terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vasco Pinto - Entrevista

Os Amadores de Alcochete foram uma das referências no seio da forcadagem esta temporada.
O Sol e Sombra foi ao encontro do cabo desta agremiação Vasco Pinto para falar sobre isso e muito mais.

Entrevista efectuada em 18 de Novembro de 2010

Vasco, como lhe surgiu o gosto pelos toiros e pela forcadagem?
Quem vive em Alcochete é difícil não gostar de tauromaquia e da arte de pegar toiros. Eu não fujo à regra, até porque toda a minha família este sempre ligada aos forcados e aos dois grupos da terra. Penso que o meu gosto pelos forcados surgiu essencial mente por acompanhar o meu pai e o meu tio Francisco nas corridas do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete
Quando e onde se fardou pela primeira vez?
Fadei-me pela primeira vez com o Grupo “sénior” no ano de 1998 em Abiúl.
Quando se tornou forcado, alguma vez lhe passou pela cabeça um dia vir a ser cabo dos Amadores de Alcochete?
Sempre tive consciência que um dia poderia vir a ser cabo do Grupo, até porque na adolescência era cabo do Grupo de Juvenis, mas quando comecei no Grupo o meu único objectivo era servi-lo da melhor forma possível e ter gosto naquilo que fazia independentemente da função exercida.
É cabo desde o dia 1 de Julho de 2007, tendo ir ocupar o lugar deixado pelo João Pedro Bolota, que foi um grande forcado, sentiu a responsabilidade ou já vinha sendo preparado para ocupar o lugar?
Houve o cuidado da parte do João em preparar-me para a função, mas por mais que sintas que estás preparado nunca o estás… Penso que senti imenso a responsabilidade de ser cabo, por tudo o que o Grupo representa para mim, mas felizmente toda a “família” dos Amadores de Alcochete ajudou-me sempre.
Os Amadores de Alcochete têm sido ao longo dos anos vítimas de alguns acidentes, como se sente nessas alturas, como o caso que aconteceu na última corrida da temporada no Redondo onde mais uma vez por culpa das banderilhas um dos seus homens, o Hugo Silva poderia ter ficado lesionado gravemente?
Infelizmente a história deste Grupo está repleta de trágicos acontecimentos. O que aconteceu com o Hugo poderia ter sido mais um desses momentos, mas graça a Deus não passou de um enorme susto. Nessas alturas sentimo-nos impotentes para alterar o quer que seja e emerge uma grande revolta por ainda não terem sido implementadas as banderilhas de segurança.
Qual a sua opinião e que força tem feito para que as banderilhas e ferros compridos sejam impostos nas corridas?
Julgo imperativo que as novas banderilhas sejam obrigatórias em espectáculos onde actuem Grupos de Forcados, se existe a possibilidade de reduzir o risco de lesões causadas pelas banderilhas não vejo justificação para que isso não aconteça. Tenho expresso a minha opinião e preocupação junto da Direcção da ANGF e tomarei a minha decisão em sede própria caso não seja tomada um posição forte.
Segundo consegui saber e já assisti pessoalmente a alguns casos quando os emboladores usam ferragem de segurança, alguns cavaleiros optam por trazer a sua própria ferragem de casa, estando-se borrifando para a segurança dos forcados, que pode um cabo de um grupo de forcados fazer para impedir tal situação?
Qualquer que seja a decisão a tomar, não pode ser feita de forma individual e sim através da ANGF. Na última assembleia foi ponderada essa hipótese e caso isso aconteça, nos espectáculos seguintes que esse cavaleiro actue os Grupos Associados não actuam.
E a Associação de Forcados, qual é a posição que tem em relação a este assunto?
Tem a posição que mencionei anteriormente e que foi revelada pela publicação da acta dessa Assembleia-geral.
Qual a pega que lhe deu mais prazer a pegar esta temporada?
Em Alcochete, porque é a minha terra e tratava-se de uma das Corridas mais importante na nossa temporada.
O grupo está consolidado com bons elementos já com alguma experiência como é o caso do Vinagre, do Nuno Santana, do João Loia Rei e do Daniel Silva apenas para referis alguns, mas é sempre preciso ir refrescando com sangue novo, quais as suas apostas a lançar já na próxima temporada?
Felizmente há muito valor no Grupo, sem desprimor para ninguém, a esses nomes juntaria o André Pinto Tavares, elemento preponderante na coesão do Grupo a ajudar os toiros. Para o próximo ano espero que miúdos como o Pedro Belmonte, Hugo Silva, Pedro Viegas e Joaquim Quintela possam dar mais um passo em frente, mas certamente muitos outros valores terão a oportunidade de crescer.
Em Alcochete a juventude é muito aficionada, que conselhos daria para quem esteja interessado em experimentar a arte de ser forcado?
O principal conselho é que se entreguem de corpo e alma a uma actividade que nos dá lições para o resto da vida, que é dura, mas que através da qual estabelecemos relações de amizade muito fortes.
A temporada de 2010 que terminou agora, pode-se dizer que foi uma das mais brilhantes nos últimos anos para os Amadores, estando aí as nomeações para alguns dos mais prestigiados prémios para comprovar o sucesso, está nomeado para o melhor forcado no Campo Pequeno, e já ter ganho o prémio para melhor forcado na Palha Blanco entre outros, com que sensação ficou desta temporada?
Fico com a sensação de orgulho e dever cumprido, porque representámos o nosso Grupo, Terra e País da melhor forma pelas Praças onde passámos.
Esta temporada actuaram em cerca de 31 espectáculos, não querendo tirar o mérito ao grupo, ter dois ex-cabos como são o Néné e o Bolota que entre os dois controlam cerca de 10 praças de toiros, acaba por facilitar a sua vida, sente-se um privilegiado?
É um facto que facilita a tarefa de conseguirmos efectuar tantas corridas e sinto-me privilegiado por isso, mas se o Grupo não tivesse o valor que tem nunca conseguiria corresponder da forma como o fez a tantas Corridas. São pessoas que representam muito para mim e para o Grupo, por tudo o que deram e continuam a dar. Pessoalmente sinto-me agradecido por poder contar com a presença assídua do João junto de mim e do Grupo, o que trás a todos nós uma maior estabilidade e segurança.
Para quando o começo da preparação da nova temporada?
A nova temporada começa a ser planeada a partir do momento que fazemos uma análise à época que findou. Mas os treinos e toda a preparação no campo terá início em finais de Janeiro.

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