Nesta noite ali esteve ao lado de Caetano o popular Octávio, sempre expedito no que a um moço de estoques e motorista compete…como durante os 14 anos que acompanhou o chefe de fila.

Os toiros, ferrados com o sete, trazidos de Monforte de Guiomar C. Moura, foram as tourinhas ideais, cómodos, sem perigo, sem brilho e sem emoção. Mais uma mostra do Iceberg Murube onde parece ter “encalhado” o toureio a cavalo, verdadeiro gelo do calor da lide, da transmissão, do picante, do risco e do jogo de igual para igual, que dá e faz as verdadeiras figuras, ao invés das figurinhas de época !!

Por tudo isto e não só, a noite estava de feição, mas Caetano não quis deixar créditos por mãos alheias, puxou do seu orgulho e respeito pela profissão, não caiu no facilitismo nem no estado de graça. Trinta anos de alternativa no topo não são fruto do acaso. Foi conforme os livros que lidou o Guiomar (parceiro de dança á medida em comodidade e bondade, até demais, pois podia ter ajudado mais o triunfo). Respeitou o Campo Pequeno ao empenhar-se em ir de frente, com temple , domínio das montadas e sem pressa em fazer acontecer. Deixou fluir o momento e por instantes sentiu-se que estava a desfrutar, a recordar e quiçá equacionar voltar mais vezes. Foi uma boa lide, bonita e que chegou ao público com impacto. É já um momento alto de 2010.

Os Amadores de Santarém estiveram mal a ajudar, mostraram pouca decisão num toiro cómodo e de viagem moderada. “Obrigaram” Diogo Sepúlveda a fazer duas tentativas.

Joaquim Bastinhas no seu melhor estilo, confiado e a adaptar-se rapidamente ao manso que queria tábuas, contrariou-o sempre e esteve aí a chave de um êxito ao seu melhor estilo, comunicativo, alegre e de euforia geral nas bancadas. Fez a sua parte ao emprestar brilho á noite. Destacamos o primeiro comprido de praça-a-praça com poderio e domínio. Êxito grande com marca própria.

Luís Real na primeira tentativa recebeu mal, emendou na segunda e concretizou pega sem grande história, por falta de transmissão do toiro, para os Amadores de Portalegre.

Moura Caetano empenhou-se em ajudar á festa do Patriarca e conseguiu-o. Assinou actuação de bom nível, com serie de curtos cravados em pouco espaço e com mando, ante um comodíssimo e inofensivo pupilo de sua Avó. Fez o que quis e com a ajuda preciosa do Passapé triunfou com força, no Campo Pequeno.

Gonçalo Veloso (Santarém) puxou da experiencia e fez um pega com cite floreado, a chegar-se à bancada como bem sabe fazer, que acabou por ser mais complexa pela repetição de falta de ajudas, indo a tábuas e voltando com vontade de lá ficar. Não era toiro para tanto, muito menos para a 2ª. Volta que o público exigiu e que estamos em crer, só foi dada por respeito. Não desluziria o simples agradecimento nos médios em vez da mesma.

Marcos Bastinhas teve dificuldade em entender as distancias do seu novilho-toiro, sem ser claro no momento do ferro, obrigou o cavaleiro a muitas contas de cabeça. Este decifrou o enigma por altura do terceiro curto, confiou-se e a lide veio para cima com mais dois de boa execução. Teria terminado bem se não tem deixado um palmo pescadissimo e a silhas passadíssimas.

Floreado tambem o cite de largo de Francisco Peralta a aproveitar a facilidade do que lhe calhou, recebeu-o já quase dentro do Grupo de Portalegre que saltou ao toiro, com facilidade e domínio à primeira.

Ambas as lides a duo se pautaram pelo empenho dos intervenientes em não cair na monotonia e em aproveitar os ressaltos e conferir dinâmica. Foi conseguido sobretudo na dos Bastinhas com Marcos a ter dois belíssimos violinos, no maior e mais complicado toiro do encierro. Todos tiveram boas execuções pontuais, mas as lides no global resultaram sem grande história, algo que esta modalidade só em raras ocasiões poderá ter. Nota para o aceno de simpatia dos Caetanos ao brindarem a todos os intervenientes no espectáculo, forcados incluídos.

Antonio Grave em mais um cite floreado de largo, mandou vir e recebeu quase de estaca o quinto á primeira, que parou encostado a tábuas, encerrando uma actuação para muita reflexão, ás portas da feira de Santarém, por parte dos rapazes escalabitanos.

Os Amadores de Portalegre ante o toiro maior mas nem por isso mais complicado que os outros, esteve mal ora por falta de decisão dos caras em ficar no toiro, ora por falta de ajudas com coesão e nos pitons do toiro, ao invés de se agarrarem uns aos outros e caírem em dominó (algo muito frequente actualmente nos ajudas e sem explicação, quando a tarefa se complica). Ricardo Almeida resolveu depois de dobrar Nelson Nabiça, totalizando cinco tentativas.

José Tinoca dirigiu corrida fácil, com a Banda da S.P.L. Samouquense e a dupla Alcachão e Simões a emprestarem o seu habitual brilho pelo trabalho realizado.

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